Dos pontos de vista político, social, tecnológico e econômico, é estratégico para a Europa ter uma alternativa no setor de Sistemas Globais de Navegação por Satélites (GNSS). O Galileo está muito próximo de tornar-se uma alternativa real ao norte-americano GPS e ao russo Glonass. O chinês Compass ainda é uma incógnita, porém fabricantes de receptores GNSS já estão produzindo equipamentos capazes de rastrear os quatro sistemas.

Para apresentar o estado atual do desenvolvimento do sistema Galileo e os planos para o futuro, o Centro de Informação do Galileo realizou um encontro entre representantes da indústria, setor público e academia, entre os dias 24 e 25 de novembro de 2009 em São José dos Campos.

O Encontro Galileo para a Indústria teve o objetivo de ampliar a cooperação entre instituições e empresas europeias e brasileiras no setor de GNSS. Na ocasião, aconteceram palestras de representantes de organizações europeias, responsáveis pelo projeto Galileo, e também de órgãos públicos e companhias brasileiras envolvidas com GNSS.

Cooperação

A colaboração internacional representa um importante fator nos programas europeus de GNSS. A Autoridade Supervisora de GNSS (GSA), que comanda o desenvolvimento e pesquisa das atividades do Galileo, tem como prioridade a cooperação científica e tecnológica com outros países.

Mais especificamente, um forte componente da cooperação internacional é levado em conta na integração entre a América Latina e a Europa, apoiada desde 2005 pelo Centro de Informação do Galileo e suas atividades na região.

Na abertura do Encontro Galileo para a Indústria, o estado atual dos sistemas GNSS foi apresentado por Stefano Scarda, representando a Comissão Europeia. Segundo Scarda, para 2011 já estão previstos quatro satélites em órbita para validação do sistema Galileo, em 2013 devem estar operacionais 16 satélites e a constelação completa de 30 veículos está prevista para 2015.

As atividades de cooperação internacional na América Latina foram assunto da palestra de Daniel Ludwig, representando a Autoridade Supervisora em GNSS (GSA). O Centro de Informação do Galileo para América Latina e o Consórcio Latino foram apresentados por Eduardo Freitas, da MundoGEO, enquanto o Centro Gacela de Expertise para América Latina foi detalhado por Santiago Soley, da Pildo Labs. Já para mostrar os mercados para aplicações na América Latina foi convidado Fernando Salla, da Atech. Peter Grognard, da fabricante de equipamentos Septentrio, fechou a manhã falando sobre o desenvolvimento de receptores Galileo para a América Latina.

A tarde do primeiro dia teve como tema as capacidades em GNSS no Brasil e contou com representantes da indústria e setor público que falaram sobre o uso e aplicações da tecnologia em suas organizações. Francisco Ferdinando, representando o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, falou sobre a cooperação internacional entre o Brasil e outros países. Já o pesquisador Eurico de Paula, do Inpe, detalhou os estudos aeroespaciais e de navegação realizados no Instituto. Para falar sobre o desenvolvimento do GNSS no Brasil foi convidado Raimundo Mussi, da Agência Espacial Brasileira, enquanto as aplicações da tecnologia em cartografia naval foram abordadas por Alexandre Moreira Ramos, da Divisão de Levantamentos do Centro de Hidrografia da Marinha. Em uma palestra bastante aguardada, o professor João Francisco Galera Monico falou sobre desenvolvimentos em GNSS para estudos atmosféricos e aplicações em posicionamento. Por fim, a competição europeia em navegação por satélites foi destaque na palestra de Ulrike Daniels, representando o Galileo Masters.

O segundo dia do evento foi reservado para mesas redondas que tiveram como tema as aplicações de GNSS no Brasil, nos setores de aviação, resposta a emergências, exploração de petróleo, controle de tráfego em hidrovias, rastreamento de veículos, agricultura de precisão e desenvolvimento de receptores. Para falar destes assuntos, estiveram presentes Eno Siewerdt, da Atech, Marzio Laurenti, da Telespazio Brasil, José Lauro, da Petrobras, Augusto Olavo Leite, da Secretaria de Transporte do Estado de São Paulo, José Edgard Soares Jr., do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, José Paulo Molin, da ESALQ/USP, e Valter Ricardo Schad, da Navcon.

Para saber mais ou baixar os PDFs das palestras, acesse www.galileoic.org/la