Programa Pégaso cria condições para o desenvolvimento de projetos como um sistema informatizado para apoio de planos de ação de emergência – o InfoPAE

Por Marjorie Xavier

Com o Programa Pégaso, a Petrobras prova que está preocupada com o Meio Ambiente. Considerado o maior programa ambiental e de segurança operacional já executado no país, o Pégaso nasceu em 2000, ano marcado pelos vazamentos em oleodutos na Baía da Guanabara e no Paraná. O programa prevê, até 2003, investimentos de R$ 3,2 bilhões, dos quais R$ 2,3 bilhões já foram realizados. Boa parte dos recursos são utilizados na revisão ou substituição dos dutos, trabalho que exige a localização precisa de toda a rede.

A dinâmica do Pégaso, que significa "Projetos de Gestão Ambiental e Segurança Operacional", é simples. Primeiro investe-se em prevenção, através do trabalho de revisão dos dutos e modernização de instrumentos. Depois o investimento é nas pessoas, com treinamento e conscienti-zação. E, daí, investe-se no enfrentamento do acidente. Neste contexto, foram implantados nove centros de defesa ambiental junto às principais áreas de atuação da empresa e estão sendo aprimorados os sistemas de redução de resíduos e emissões em todas as unidades. Novas tecnologias vêm sendo aplicadas visando ampliar a confiabilidade dos equipamentos e dos sistemas de gestão.


Localização de emergências no módulo VistaPAE do Sistema

A Petrobras implementou ainda um sistema georreferenciado de informações capaz de monitorar diferentes tipos de
terreno. A sensibilidade de áreas próximas às unidades operacionais está sendo mapeada desse modo. No total, a pesquisa de novas tecnologias ligadas à segurança e gestão ambiental conta com R$ 98 milhões, que estão sendo investidos em cerca de 40 diferentes projetos.

O InfoPAE
Este novo conceito de prevenção de acidentes na Petrobras possibilitou o desenvolvimento e a implantação do InfoPAE, um sistema informatizado de geren-ciamento e controle de ações em emergências. Com o objetivo principal de ajudar a minimizar o tempo de resposta das ações em uma emergência, o InfoPAE estrutura todas os procedimentos necessários nessa situação, seguindo a lógica de um Plano de Contingência Local (PCL). O InfoPAE surgiu justamente da necessidade de se ter uma ferramenta que garantisse a praticidade dos PCLs durante a ocorrência de emergências e que pudesse ser utilizada para avaliar e aprimorar a eficiência dos PCLs. O sistema, cujo nome surgiu da sigla PAE (Plano de Ação de Emergência) antes utilizada para designar os atuais PCLs (Plano de Contingência Local), foi desenvolvido pelo TeCGraf/PUC-Rio sob a coordenação da área de engenharia da Petrobras.

De acordo com seus desenvolvedores, a estrutura da informação no banco de dados do InfoPAE é reflexo da estrutura formal de um PCL, que segue uma norma de elaboração. Os elementos principais desta base de informação são os previsíveis cenários acidentais, os procedimentos que devem ser tomados no combate à emergência para cada cenário acidental, e todas as informações necessárias para que esses procedimentos sejam realizados da maneira mais eficiente. Estas informações envolvem contatos a serem realizados, recursos a serem utilizados, equipes a serem mobilizadas e documentação a ser consultada.

"O InfoPAE fornece facilidades para gerenciar informações convencionais ou georreferenciadas e associar ações a informações", explica Marcelo Tílio, da Tecgraf. "O sistema permite associar a uma ação a lista de recursos materiais necessários, a lista das pessoas a serem contactadas com os respectivos telefones, além de fotos da região da emergência e croquis de acesso", exemplifica Tílio.

Apoiar as atividades de elaboração e documentação do plano de emergência, o treinamento das equipes envolvidas, a realização de simulados e o processo de combate à emergência, procurando minimizar o tempo de resposta, através da seleção das informações necessárias para um determinado tipo de evento, em um determinado lugar e em uma determinada fase da emergência. Em resumo, esta é a missão do InfoPAE.

