O Brasil possui hoje mais de 5.500 prefeituras. Sabe-se que mundialmente um dos melhores mercados de aplicações das geotecnologias é a área municipal. A questão é saber se mesmo num país em desenvolvimento como o nosso existem soluções ao alcance de prefeituras de pequeno e médio porte, que na verdade representam mais de 90 % do total.

É óbvio que para qualquer análise desse tipo que se vá fazer é preciso lembrar que existem casos excepcionais. Há municípios que realmente hoje nem se sabe porque foram criados, ou que não oferecem condições mínimas de sobrevivência para sua população. Mas, mesmo sem contar as grandes cidades (que têm obrigação de investir nos sistemas de informações geográficas), existem muitos municípios que com certeza tirariam muito proveito investindo na geoinformação. Na verdade, acredito que sejam centenas de cidades, que poderiam se beneficiar com o geo, seja na área de arrecadação, na infra-estrutura ou no planejamento.

Mas então porque este setor do mercado ainda não comprou esta idéia. Justamente porque ela não foi bem vendida. Sobram vendedores, mas faltam produtos atraentes e, em alguns casos, honestos e adequados para cada realidade específica. Muitas vezes o que se faz é tentar vender carros com tração nas quatro rodas para municípios onde só existem estradas ótimas e oferecer carros populares para levar alunos para as escolas em áreas rurais, por estradas quase sempre intransitáveis.

Sem entrar nas questões clássicas (descontinuidade admnistrativa, despreparo da equipe técnica municipal e falta de conhecimento generalizado sobre as geotecnologias), a questão mais importante é a falta de capacidade do setor privado de propor soluções simples, claras e criativas. A ordem deveria ser: Vamos adaptar nossos produtos às necessidades do mercado consumidor. Seguindo uma lei básica de comércio, se há potenciais consumidores no mercado temos que criar produtos para atender esta demanda.

Nesta edição de infoGEO, apresentamos algumas experiências de prefeituras de diferentes perfis. De Gavião Peixoto, com apenas 5.000 habitantes a Santo André, com mais de 600 mil, as soluções existem. Cada uma vem enfrentando dificuldades, mas com competência, determinação e muita criatividade vem superando barreiras e atingindo seus objetivos.

Considerando a importância deste tema, infoGEO em futuras edições pretende pressionar o setor produtivo a propor soluções para atender melhor este segmento do mercado. Especificamente na área de formação da base de dados (uma das etapas mais caras do processo) estamos lançando um desafio.
Vamos propor modelos de cidades de diferentes características (habitantes, área, relevo,…) e convidar empresas preferencialmente representadas por suas associações para apresentar uma proposta de solução, envolvendo custos, prazos e metodologias. As propostas que recebermos serão analisadas e publicadas nos próximos números de infoGEO. Até as instituições de ensino poderão participar, propondo novas metodologias.

Com certeza, poderemos auxiliar o mercado a se indagar mais sobre como diferenciar mapeamento alternativo de picaretagem, descobrir que nem sempre o mapeamento ou cadastramento precisa envolver um grande número de níveis (layers), ou entender como os levantamentos com GPS e estações totais podem substituir ou complementar outras formas de mapeamento.

Novo projeto gráfico: após avaliações internas e sugestões dos leitores e colaboradores, estamos apresentando a partir desta edição o novo visual de infoGEO. A idéia é tornar a leitura mais confortável, diminuindo as cores das matérias e artigos, dando um toque de sobriedade à revista. A troca do tipo de papel procura aumentar o brilho dos destaques editoriais da publicação sem competir com anúncios.

Reforço da Equipe Editorial: A partir desta edição, infoGEO conta com o trabalho da jornalista Deise Roza, que junto com
Rogerio Galindo forma a equipe de jornalismo da revista. O ganho editorial é a possibilidade de produção de mais matérias exclusivas, procurando trazer para o leitor temas importantes (como o lançamento do CBERS) numa linguagem acessível aos usuários de geotecnologias em geral. O leitor poderá sentir a mudança também no novo projeto editorial, que guiará a produção de infoGEO a partir do próximo número.

Publique em infoGEO: A revista abre espaço editorial para a publicação de artigos técnicos, relato de experiências e opiniões de técnicos e usuários do setor. Se você deseja colaborar e divulgar seus trabalhos, entre em contato conosco. Caso a idéia se enquadre em nossa linha editorial, você terá todo nosso apoio para produzir seu artigo para publicação na infoGEO.

Emerson Zanon Granemann é engenheiro cartógrafo e diretor técnico da infoGEO. emerson@infogeo.com.br