Empresa implanta GIS para melhor exercer o controle ambiental na área do Pólo Petroquímico de Camaçari

Por Sandra Solda

A Cetrel é a empresa responsável pela operação de todos os sistemas de proteção ambiental do Pólo Petroquímico de Camaçari, localizado na região metropolitana de Salvador-BA. É o maior complexo industrial integrado da América Latina, com 52 empresas instaladas e também o primeiro pólo industrial brasileiro a ser concebido e planejado com uma preocupação quanto aos impactos ambientais decorrentes de suas atividades.
Atuando num universo muito grande de informações, a Cetrel sentiu a necessidade de implementar um Sistema de Informações Geográficas, mais uma ferramenta de gestão. A empresa controla milhares de dados, uma quantidade enorme de informação, gerando dados não somente do Pólo de Camaçari, mas também de clientes externos. Esta foi uma solução em GIS, segundo a empresa, tinha que acontecer, foi feito todo um processo de conscientização na empresa até a concretização do GEOCetrel.

Geoinformação na Cetrel

A empresa há anos já vem usando em seus trabalhos a informação georreferenciada, logo já existe há muito tempo a cultura da geoinformação dentro da empresa. Desde 1995 a Cetrel já tem o georreferenciamento dos seus dados e em 1997 começaram a investir muito em informática visando a implantação, um dia, de um Sistema de Informações Geográficas. "O GIS não veio de agora, é um projeto antigo, de quase quatro anos. Desde 95 existe a idéia, mas foi em 1996/1997 que ficou mais clara e viável", declara Paulo Freire, engenheiro químico e ambiental da Cetrel e um dos coordenadores do GEOCetrel.

Segundo Paulo, se hoje a empresa não tem os dados georreferenciados, tanto a nível de informação como para os estudos, perde muito em conteúdo e capacidade de análise; este tipo de informação é fundamental para o meio ambiente.

Em 1999 a empresa já tinha um projeto básico do que seria o GIS na Cetrel, foi contratada uma empresa para isso, a Carta Consultoria, que realizou uma análise funcional e levantou todos os pontos, todas as informações também a nível de base cartográfica e fez um projeto bastante detalhado do que seria um GIS para a Cetrel.

Construção da Base Cartográfica

A base cartográfica da área de influência da Cetrel foi finalizada em novembro de 2000, ainda não propriamente para o GIS, mas para uso no Programa de Águas Subterrâneas. O vôo aerofotogramétrico foi realizado pela empresa curitibana Geofoto, na escala 1:15.000, em uma área de 359 km2. Foi feita a restituição na escala 1:5.000 em uma área de 57 km2 e ainda foi executado um mosaico semi-controlado da área recoberta na escala 1:15.000.

Segundo Dalmar José dos Santos, diretor técnico da Geofoto, o trabalho foi feito em 60 dias, com uma equipe de vôo e outra de apoio terrestre, além dos técnicos empenhados na aerotriangulação, restituição e edição do produto final.

"Mesmo a construção desta base ainda não sendo propriamente para o GIS, já estávamos pensando no sistema, ele foi construído para poder facilmente fazer esta interface com o sistema. Foram feitas as correções, depois jogadas para o CAD e posteriormente para o Banco de Dados", afirma Paulo. "Nós queríamos uma base muito boa, por isso investimos bastante no que seria a infra-estrutura do sistema, tanto na parte do levantamento aerofotogramétrico, como na parte do desenho das áreas, na ortocorreção das fotos, enfim a base foi onde tomamos cuidado no desenrolar do projeto", conta Raquel Kanbach, uma das coordenadoras do projeto e responsável pelo setor de Gestão da Informação na Cetrel.

Esta base cartográfica contém elementos como hidrografia, limites de clientes e vias de acesso de maneira a compor o cenário para análises visuais e espaciais.


