Levantamento realizado pelos pesquisadores Leandro Ferreira, do Museu Paraense Emílio Goeldi, e Eduardo Venticinque, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), mostra que o consenso de que as estradas são as principais responsáveis pelo avanço do desmatamento na Amazônia só não é válido se as vias de acesso estiverem próximas a áreas protegidas, como Unidades de Conservação ou reservas indígenas.

Segundo a Agência Brasil, Ferreira e Venticinque cruzaram os mapas de desmatamento da floresta na região com a rota das estradas. O estudo comprova que unidades de conservação ou terras indígenas estão conseguindo, com muita eficácia, conter a destruição das motosserras. Nos Estados de Mato Grosso, do Pará e de Rondônia, o que os pesquisadores notaram é que essa espécie de cinturão verde da floresta protege até 39 vezes mais do que em outras partes. Os três Estados foram escolhidos porque representaram quase 70% da área desmatada na região entre os anos de 1999 e 2000.

O cruzamento dos mapas de desmatamento da floresta com a rota das estradas levou à conclusão de que as áreas protegidas servem como um freio para a destruição. Fora das áreas de proteção de Rondônia, 47% das matas já foram removidas. Dentro delas, a proporção é de 3,1%. Mas os dados dos pesquisadores mostram também que ocorre destruição dentro de unidades de conservações e terras indígenas, ainda que em proporção reduzida. Ações predatórias, como a extração de mogno ou de outras madeiras nobres, também avançam sobre áreas que deveriam ser preservadas.