O Departamento de Vigilância à Saúde do Município de Santo André (DVS) implantou no início de 2006 o “Programa de Vigilância Ambiental em Saúde”, que visa identificar e espacializar em cada micro região de seu território, os possíveis riscos à saúde da população e ao meio ambiente.

Para tanto, foram utilizados todos os recursos humanos e tecnológicos disponíveis na captação, tratamento e divulgação de informações, no cruzamento de dados secundários (bancos de dados de saúde nacionais, estaduais e municipais) com os dados primários obtidos “in loco” pelos agentes municipais de saúde.

Todas estas informações são espacializadas através de um SIG para facilitar a visão técnica de cada  local e orientar ações mais precisas na prevenção dos riscos à saúde no município. Estas informações espacializadas são atualizadas diariamente através do trabalho de campo, e integram o banco de dados e o mapa de riscos do município.

A Região

O município de Santo André, localiza-se no Grande ABC paulista, Região  Metropolitana de São Paulo,  possui 649.331 habitantes (IBGE – Censo 2000), destes 2,6% (cerca de 16 mil pessoas) residem nas áreas de proteção ambiental. O número de moradias totaliza hoje cerca de 178 mil, sendo 163 mil em área urbana, das quais 25 mil em núcleos habitacionais de baixa renda (favelas) alguns deles em área de proteção de mananciais.

Juntamente com as características industriais da região torna o cenário municipal propício para o aparecimento de riscos a saúde pública e ao mesmo tempo a necessidade de ações diferenciadas de prevenção.

Espacialização dos Riscos à Saúde

Foi implantado um Sistema de Informações Geográficas (SIG/GIS) e um Banco de Dados relativos à saúde do Departamento de Vigilância à Saúde do município, capazes de espacializar as informações e riscos à saúde para otimizar o conhecimento sobre a saúde em geral, orientar as tomadas de decisão, a realidade sanitária, epidemiológica, ambiental, demográfica e qualidade de vida e principalmente as políticas públicas relativas à saúde municipal.

Para a realização deste trabalho foram contratados 74 “Agentes Locais de Vigilância Ambiental em Saúde” (Alvas) que unidos aos agentes de saúde e de controle de zoonoses já atuantes, foram treinados para a identificação dos riscos à saúde e para o reconhecimento de cada micro região do município.

Cada uma destas microáreas apresentam características próprias e consequentemente diferentes riscos, sendo importante para o DVS a identificação precoce destes riscos para orientar a atuação dos técnicos responsáveis.

Em um processo de educação continuada, todos os agentes foram treinados para localizar os riscos à saúde, encaminhar demandas locais e orientar a população para onde dirigir as reivindicações de cada localidade.

Oficinas de Territorialização

Acompanhados por moradores, funcionários da Saúde e de outros setores (saneamento, habitação, educação, etc), lideranças locais e munidos de mapas temáticos de cada região os  Alvas,  participaram de “Oficinas de Territorialização” cujo objetivo foi de reconhecimento e mapeamento (“in loco”) dos riscos da região onde trabalham (micro áreas), dos problemas existentes e das possíveis parcerias locais visando aumentar a visão técnica-ambiental da área visitada.

Cada participante assinalou em seu mapa os riscos por eles identificados, e, ao final de 5 dias, em consenso, fecharam o mapa com todos os riscos de cada micro área.

Munidos deste material a equipe de Informação e Geoprocessamento, digitalizou e espacializou os dados das áreas. No final todas as áreas reunidas formaram um mosaico com informações georeferenciadas. A partir deste mosaico, cruzou-se então as informações técnicas dos diversos programas e dados oficiais disponíveis nos sistemas municipais, estaduais e nacionais (dados secundários), relativos ao município, e concretizou-se o “Mapa de Riscos à Saúde do Município de Santo André”.

