Sistema de informação geográfica, ERP, controle patrimonial e integração. Estas palavras, quando soltas e fora do contexto, podem não ter um significado claro para o grande público, mas definitivamente já fazem parte do imaginário coletivo dos diretores executivos das empresas de Utilities.

É difícil encontrar uma empresa que não esteja preocupada com a gestão eficiente dos ativos fixos de rede, com a integração dos processos, com a conciliação dos dados contábeis sobre os ativos de rede, gerenciados pelo ERP e com os dados físicos sobre a rede, gerenciados pelo GIS. No entanto, os procedimentos de controle patrimonial que vêm sendo utilizados pelas empresas, para registro de suas operações de cadastro e movimentação de bens e instalações que compõem o patrimônio do serviço concedido, não têm atendido plenamente às exigências dos órgãos e agências reguladoras dos setores.

Para a maioria dessas empresas, questões essenciais não são resolvidas se os dois mundos (ERP e GIS) não estiverem conectados em níveis de informações, processos e interfaces gráficas.

Onde estão exatamente meus ativos? Como posso conciliar os meus dados contábeis do ativo com a real localização deles em campo? Como gerenciar com eficiência a complexidade dos recursos em torno de todo o seu ciclo de vida? O que devo fazer para tornar a equipe de campo mais eficiente no atendimento às ordens de serviço? Como gerar um plano de manutenção mais eficiente? Onde está a concentração das manutenções emergenciais que a empresa vem atendendo nos últimos meses? Por mais complexos e obscuros que sejam os meios para obter as respostas, estas perguntas são facilmente respondidas com a integração ERP e GIS.


Passos para integração

Os passos de integração entre GIS e ERP não são diferentes daqueles utilizados em outras integrações. O passo principal e de maior complexidade é o primeiro, a modelagem de processos de negócios, que muitas vezes é ignorado.

Os Processos de Negócio são definidos como a sequência completa de um comportamento, provocado por algum evento e que produz um resultado significativo para o negócio. No percurso do processo, desde o evento inicial até a produção de um determinado resultado, várias funções do negócio podem estar envolvidas. Assim, dizemos que os processos são elementos transfuncionais, já que perpassam diversas funções dentro da organização.

Já as funções de negócio são compostas de atividades que representam um papel, os processos de negócio “executam” estas atividades de forma que, individualmente ou combinadas, realizem o trabalho de uma determinada função. A atividade representa, portanto, a unidade funcional – que servirá como componente de processos de negócio, numa visão transfuncional – permitindo a identificação de “utilidades” comuns e, portanto, de oportunidades de reuso funcional.

Em resumo, o primeiro passo da integração busca uma visão conceitual e única de uma atividade – cadastro e movimentação de ativos fixos de rede – de forma que se possa identificar quando e como ela se repete nos diversos processos de negócio, a fim de determinar a generalização dos conceitos de tarefas comuns, identificando atividades compartilhadas e administrando seu reuso através da distribuição dos componentes que as suportam.

O segundo passo da integração é a definição do modelo de dados, que deve ser abordado com foco nos objetos de integração determinados e nos cenários de processos de negócios considerados. Um erro comum é ir direto à discussão do modelo de dados seguido do terceiro passo, que é a discussão técnica da tecnologia de integração a ser aplicada.

Passos para integração


Integração ERP e GIS

A Imagem Software International (ISI), empresa fundada pela Imagem do Brasil, especializada em integração SAP/Esri em empresas de Utilities, desenvolveu o produto GISConneX com o objetivo de otimizar e unificar os processos de negócios relacionados com gestão de ativos, bem como assegurar a integridade e atualização das informações críticas para o negócio.

O sistema é um pacote de integração entre SAP (módulos PM, PS e CCS) e GIS Esri, em nível de informação, processos e interfaces gráficas, conectando a visão geográfica e atributos da rede aos dados críticos de negócio das empresas, estendendo as capacidades de gestão dos ativos, desde o projeto de construção até a manutenção. Desta forma, além de realizar a integração entre objetos técnicos do GIS com os dados de gestão no SAP (PM), o produto adapta as funcionalidades nativas do GIS – instalar equipamentos, consultar dados, entre outras – para atualizar automaticamente as alterações dos dados no SAP.

A integração entre esses dois mundos traz grandes benefícios quantitativos e qualitativos para o negócio, como os apresentados a seguir:

• Otimização do processo de manutenção, proporcionando redução de custos, aumento de produtividade e benefícios para outras áreas da empresa que utilizam essas informações;

• Pacote de software pré-configurado, acelerando o projeto de implantação, reduzindo custos e riscos; adequado ao modelo de dados do cliente, considerando todo o conhecimento necessário (Esri, SAP e integração), absorvendo as melhores práticas de mercado e garantindo a manutenção evolutiva do sistema.

Integração ERP e GIS


Caso de referência

O projeto Conta Comigo, desenvolvido pela ISI em parceria com a empresa AES Sul, pertencente ao grupo AES Corporation, teve a missão de preparar o ambiente corporativo para suportar a revisão tarifária de 2008, obrigatória pelo contrato de concessão com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Isso significava a necessidade de conciliar os dados contábeis sobre os ativos de rede, gerenciados pelo SAP, com os dados físicos sobre a rede, gerenciados pelo GIS, e também de criar uma infraestrutura que permitisse receber, consistir e armazenar no GIS os dados obtidos a partir de um levantamento em campo de toda a rede primária e secundária da AES Sul.

A solução iniciou com a revisão dos processos de cadastro e manutenção de rede, seguidos da revisão do modelo de dados e incremento das regras de negócio validadas pelo GIS e, por fim, a implantação dos módulos do GISConneX para gestão de projetos e manutenção de rede, integrando o ArcGIS/ArcFM Designer ao SAP-PLM e GIS Móvel.

Os principais benefícios obtidos com a implantação do projeto foram: cumprimento das normas regulatórias no Brasil; redução do tempo médio de manutenção cadastral; maximização do uso dos ativos de TI; gestão do processo de ativos na visão end-to-end; confiabilidade no cadastro dos ativos e disponibilidade da localização espacial das equipes em campo; localização geográfica dos ativos elétricos; integração e transparência entre sistemas SAP e GIS; regras de negócio em todo processo; uniformidade em procedimentos e agilidade na manutenção cadastral.

Em todo grande investimento é imprescindível calcular a taxa de retorno que o projeto trará sobre o capital investido. Neste sentido, a empresa Imagem criou uma metodologia de cálculo do Retorno Sobre o Investimento (em inglês, Return On Investment ou ROI) composta de três etapas, que visam obter o entendimento do negócio do cliente, identificar as principais demandas da organização, propor a solução GIS mais adequada e quantificar seus benefícios. Todas estas informações são utilizadas no cálculo do ROI e os resultados são apresentados em forma de relatório.

Esta metodologia foi aplicada ao projeto Conta Comigo e, após o segundo ciclo de revisão tarifária em 2008, pode-se contabilizar os ganhos com o investimento feito no projeto no período entre abril de 2006 a abril de 2008. A Taxa Interna de Retorno (TIR) foi de 130%, com um ROI de 200% e Payback de três anos.

A suíte de produtos GISConneX da ISI possibilitou à AES Sul ter uma base de ativos adequada do ponto de vista contábil, base de remuneração e gestão operacional da rede, atendendo à legislação vigente e facilitando a identificação dos ativos elétricos em campo.

Luigi Aulicino
Luigi Aulicino

Analista de Sistema e mestre em Computação. Possui MBA em gestão de projetos e experiência de 12 anos na área de geoprocessamento. Arquiteto de Soluções
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