O Software Topográfico Como Ferramenta de Integração

Cada vez mais os sistemas de Automação Topográfica se integram com outras geotecnologias. Isto faz com que os profissionais de topografia possam utilizar outros sistemas complementares que possibilitam a adequação de seus trabalhos às necessidades de cada projeto. Como exemplo principal podemos citar o uso de fotos aéreas nos softwares topográficos. Com base em imagens digitalizadas poderão ser delimitadas áreas para parcelamento ou apresentação de estudos que demandam descrições e características completas do local listadas em memoriais descritivos. O processo tradicional para geração dessa documentação é definido pela ligação dos pontos processados no software topográfico oriundos de levantamentos realizados por estação total ou GPS.
e também uma outra necessidade no software, que seria a integração com banco de dados de informações ao sistema CAD. Nessa situação, com um simples comando, poderão ser acessadas informações e pesquisas adicionais sobre um determinado local ou ponto notável da área em estudo.

Definição do perímetro

Para o traçado do perímetro a ser calculado será definida primeiramente a base para o ajuste da escala do produto final (foto digitalizada) que é feito por Restituição Convencional ou por Ortofoto Digital. Em seguida são descritos os dois processos.

No caso da restituição convencional, definem-se as principais características relacionadas a escala do vôo e escala do produto final (restituição) de acordo com o tipo de projeto e a precisão estimada. Por exemplo, um vôo 1:8.000 pode gerar uma restituição na escala 1:2.000, suficiente para desenvolvimento de um cadastro confiável em determinada região. No caso de uma restituição convencional, a sobreposição suficiente entre fotos é de 60%.

Durante o processo de restituição, o referencial não é tomado no Sistema UTM, pois a conversão de coordenadas para um Sistema Local geralmente acarreta problemas devido à complexidade do processo para o cálculo. Assim, é definido já na restituição o referencial no Sistema Local, evitando problemas.

Também durante o processo de restituição são implantados marcos intervisíveis, que serão utilizados em campo como estações, de onde serão irradiados os pontos de locação. O número de marcos implantados, com coordenadas locais, dependerá da área de extensão do projeto (no mínimo quatro marcos).

Com a base cartográfica pronta em arquivo de desenho (LTM), o cálculo de coordenadas dos pontos utilizados na locação é efetuado no software topográfico e sobre ela é feito o traçado dos perímetros necessários para o cálculo de áreas. Finalmente são feitas a análise e as correções necessárias no modelo digital do terreno, gerado de acordo com as coordenadas dos pontos calculados.

No caso da ortofoto digital, além das características ligadas à escala do vôo, deve-se prever tomada de fotos com uma base menor (distância entre tomadas), de modo que haja uma superposição lateral entre fotos igual ou superior a 80%.

A escanerização dos diapositivos é feita em um equipamento de alta resolução, onde também é feita a orientação interior do modelo (caso não exista o DTM – Modelo Digital do Terreno restituído). Com as fotos digitalizadas e orientadas é feita a orientação absoluta e gerada a ortofotocarta correspondente à região, que pode ser importada para o software de desenho onde a área será definida e calculada.

Atualmente, a ortofotocarta é a base mais utilizada para o traçado de perímetros e cálculos de áreas, oferecendo a vantagem da riqueza nos detalhes (traçado sobre a imagem), minimizando os trabalhos de restituição (onde serão necessários apenas a altimetria), mas com a desvantagem de resultar em arquivos mais pesados.

Interface
A integração feita pelo software topográfico pode ser estabelecida desde que ele suporte os tipos mencionados de imagens, interfaces com bancos de dados externos ou até mesmo que seja aplicativo de uma plataforma de desenho com essas características.

É imprescindível que essas ferramentas façam com que o profissional da topografia seja inserido em qualquer processo de levantamento e processamento participando das fases competentes, se integrando com as tecnologias que o cercam, tendo assim melhores recursos para gerenciamento de dados da área levantada.

O autor agradece a colaboração da engenheira cartógrafa Evandra A. Lopes, sem a qual este artigo não teria sido possível.

Fernando César Ribeiro é engenheiro civil e consultor técnico da Manfra & Cia Ltda (PR) e-mail:fcribeiro@manfra.com.br