O Brasil já pode contar com um mapa digital completo dos seus recursos hídricos superficiais e subterrâneos. A Agência Nacional de Águas (ANA) lançou, no dia 9 de dezembro de 2009, o Atlas de Abastecimento Urbano de Água para regiões Metropolitanas, para as regiões Nordeste e Sul do Brasil. Seu resultado é a consolidação de um amplo trabalho de diagnóstico e planejamento nas áreas de recursos hídricos e saneamento no Brasil, com foco na garantia da oferta de água para o abastecimento das sedes urbanas em todo o país.

Os estudos do Atlas contemplam projeções populacionais e estimativas de demandas, avaliação dos mananciais quanto à sua disponibilidade e qualidade da água, diagnóstico dos sistemas produtores e a proposição de alternativas técnicas para suprir o abastecimento até o ano de 2025.

A Geoambiente foi uma das empresas contratadas para realizar esse trabalho, e tornou-se a responsável por desenvolver e implantar, na ANA, os Sistemas Atlas de Informações Geográficas, em ambientes web e desktop, oferecendo suporte em todas as etapas dos estudos realizados.

Neste trabalho, os dados foram armazenados em um Enterprise Geodatabase, utilizando-se Oracle com extensão Oracle Spatial e o gerenciador espacial Esri ArcSDE. Os objetos do Oracle Spatial atenderam ao padrão de armazenamento Simple Features Specification (SFS) do Open Geospatial Consortium (OGC).

A Geoambiente desenvolveu os Sistemas Atlas (Atlas Sul, Atlas Nordeste e Atlas Regiões Metropolitanas) em ambiente Esri, plataforma Microsoft .NET, em conjunto com NHibernate e Spring.Net, visando a modularização e facilidade para manutenções evolutivas.Arquitetura do sistema

Arquitetura do sistema

O SIG Atlas Desktop é uma poderosa ferramenta para avaliar a disponibilidade e a qualidade dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos, sendo constituído pelos módulos:

• Cadastro, que compreende o registro dos estudos de projeções demográficas e estimativa de demanda, percentuais das populações urbanas atendidas por tratamento e por coleta de esgoto, Estações de Tratamento de Esgoto (ETE), reserva explotável dos aquíferos, mananciais superficiais e subterrâneos e os sistemas de produção de água;

• Diagnóstico/Ação de Gestão, que possibilita o estudo dos mananciais quanto à disponibilidade e qualidade da água, além da avaliação da capacidade e adequação dos processos de tratamento dos sistemas produtores, para o atendimento às populações urbanas nos horizontes atual, 2015 e 2025. Este módulo também permite a proposição de ações de gestão para manutenção dos sistemas e mananciais em operação;

• Alternativa, que auxilia nas propostas de opções para a escolha de mananciais, implantação de sistemas produtores ou adequação da capacidade dos existentes, implantação de ETEs ou melhorias das existentes, para sanar as deficiências diagnosticadas no suprimento de água às populações.

Na avaliação dos mananciais superficiais, o SIG Atlas Desktop possui ferramentas que calculam a disponibilidade hídrica superficial efetiva, considerando as vazões importadas e exportadas (transposições entre bacias), os usos outorgados, as vazões de retorno das sedes municipais e as vazões de demanda urbana das captações dos sistemas produtores a montante da captação. Após a inclusão ou alteração de uma captação, o SIG recalcula automaticamente a disponibilidade das captações impactadas à jusante.

Alterações nas captações A e B impactam na captação C

Na avaliação dos mananciais subterrâneos, a reserva explotável de cada aquífero foi distribuída proporcionalmente por território municipal, visando o balanço hídrico local. O sistema possui ferramentas que calculam a vazão explotável efetiva, subtraindo os usos outorgados de água subterrânea localizados no limite municipal.

Na avaliação dos mananciais quanto à qualidade, o SIG Atlas Desktop utiliza limites pré-estabelecidos de parâmetros de qualidade da água bruta, na seção de retirada de água para abastecimento urbano. Quando as amostras destes parâmetros são representativas, elas indicam o quão crítica é a qualidade do manancial. Não sendo as amostras representativas, estas são comparadas com as cargas potenciais estimadas, e as que possuírem maior criticidade determinam a vulnerabilidade do manancial.

Como alternativa para manutenção dos mananciais e sistemas produtores com diagnóstico vulnerável, o SIG Atlas Desktop permite propor ações de gestão, como redução de perdas no sistema de abastecimento de água, redistribuição de vazão entre os sistemas produtores e entre os mananciais, gerenciamento de outorgas, adoção de vazões de referência com menores garantias e revisão da reserva explotável.

O SIG Atlas Desktop permite ainda a simulação da criação de novos mananciais para o abastecimento, realizando cálculo de disponibilidade hídrica superficial efetiva e análises de impacto nos mananciais a jusante. Após as simulações, o usuário pode propor o uso de novo manancial, assim como a implantação de novo sistema produtor. O SIG Atlas Desktop calcula automaticamente a estimativa de custo da obra, levando em conta referências de preço regionalizadas, conforme o estado da federação.

Para melhorar a qualidade da água dos mananciais potencialmente comprometidos, o SIG Atlas Desktop permite a proposição de ETEs avaliando impacto da redução das cargas potenciais estimadas nas captações a jusante. Também, neste caso, o sistema permite a estimativa automática do preço da obra conforme referência de preços regionalizada.

WebGIS

Além do sistema desktop, a Geoambiente também desenvolveu o SIG Atlas Web, sobre o framework Esri ArcIMS. O Atlas Web tem a função de publicação dos resultados do estudo na internet, sendo constituído de fichas de municípios, de mananciais e de sistemas produtores, além de mapas interativos e sínteses conclusivas do trabalho. O SIG Atlas Web pode ser acessado através do endereço www.ana.gov.br/atlas.

O Sistema Atlas, desenvolvido pela Geoambiente para a ANA, é um dos SIGs mais completos já elaborados sobre o tema “recursos hídricos e saneamento”, proporcionando a cada município o conhecimento sobre sua situação de abastecimento urbano de água sob o ponto de vista de disponibilidade de mananciais (quantidade e qualidade da água) e de porte do sistema de abastecimento, com propostas técnicas para o suprimento de suas demandas até o horizonte de 2025.

Joelma Carla SantosJoelma Carla Santos
Gerente de Projetos
joelma.santos@geoambiente.com.br

Tiago Pinheiro de OliveiraTiago Pinheiro de Oliveira
Analista de Sistemas
tiago.oliveira@geoambiente.com.br