Mosaico não controlado da área do Pólo, executado com vôo 1:15.000

Montagem do GIS

Em 2001, após algumas reuniões na Cetrel, decidiu-se que o fundamental para a empresa seria adotar um Sistema de Informações Geográficas com um software de média complexidade, que atendesse a natureza deste trabalho e permitisse que a empresa fosse aquirindo paulatinamente o conceito do GIS.

A criação e implementação do GIS na Cetrel foram realizadas pela GEMPI, empresa que atua nos segmentos de gestão empresarial e informática, englobando ainda a representação comercial de produtos de geoprocessamento. "A GEMPI foi a empresa que venceu a licitação numa seleção de 5 empresas; foi a proposta que nós consideramos que no conjunto atenderia melhor as nossas expectativas, os nossos prazos e os nossos desejos", comenta Paulo Freire, da Cetrel.

Ao adotar este sistema, a Cetrel já possuía sistemas legado que armazenavam dados em planilhas Excel e Banco de Dados Relacional Interbase, que realizavam o controle alfanumérico das informações utilizadas pelos diversos times de monitoramento.

Estas informações eram relativas a poços de águas subterrâneas( localização, dados amostrais, controle de clientes), fontes de emissão atmosférica(localização, características e dados amostrais), estações de monitoramento oceânico(localização e informações amostrais de campanhas) e fontes poluidoras(localização, diagnóstico, acompanhamento de ações e controle de clientes). Além disso, eram utilizados softwares de simulação especialistas, os quais geram gráficos e isolinhas como produtos de análises.

Segundo Maria Paula da Silva Casaroli, gerente de projetos da Gempi, "como um dos principais objetivos da Cetrel é a análise combinada entre as informações das diferentes equipes, que por sua vez se originam de diferentes aplicativos, a modelagem de dados para a aplicação GIS foi um dos fatores que exigiu bastante atenção de nossa parte, visto que o pré-requisito para o GIS foi a integração com os sistemas existentes".

Outra preocupação da Gempi com este projeto foi quanto à definição de uma interface que permitisse a flexibilidade para a incorporação de novas funcionalidades no dia-a-dia da Cetrel. Uma interface que oferecesse autonomia para os usuários mais experientes para a realização de análises mais sofisticadas e inclusão de informações adicionais e, ao mesmo tempo, permitisse a utilização por usuários com menos experiência.


Pólo Petroquímico de Camaçari

Solução GIS Cetrel – GeoCetrel

A empresa que desenvolveu este sistema, a GEMPI, trabalhou com uma equipe multidisciplinar, composta por analistas de sistemas, programadores, geógrafos e especialistas em dados. O resultado foi o desenvolvimento de uma aplicação cliente-servidor, com base de dados SQL Server 2000 e ArcSDE 8.1, com customizações em ArcView utilizando-se de ArcObjects e Visual Basic. Foi utilizado também o Crystal Reports para composição de relatórios pré-formatados. As conexões entre SQL Server e Interbase são realizadas através de ODBC.

O aplicativo GIS trabalha com o conceito de controle de Ambiente (GEOAMB) e Serviços (GEOSERV), o que permite a montagem de Menu de Opções dinâmicos, que se alteram no momento em que a aplicação é carregada, de acordo com o perfil do usuário, e que podem ser incrementadas à medida em que novas customizações (DLLs) são desenvolvidas.

Na customização do ArcView foram criadas opções de Menu de acordo com o tipo de serviço realizado pelas equipes, com rotinas de impressão, consulta e incorporação pré-programadas (ArcObjects, Visual Basic e Crystal Reports). Entretanto, as ferramentas nativas do ArcView ficam disponíveis para a realização de operações especializadas, análises e simulações mais sofisticadas como as disponibilizadas com o 3D Analyst e Spacial Analyst.

Quando o sistema começou a ser realizado, já tinha muita coisa organizada, e o grande desafio foi desenvolver este novo sistema de modo que ele operasse adaptando o que já existia na Cetrel. "Nós valorizamos muito esta base de dados, porque sentimos que se a base não estivesse bem íntegra, sólida e confiável, poderíamos ter problemas com o GIS, como por exemplo a localização de um ponto que não fosse real", completa Raquel.


