Existe uma geografia da Internet?

Quem alguma vez já tentou imaginar um mapa da Internet não pode deixar de conhecer as informações que Fred Fonseca fornece sobre o assunto em sua coluna.

Comecei o trabalho de pesquisa para esta coluna procurando na Internet o trabalho Mapping the Geography of Cyberspace Using Telecommunications Infrastructure Information. G. Cai, S. Hirtle, J. Williams, University of Pittsburgh, USA. O professor Cai me enviou um e-mail com o trabalho anexado, mas fez como é um hábito de muita gente: mandou o e-mail avisando que o trabalho estava indo junto, mas se esqueceu de enviar o trabalho.Bem, enquanto procurava o trabalho do professor Cai, acabei achando um sítio interessantíssimo: a lista da geografia do espaço cibernético (http://www.geog.ucl.ac.uk/casa/martin/geography_of_cyberspace.html). Ele contém uma lista de artigos e sítios discutindo a geografia da Internet (é em inglês).

A Internet tem uma descrição geográfica? Nós podemos ver a distribuição espacial da Internet? De um lado podemos dizer que a Internet veio justamente para derrubar barreiras geográficas, principalmente com relação à distância. Com uma boa conexão um usuário pode, através da Internet, transferir um artigo em segundos mesmo estando separado do autor do trabalho por milhares de quilômetros. Mas, ao mesmo tempo, um mapa da distribuição dos pontos de conexão à Internet no mundo é muito útil. Seja para análise de fluxo de tráfego de informações, seja para saber quem é o intruso que está tentando entrar agora em seu sistema.

Mas, voltando ao nosso sítio, logo na introdução ele nos remete a um atlas do mundo cibernético, um retrato geográfico da Internet. As imagens são maravilhosas e nos mostram mais uma vez o poder de comunicação dos mapas. Esta capacidade de lidar facilmente com imagens é um dos fatores que provocou esta explosão do uso da Internet hoje e também está promovendo cada vez mais o uso de sistemas de informação geográficos. Neste sítio, podemos ver imagens artísticas conceituais e geográficas da Internet. Vá direto nas imagens geográficas que vale a pena. E se dê ao trabalho de olhar todas as imagens até o final da página porque as surpresas vão até o final. Um prato cheio para quem gosta de Internet e mapas.
Para complementar vá no sítio da RNP (http://www.rnp.br/backbone/bkb-mapa.html) e veja o mapa das linhas básicas de conexão no Brasil. Neste endereço você também vai poder saber mais sobre a Rede Nacional de Pesquisa, que atua desde 1991 no desenvolvimento da tecnologia Internet no Brasil e interliga a comunidade acadêmica.

Mas, voltemos ao ponto de partida de nossa coluna, o artigo do professor Guoray Cai. O artigo discute a diferença entre a geografia tradicional e a geografia de uma rede mundial como a Internet. Discute também como, nesta nova geografia, conceitos tradicionais como "vizinho", "distância" e "conectividade" assumem novos sentidos. Esse trabalho foi apresentado no FIRST INTERNATIONAL WORKSHOP ON TELEGEOPROCESSING (Primeiro Workshop Internacional em Telegeoprocessamento), na cidade francesa de Lyon, em maio de 99. Um dos pontos importantes apresentados no artigo é a discussão da importância da geografia nas diferentes camadas da Internet, como mostra a tabela:

Tabela adaptada do artigo de G. Cai et al.

Bem, o assunto desta coluna de hoje nos levou a refletir sobre a importância relativa de nossa localização geográfica enquanto navegamos na Internet.

Frederico Fonseca é engenheiro mecânico, tecnólogo em Processamento de Dados e mestre em Administração Pública. Participa da equipe de geoprocessamento da Prodabel, responsável pela implantação do GIS da Prefeitura de Belo Horizonte. Atualmente cursa doutorado na Universidade do Maine. email: fred@spatial.maine.edu