por Cassio Fernando Rossetto

Como a monitoração de veículos, aliada às Geotecnologias, permite melhorar a qualidade e eficiência dos transportes de qualquer natureza.

Um executivo em viagem solicita, via serviço Wap do celular, um táxi para levá-lo ao aeroporto. Na solicitação, é informado que em dois minutos, um táxi que já está a caminho irá apanhá-lo. Ao tomar o táxi, o motorista lhe informa que o horário previsto para chegar ao aeroporto é 19h32min, pois o tráfego está complicado na cidade. Informa, também, o trajeto e que a extensão total é de 18 Km, devendo custar R$ 13,50. Durante o percurso, o motorista recebe uma mensagem da central solicitando utilizar a Avenida Perimetral, devido à ocorrência de um acidente grave no centro da cidade. Na central, um computador, recebe continuamente posicionamento dos veículos e informações dos embarques e desembarques de passageiros. Via Internet, recebe solicitações de transporte, localizando o veículo mais próximo disponível. O computador envia uma mensagem ao táxi, dos locais de origem e destino do passageiro e o melhor caminho no momento. A velocidade do veículo é calculada pelo sistema, alimentando o serviço de busca por melhores rotas.

Com a tecnologia disponível, isso não é ficção, mas apenas um exemplo de como a monitoração de veículos, aliada às geotecnologias permite melhorar a qualidade e eficiência dos transportes de qualquer natureza.

Quando se fala em monitoração ou rastreamento de veículo, principalmente no Brasil, o que vem à mente é a proteção contra roubos de veículos ou cargas, ou mesmo seqüestros. Hoje, na maioria dos casos, os sistemas são ofertados pela seguradora com vantagens nos seguros pagos, como um serviço de escolta eletrônica. Infelizmente, isto se deve ao fato das perdas por roubos de cargas, no Brasil, serem em torno de R$ 450 milhões anuais, e quase 15% dos gastos das transportadoras serem com segurança. Entretanto, estas tecnologias têm aplicações mais amplas do ponto de vista logístico, embora raramente exploradas, capazes de tornar os serviços mais eficientes.

Esta eficiência, principalmente na prestação de serviços e transporte de cargas é fundamental, tendo em vista que a principal barreira para adoção de tais sistemas está no investimento necessário para sua implantação e operação.

É bom lembrar que a atividade de transporte se diferencia de atividades econômicas convencionais por acontecer distribuída geograficamente, dificultando seu controle e gestão.

É importante, na necessidade de rastreamento de veículos (ou AVL – Automatic Vehicle Location), conhecer as tecnologias disponíveis, suas vantagens e desvantagens, sempre tendo em vista a aplicação fim. Isso parece óbvio, mas, a cada dia, o mercado é inundado por novas opções das mais variadas tecnologias, prometendo até o impossível. A tecnologia, muitas vezes, fascina, escondendo toda a necessidade de ajuste de processos, capacitação de equipe e providências, sem as quais é impossível alcançar os objetivos esperados.

Para análise de opções tecnológicas, é fundamental distinguir três componentes básicos do sistema de rastreamento:

Posicionamento, ou seja, a forma de localizar a unidade monitorada;
Comunicação, ou o meio pelo qual as posições e outros dados são transferidos entre a unidade e o centro de controle;
Gerenciamento de Informações, podendo ir desde a geração de mapas ou relatórios, até um sistema de gestão mais sofisticado e inteligente.

Em termos de posicionamento, embora o sistema mais difundido seja o GPS, existem outras opções, conforme mostra o Quadro 1.

Quadro 1 – Tecnologia de Posicionamento.

No registro de posicionamento, utiliza-se em geral um microcomputador de bordo ligado ao sistema de comunicação e eventuais sensores ou dispositivos de telecomandos que permitem obter dados e atuar, caso necessário.

Para transmissão de dados entre os veículos e o centro de controle, existem diferentes formas de comunicação sem fio:

Satélite Geo-estacionário, que apresenta maior cobertura, porém maior custo;
Satélites de Baixa Órbita, que ainda estão em fase de implantação, mas com vantagens de custo sobre os geoestacionários;
Rádio Freqüência, utilizado em áreas urbanas por necessitar de infra-estrutura, porém com custos mais acessíveis;
Telefone Celular, com abrangência cada vez maior, porém ainda não total, custo considerável e qualidade de comunicação variável;
Postos Fixos, ou balizas fixas em pontos estratégicos para monitoração não em tempo real.

Figura 1 – Exemplo de Sistema de Gerenciamento de Transporte (Sistema RotaCerta)

O componente mais importante, mas nem sempre bem avaliado, é o sistema de gerenciamento de informações, ou seja, o instrumento que efetivamente transforma os dados de rastreamento em informações para tomada de decisão, gestão dos recursos e medida de qualidade.

Nesta etapa entra em ação os sistemas GIS, mapas digitais e geoprocessamento, a fim de responder questões como: onde está o veículo? Ou onde ocorreu determinado evento? (através de superposição de coordenadas a um mapa georeferenciado)? Qual o trajeto percorrido?. Verificação de cerca eletrônica (áreas de restrição ou rotas predefinidas). Tudo isso, aliado a outros dados, como mensagens, registro de eventos, medidas de sensores e telecomandos, permitem o acompanhamento remoto de toda a operação do veículo ou equipe.

Nesta área, encontram-se desde sistemas simples de mapeamento de veículos, até sistemas conhecidos como TMS (Transportation Management Systems) ou ERP/T (Enterprise Resource Planning para Transporte) que gerenciam a programação, despacho e controle de serviços de transporte, visando integrar informações, com o objetivo de automação, otimização e produtividade nos processos.

Nestes sistemas, os recursos de superposição de informações geo-referenciadas e ferramentas como, buffer, distâncias, roteirização, busca espacial e geocodificação (localização de endereços), constituem recursos essenciais.

Embora possa ser inúmero o conjunto de aplicações possíveis da monitoração, podem ser citados, como exemplos:

Segurança de veículos, cargas ou pessoas;
Controle de qualidade dos serviços, indicadores de desempenho e controle gerencial;
Gestão dos recursos (veículos e pessoas) com melhor utilização de recursos de frota e equipes (Work Force Management);
Gerenciamento e fiscalização de serviços – irregularidades e emergência, incluindo serviços públicos como transporte coletivo ou coleta de lixo.

Os aprimoramentos tecnológicos e gerenciais recentes, aliados à exigência de eficiência e excelência em qualidade, impulsionada pela estabilidade econômica e globalização em que se insere o país, apontam para adoção destas inovações de modo mais efetivo e intenso. E, é só o começo…

Cassio Fernando Rossetto
LOGIT – Logística, Informática e Transportes Ltda. E-mail:
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