Cadastramento de Privilégios

GeoCetrel na prática

Para garantir o dinamismo, as informações foram importadas dos sistemas legado conforme a necessidade. Para isto existem critérios de seleção e filtros indicado pelo usuário.

Uma vez inseridas as informações na base de dados do GIS, pode-se combinar os dados provenientes dos diversos setores, juntamente com as informações de base cartográfica e compor um cenário de análise: incidência de fontes poluidora e sua proximidade com elementos naturais, gráficos de distribuição de determinados elementos no oceano, tendências de propagação de determinado poluente, ocorrência de determinados componentes químicos em poços ou no ar, cenários, por cliente, entre outros.

Custos

Foi investido na implantação deste SIG cerca de R$ 480 mil, entre consultoria, construção da base cartográfica e realização do sistema. O financiamento veio parte da própria Cetrel (40%) e o restante (60%) veio das empresas do Polo de Camaçari, através dos dois programas: o de Monitoramento do Ar e Monitoramento de Águas Subterrâneas.

A Cetrel é obrigada pela legislação a conduzir estes dois programas, e as empresas, por sua vez, são obrigadas a participar. Anualmente são aprovados orçamentos para estes programas lá no órgão de representação das empresas do Pólo, e em 2001 obteve-se a aprovação para o GIS. "Com este sistema haverá um bebefício mútuo para a Cetrel e as empresas do Pólo, então conseguimos a aprovação do dinheiro para este projeto, convencendo as empresas das necessidades de se utilizar o sistema", afirma Paulo.

PCF Web/Prevenção de Poluição

Desde 1991 a Cetrel tem conduzido o Programa de Controle na Fonte/Prevenção da Poluição junto às empresas do Pólo com o objetivo de prevenção, redução e eliminação das fontes de poluição diretamente nas fontes geradoras. Para o bom desenvolvimento do programa, foi desenvolvido uma ferramenta de gestão que cumprisse tal objetivo, além de fazer registro das fontes geradoras e também compartilhasse as informações com as empresas.

O GEOCetrel também será disponibilizado em partes para os clientes, para que eles possam ter uma noção do que é o sistema. A parte que estará disponível é o Controle na Fonte e Prevenção de Poluição.

O objetivo desta aplicação é permitir que clientes nos quais houve algum tipo de ocorrência de poluição mantenham um acompanhamento interativo junto à Cetrel, cadastrando suas ocorrências. Futuramente será possível disponibilizar sites em ArcIMS para que os clientes visualizem graficamente sua situação e os impactos. Por exigência legal, qualquer fato novo que ocorra nas indústrias deve ser comunicado à Cetrel.

GIS para o Meio Ambiente

Na verdade, o principal cliente da Cetrel é o Meio ambiente, e a empresa acredita que este sistema vai ser um facilitador uma vez que a compilação de dados hoje é muito complicada porque os ambientes são isolados. Com a integração que o sistema vai trazer, será possível uma abordagem holística no estudo e solução de problemas tanto em caráter corretivo como preventivo. "O GIS vai facilitar na interpretação dos dados, auxiliar na tomada de decisão e com certeza quem está ganhando não é só a Cetrel, mas o Meio Ambiente que é o nosso principal foco. Estamos conscientizando as empresas de que temos que produzir cada vez mais mas de uma forma menos agressiva tentando trabalhar mais com a idéia do desenvolvimento sustentável", explica Raquel.

Os sistemas que fazem parte do GeoCetrel são: Controle na Fonte/Prevenção de Poluição, Águas Subterrâneas, Monitoramento do Ar e Monitoramento da Disposição Oceânica.

Com o GIS, a Cetrel conseguirá plotar todas as informações que estão dentro destes quatro sistemas de uma forma muito rápida e poderá fazer várias pesquisas por produto, tipo de solo, estação meteorológica, tipo de fonte contaminante associada à determinada fonte, já facilitando bastante o dia-a-dia dos técnicos.