Mapa de risco segundo a percepção das Oficinas de Territorialização
->Mapa de risco segundo a percepção das Oficinas de Territorialização
Fonte: Núcleo de Informação e Geoprocessamento – DVS – PMSA

Sistema de Informações Georeferenciadas da Saúde

O programa utilizado para o referente projeto foi o Geomedia, já implantado no Sistema informatizado da Prefeitura. Para a utilização do banco de dados e do SIG nas “Oficinas de Territorialização” foi criado um processo de tabulação e codificação dos riscos levantados “in loco”.

Utilizando como base o Mapa de Riscos, foi criada uma padronização e sistematização de coleta, recebimento e fornecimento de informações (retroalimentação / feedback), entre o Núcleo de Informação e Geoprocesssamento (NIG) e os diversos setores envolvidos (técnicos, Alvas, etc.).

Essa padronização visa: apontar novos riscos – sendo que o mapa dinâmico – e informações trazidas pelos agentes locais e técnicos, atualização dos dados retirados dos diversos sistemas informatizados citados abaixo, definir ações de Educação em Saúde para informação aos cidadãos e outros que são pertinentes a proteção, prevenção e atenção à saúde, dentro do município.

A implantação do SIG da Saúde, originou desdobramentos de utilização e ações em outros setores, como: Programa de Desratização, Censo Animal Programa de Controle da Dengue e outros.

Banco de Dados da Saúde

No Município de Santo André foi adotado como meio de interlocução dos programas estaduais e federais um sistema em Oracle (SQL) que possibilita a compatibilidade dos dados, otimizando tecnologia disponível e de fácil acesso.

Os dados dos programas oficiais são extraídos por mídias externas (discos magnético ou digital) e alocados em um único banco de dados informatizado, que armazena, consolida e fornece informações as diferentes ações do Departamento de Vigilância em Saúde.

Dos Sistemas Nacionais de Informação são utilizados como base de dados secundários os seguintes: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), Sistema de Informações sobre Agravos Notificáveis (Sinan), Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), Sistema de Informação sobre Vigilância Sanitária (Sivisa), Sistema de Informação sobre o Aedes aegypti (SIS Aedes), Censo – IBGE e outros

E como base de dados primários são utilizados os seguintes sistemas: Sistema de gerenciamento de Reclamações (SGR) da população e Sistema de Controle de Solicitações (SCS) através de um sistema telefônico ou via internet, além das informações dos Alvas (boletins, relatórios, etc).

Estudo de foco de dengue usando aerofotogrametria
->Estudo de foco de dengue usando aerofotogrametria
Fonte: Núcleo de Informação e Geoprocessamento – DVS – PMSA

Resultados

As informações obtidas em campo, desde a percepção de riscos pelos Alvas (in loco), passando pelas informações oficiais de agravos à saúde (em cada micro área), até o cruzamento e mapeamento (espacialização) destes dados, são mensalmente apresentadas e discutidas em reunião com toda a equipe e orientam as próximas ações, de forma diferenciada para cada uma das 10 áreas de atuação no município.

São fornecidos, mapas informativos, com resultados e indicadores qualitativos e quantitativos do projeto, informações necessárias para a prevenção e educação em Saúde e o cronograma do trabalho de controle da população de roedores no município.

Dentre as próximas ações do Programa, pretende-se criar instrumentos que facilitem a identificação e o apontamento de novos riscos através de canais que permitam o cruzamento de informações intersetoriais que tenham interface com a saúde,  assegurar a retroalimentação do banco e do SIG e a disponibilização dos resultados e informações para munícipes com orientações de Educação em Saúde via recursos da mídia e internet.

Autores do Projeto

Maria Luiza Leão Salerno Malatesta
Maria Adelaide Rocha Mendes Gonzalez
Alexandre Longhini
Romualdo Juliatto
Osvaldo Campos
Eduardo Rodrigues Meyer
João Carlos da Rocha Tristão
Marcos Muraro
www.santoandre.sp.gov.br