Wagner Pacífico é graduado em publicidade e propaganda pela Metodista, com especialização em marketing quantitativo pela FGV. É gerente de marketing e diretor de mobilidade da Multispectral.
 
InfoGEO: Quais seriam, hoje, as alternativas de baixo custo para mapeamento a nível municipal?

Wagner Pacífico: A aerofotogrametria apresenta um custo realmente acessível nos dias de hoje. Uma cidade com área urbana em torno de 50 km2, o aerolevantamento gira em torno do valor de uma carta convite de engenharia. Além da produção de um mapeamento de precisão, o município necessita de um sistema GIS, que lhe permita integrar seus bancos de dados espacialmente e que lhe dê ferramentas para interagir com o mapa, como medir lotes e planejar serviços públicos. A Multispectral desenvolveu e mantém um sistema GIS barato e fácil de usar, sendo atualmente a alternativa de menor custo do mercado. O sistema Geoportal custa 6 mil reais por mês para uma Prefeitura com área urbana em torno de 50 km2.

IG: Qual a melhor escala para mapeamento de áreas urbanas?

WP: Os levantamentos para fins de cadastro, que tratam-se da finalidade mais importante de GIS Municipais, exigem uma precisão de pelo menos 20 cm. Hoje apenas a aerofotogrametria pode alcançar tal precisão. O satélite mais preciso na atualidade fornece imagens pancromáticas com 46 cm de pixel.

IG: A Multispectral já dispõe de quantas cidades mapeadas? Qual a resolução espacial média e a data aproximada dessas imagens?

WP: A Multispectral foi a primeira empresa do Brasil a fazer mapas inteligentes, ou seja, que permitem a localização de endereços e a criação de rotas, e hoje possui mais de 2,7 mil cidades mapeadas, o que corresponde a mais de 80% da população brasileira. Pelo menos 2,4 mil dessas possuem erro máximo de 20 m. Mais de 400 foram produzidas a partir de imagens do nosso próprio avião, e apresentam erro máximo de 0,3 m.

IG: A aerofotogrametria é superior às imagens de satélites em que áreas?

WP: Em projetos que se exige precisão maior que 46 cm, a aerofotogrametria é a única solução. Em projetos que exigem menos precisão, a imagem de catálogo (não tão recente), tanto de satélite quanto de aerofotogrametria, é a solução mais barata. Em projetos que exigem precisão e atualização, quando é necessário obter imagens sob demanda, as imagens de satélite chegam a ser quatro vezes mais caras que a aerofotogrametria. Isso só não se aplica a grandes áreas, onde as imagens de satélite são a melhor opção, pois apresentam grande cobertura atualizada frequentemente. Muitas vezes, o melhor é combinar o uso de imagens de satélite e aerotofogrametria.

IG: A produção de modelos digitais de terreno e ortofotos volumétricas são exemplos de produtos obtidos com fotos aéreas. As imagens de satélites podem gerar produtos semelhantes?

WP: As imagens de satélite (únicas) não geram modelos digitais de terreno, somente as imagens captadas em pares sobrepostos possuem essa opção, que deve ser programada. Sem o par estéreo e possibilidade de aquisição do DEM , as imagens simples necessitam de um modelo digital de terreno, gerado por aerofotogrametria, laser, radar ou até outros satélites. Ou seja, em aerofotogrametria é possível se obter todos os produtos a partir de um único fluxo de trabalho, enquanto no caso de imagens de satélite a matéria prima para esses produtos deve ser agregada de diferentes sensores. O correto nesses casos seria considerar a comparação dos produtos de aerofotogrametria (custo) com a soma do par-estéreo de imagens do satélite, apoio de campo, DEM na resolução necessária e processamento, até se obter os mesmos produtos entregues por aerolevantamento. O que ocorre é que muitas vezes se compara erroneamente o custo dos produtos finais de aerolevantamento com apenas o custo de uma única imagem de satélite.

IG: Além do uso por prefeituras, quais as aplicações mais promissoras das fotos aéreas?

WP: As fotos aéreas também são muito utilizadas em sistemas webmap, como o Geoportal e o Google Maps, pois para aplicações de internet, monitoramento de veículos e muitas outras aplicações, as imagens de aerofotogrametria e de satélite são similares. Assim como a atualização de mapas para GPS, que pode ser feita igualmente com imagens dos dois tipos. Mas a aplicação mais promissora para fotos aéreas deve ser o mapa em 3D, que hoje pode ser feito automaticamente com poucos recursos.