Parâmetros para Seleção de Poços

Capacitação e Atualização

Um primeiro treinamento para os usuários do sistema já foi realizado por uma equipe da Gempi e outros treinamentos para a capacitação da equipe da Cetrel ainda serão realizados. O sistema já foi implantado no início de dezembro e está na fase de conclusão.

Resultados

Para a Cetrel, um dos pontos mais importantes deste GIS é a alta capacidade de integração entre os segmentos técnicos-científicos que envolvem as questões ambientais. "É muito interessante estabelecer uma relação de causa-efeito em relação aos problemas e até antever outros", comenta Paulo Freire, e ainda completa: "O mundo está passando por uma fase de mudança de paradigmas na questão ambiental na qual a prevenção é um dos grandes objetivos, e a implantação do GIS aqui na Cetrel se encaixa perfeitamente nesta idéia".

O GeoCetrel vai permitir que cada técnico tenha informações e faça suas próprias análises, contando também com a integração do GIS com outros softwares especialistas que a empresa usa. Segundo Paulo, esta ferramenta é fantástica em todos os sentidos, fora a velocidade de análise que é muito grande, os recursos integrando as extensões especializadas como a Geoestatística que é muito poderosa e vai ser muito usada na empresa, além da possibilidade de integração com outros softwares de modelagem de águas subterrâneas e pressão atmosférica.

"Foi um projeto muito bom, muito bem conduzido, até pela distância física das equipes, o grau de acerto foi muito alto", comenta Paulo. "Na verdade com o tempo teremos mais casos de sucesso pra contar, mais comparativos. Por enquanto para nós o GIS é uma expectativa muito boa. Dos projetos que trabalhamos em 2001 o GIS é o mais importante, que vai dar um ganho de qualidade significativa para a Cetrel e para os clientes", finaliza Raquel.


Menu de Edição de Base Cartográfica

Conheça a Cetrel

Assim como o Pólo de Camaçari, a Cetrel iniciou suas atividades em 1978 como empresa estatal responsável pelo tratamento e disposição final dos efluentes e resíduos das indústrias do Pólo e também do monitoramento ambiental. Hoje, uma empresa 70% privada, a Cetrel exerce outras atividades também, tratando não apenas dos efluentes líquidos, mas processando os resíduos sólidos perigosos em aterros industriais especiais, incinerando resíduos líquidos organoclorados e resíduos sólidos perigosos, fazendo o monitoramento ambiental do ar, da água subterrânea, do solo, dos rios, do mar e da fauna na área de influência das atividades do Pólo de Camaçari.

A empresa prima muito pela qualidade de seus trabalho e de seus funcionários, e nos últimos cinco anos tem obtido o reconhecimento público de seu desempenho em áreas como a qualidade, educação ambiental, meio ambiente, segurança industrial e comunicação empresarial. Já recebeu alguns prêmios como o Top de Marketing e o Top de Ecologia, concedidos pela Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB), O Prêmio Eco da Câmara Americana de Comércio, o Prêmio Aberje, da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial, os prêmios de segurança industrial da Associação Brasileira de Prevenção de Acidentes (ABPA), o Prêmio Gestão Qualidade Bahia, da Federação das Indústrias do Estado da Bahia, além de ser a primeira indústria de médio porte a receber o Prêmio Nacional de Qualidade – PNQ.

Agenda 21

A Cetrel foi a primeira empresa brasileira a implantar a Agenda 21, um plano de ação para este século visando a sustentabilidade da vida na Terra, ou seja, uma carta de compromissos com o Meio Ambiente, constituindo-se uma estratégia de sobrevivência da humanidade, aprovado na Conferência Internacional Rio-92, no Rio de Janeiro.

Diversos projetos que a empresa já vinha desenvolvendo encontravam-se dentro destes princípios e foram incorporados no novo projeto, com destaque para o Programa de Educação Ambiental, além do Programa de Estudo e Preservação da Fauna, a ISO 14001, a OHSAS 18001 e o Programa de Conservação de Energia, entre outros.

Conheça o site – www.cetrel.com.br