Módulos
O InfoPAE permite ao usuário exercer completo controle sobre as ações de emergência, registrando os passos realizados, assim como eventuais dificuldades ou impossibilidades de sua realização. Como resultado deste gerenciamento, o sistema produz relatórios pós-emergência, possibilitando um estudo mais apurado da lógica empregada, a detecção de eventuais falhas no processo, ou a garantia de que as devidas providências foram tomadas no momento correto.

"O sistema tem três módulos, voltados à edição, visualização e operação. No primeiro estão disponibilizados procedimentos, localização, contatos de cada operador. O de operação é um reflexo do primeiro módulo, mostrando o ‘caminho’ dos procedimentos conforme a necessidade (incêndio ou vazamento de óleo, como exemplos). E o módulo de visualização é bem parecido com um GIS, trazendo imagens e fotos aéreas georreferenciadas", explica Flávio Torres, do Plano de Contin-genciamento da Petrobras.


InfoPAE disponibiliza fotos, imagens e outras informações

Os módulos do InfoPAE são:

EditaPAE
módulo de edição, permitindo ao usuário criar e atualizar a lógica do plano de contingência e editar e associar informações ao plano.

OperaPAE
módulo de operação, oferecendo ao usuário facilidades para controlar a execução de um PCL e acessar as informações relevantes ao plano. Este módulo registra ainda todas as ações realizadas e permite a geração de relatórios sobre o estado atual da execução de um PCL.

VistaPAE
módulo de visualização, permitindo ao usuário visualizar as informações geográficas ou convencionais armazenadas pelo sistema. O sistema ainda agrega um módulo de gerenciamento que permite a criação de usuários e o gerenciamento do acesso destes aos módulos do InfoPAE. São diversos os níveis de acesso ao sistema, controlados por permissões pré-definidas e registradas por cada usuário. Também existe o módulo de navegação por GPS, que captura os pontos coletados por um receptor GPS conectado ao computador, possibilitando a visualização destes pontos sobrepostos à base georreferenciada e permitindo ao usuário visualizar o traçado do caminho sendo feito em tempo real. E o módulo de relatório, que possibilita a confecção de relatos customizados de todas as contingências registradas no sistema. Através deste módulo é possível adicionar observações e associar fotos e arquivos a contingências, com registro de data e hora. Os relatórios podem ser disponi-bilizados via web.

Características
Livre de pagamento de licença para instalação, o InfoPAE foi desenvolvido com a tecnologia TerraLib (ver reportagem na página 46) e possui arquitetura aberta, com acesso a mais de um tipo de banco de dados (Oracle, SQL-Server) e a diversos tipos de dados geográficos (shp, dxf, Oracle SDO, etc.). O software roda em plataforma Windows e tem arquitetura stand-alone para execução.

Entre outras facilidades, o sistema permite integração com programas de simulação de vazamentos, comunicação automática (envio de mensagens de forma automática através de pagers, fax e telefones) e conexão com banco de dados externos.

Como foi mostrado, o desenvolvimento do InfoPAE está inserido em um contexto mais amplo, no qual existem diversos projetos, no sentido de se estabelecer um alto padrão de qualidade para o gerencia-mento e o combate a emergências nas unidades operacionais da Petrobras. Alguns outros programas são a elaboração de mapas de sensibilidade (Costa e Terra) e a definição de cenários de deriva de mancha. Estes programas já estão integrados ao InfoPAE. São muitas as atividades que fazem parte do InfoPAE, todas de fundamental importância para as áreas de Segurança, Meio Ambiente e Saúde, pilares da nova política da Petrobras. Atualmente, o InfoPAE está sendo implantado em todas as refinarias da Petrobras, nas distribuidoras BahiaGás e SCGás e em todos os dutos e terminais da Transpetro.


Módulo OperaPAE

"A riqueza de informações que o sistema oferece ajuda na assimilação das tarefas. E o controle da execução das ações ainda pode facilitar a conferência de sua realização pelas equipes em treinamento, e a possibilidade de simular uma emergência no sistema permite que se aprimore constantemente a lógica de combate e que se verifique a validade dos dados oriundos do PCL", conclui Tílio.