Não, o presente é tridimensional. O futuro será 4, 5 ou 6D.

A geração Y, que nunca viu uma máquina de datilografia e que cresceu jogando games, não sabe ler uma planta baixa de um projeto, mas sente-se completamente à vontade no ambiente do Google Earth. Esses são os profissionais do futuro, que vão trabalhar com total naturalidade com bases de dados 3D.

De olho nas possibilidades dos modelos tridimensionais, empresas e instituições ligadas ao planejamento urbano e à área de infraestrutura têm voltado seus esforços para a criação e o uso de verdadeiras cidades virtuais, nas quais é possível fazer simulações e inserir novos elementos, com possibilidades inimagináveis de aplicação.

A avaliação do impacto ambiental de um empreendimento é um bom exemplo de como um modelo tridimensional de uma cidade pode ser útil para a gestão urbana. Meses ou anos antes de uma obra ser erguida já é possível simular o efeito de tal edificação na região próxima, e assim ajustá-la para seu melhor aproveitamento.

Além de tudo isso, e talvez o mais importante, está a participação dos cidadãos nos projetos de desenvolvimento urbano. Já estão em andamento iniciativas que pretendem modelar cidades inteiras em 3D e fornecer à sociedade ferramentas para acesso online aos projetos da administração pública. Isso aumenta significativamente a transparência na gestão e oferece aos cidadãos mais proximidade com a tomada de decisão. Afinal, o impacto de uma escolha no presente afeta a todos no futuro.

Esse é um mercado de trabalho gigantesco para profissionais e empresas de geotecnologia, seja para a coleta, gerenciamento, análise e compartilhamento de bases de dados 3D. A eficiência energética e o impacto ambiental de empreendimentos já são temas recorrentes na área de sustentabilidade hoje, e serão cada vez mais no futuro. A Tecnologia da Informação também está cada vez mais presente na administração pública, e os mapas digitais e modelos 3D estarão dia a dia mais integrados às bases de dados dos municípios.

Rio de Janeiro em 3D (imagem: Surface)

A evolução dos modelos 3D está nas simulações 4D, que levam em conta o tempo como sendo uma dimensão adicional. Esse tipo de ferramenta permite avaliar, de forma virtual, o comportamento de um empreendimento em relação à região próxima ou o andamento de uma obra, meses ou anos antes de iniciá-la. Até mesmo leis da física, como a gravidade, podem ser inseridas em modelos para realizar as mais diversas simulações.

Bem vindo ao mundo multidimensional!

Eduardo F OliveiraEduardo Freitas Oliveira
Engenheiro cartógrafo, técnico em edificações e mestrando em C&SIG
Editor da Revista InfoGNSS Geomática
eduardo@mundogeo.com