Na empresa em que trabalho fazemos levantamento de áreas com o GPS topográfico da Trimble PRO XR, usando duas opções: Ora conectado a um rádio farol(Tempo real), ora pós processado (Base). Com a eliminação do erro na emissão do sinal do GPS, quando nós podemos deixar de usar esses dois métodos citados e levantar áreas com apenas o sinal do satélite? Teríamos a mesma precisão nos dados? Outra questão é: Meu GPS 12XL de navegação teria também a mesma precisão que um GPS topográfico? Eu poderia então passar a levantar dados planimétricos com o mesmo?

Lindinaldo Schramm – Analista SIG Geoprocessamento – Bahia Sul Celulose SA
E-mail: lindinaldo@bahiasul.com.br

Resposta do colunista de Agrimensura Régis Bueno:
Primeira questão: O uso do posicionamento absoluto não é conveniente na maioria dos casos de topografia. O erro esperado é da ordem de 30 m com 95% de confiança. Os valores que o equipamento mostra, em uma série de determinações, e que parece um erro pequeno, pode ser somente a precisão das leituras, ou seja uma medida da dispersão. Há pouca probabilidade das posições terem erro menor do que 5 m.

Segunda questão: No modo absoluto é muito pouco provável, pois os erros dependentes dos satélites e do meio seriam os mesmos; é normal que o receptor de navegação tenha erros maiores devido à sua eletrônica. Mesmo corrigindo os dados do 12XL ele não teria a precisão do Pro XR, com a base fixa ( pós – processado) por que os sinais observáveis são diferentes, neste caso. Com o rádiofarol ainda há o problema da distância (decorrelação espacial) a qual geralmente é maior devido à localização da base.

Agrimensura sem voz
Dizer que o Brasil não tem uma cultura geodésica já se tornou redundante no jargão de Engenheiros Agrimensores de todo país, mas o nível de desconhecimento apresentado por alguns órgãos públicos em relação a essa área chega a ser ridículo.

Houve uma seleção em São Paulo para dois cargos públicos; um para Analista de Legislação Agrária com curso superior completo em Direito e outro para Mediador de Conflitos Fundiários com curso superior completo em Geografia, Ciências Sociais, História, Direito, Serviço Social, Economia, Psicologia ou Engenharia Agronômica. Em nenhum dos casos foi citado o Engenheiro Agrimensor, com ampla formação em agrimensura legal, avaliação e perícias, cadastro técnico, além de estar acostumado com todas as questões de delimitação e demarcação de terras, instigadora da grande maioria dos conflitos fundiários.

Um fato muito importante provoca o isolamento cultural do Agrimensor, pois todos os cursos que formam este profissional no estado de São Paulo são particulares e não possuem a tradição acadêmica ostentada pelas universidades estaduais – diga-se de passagem: "80% dos cursos universitários do estado, maior contingente universitário do país, são particulares".

Mas, em cada município paulista há, no mínimo, um escritório especializado em agrimensura e no mais distante recanto do Brasil é possível encontrar empresas desenvolvendo serviços de mensuração, desde os mais elementares até os mais complexos e elaborados, então, não pode ser admissível o preconceito, nos meios públicos e acadêmicos, contra estes profissionais, porque são parte integrante da história e propulsores do desenvolvimento.


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