Analisar retornos, custos e benefícios de Sistemas de Informações Geográficas (GIS) se torna importante e interessante para gestores, usuários e fornecedores à medida em que esta tecnologia ganha cada vez mais espaço dentro das empresas de vários segmentos de mercado.

A análise Custo-Benefício (C/B) para GIS é realizada para auxiliar no planejamento de uma organização, o que permite entender melhor as contrapartidas das demandas que competem por investimentos e recursos organizacionais. Também proporciona utilidade nos processos de auditoria, permitindo avaliar o que ocorreu retrospectivamente depois que o GIS foi posto em prática, além de preparar e apoiar os gestores na tomada de decisão.

A análise C/B para GIS tem algumas peculiaridades que a diferencia da análise de sistemas de informações não-espaciais (SI). O custo de aplicações GIS são maiores devido à aquisição e gestão de dados, que devem atender tanto aos dados descritivos (tabulares) quanto aos cartográficos. Além disso, quando comparados às aplicações SI, os GIS tendem a ser mais ligados ou combinados com outros sistemas de software e tecnologias, tais como sistemas de informação de marketing, CRM, BI, ERP, sensoriamento remoto e tecnologia GPS. A análise se torna complexa, pois é difícil separar os custos e benefícios do GIS daqueles relativos aos outros sistemas e tecnologias, como mostra a figura a seguir.

Análise de um GIS não integrado a outros sistemas




Análise C/B de um GIS estreitamente integrado com outro sistema de tecnologia




Planejamento, auditoria e tomada de decisão

Os custos de um projeto GIS devem abranger hardware, software, consultoria, coleta e conversão de dados, projeto e construção de base de dados, treinamento, licenças, desenvolvimento de aplicações e contratação de funcionários.

São muitos os benefícios tangíveis, como a redução da força de trabalho, produtividade e desempenho melhorados, expansão das receitas e valores mais altos de ativos. Existem também os intangíveis, como a melhoria na tomada de decisão, alcance de objetivos estratégicos, melhoria da eficiência operacional, redução de erros, identificação de fontes de receitas perdidas, entre outros.

A análise custo-benefício pode ser traduzida em termos financeiros como o Return on Investment (ROI), um termo muito utilizado no meio financeiro, pois representa o retorno que determinado investimento oferece. No caso de projetos de TI e GIS, o ROI deve ser visto como uma análise financeira de como o projeto afeta o resultado da organização ao longo do tempo. Custos, potenciais economias e aumento de receitas são as principais características que costumam ser avaliadas para a tomada de decisão sobre os investimentos. Para esse tipo de análise, normalmente são usadas técnicas tradicionais de administração financeira, tais como:

• Valor Presente Líquido (VPL) expresso em valores monetários, calculado pela soma de novas receitas e economias futuras descontadas (trazidas para o valor presente) a uma taxa de juros apropriada, menos o custo do investimento inicial, expresso em valores monetários e ao longo do tempo (por exemplo, 86 mil reais em dois anos);
• Tempo de Retorno do Investimento (TRI) expresso em meses. É determinado pelo tempo necessário que que o VPL se iguale ao Custo do Investimento Inicial (CII);
• ROI propriamente dito é determinado pelo VPL dividido pelo CII e expresso em porcentagem e ao longo do tempo (por exemplo, 230% em três anos).

Este é um conceito que causa impacto, pois seu significado parece evidente e de fácil compreensão. O ROI pode servir como um bom indicador, principalmente quando se comparam diferentes projetos que estejam disputando recursos. Entre os benefícios para um projeto de GIS que devem ser incluídos no cálculo do ROI estão:

• Gerar receitas adicionais, atraindo novos clientes;
• Desenvolver novos negócios com os clientes atuais;
• Reduzir custos de logística (estoque, transporte) e outros custos operacionais;
• Reduzir custos financeiros.

Cabe ressaltar outras questões importantes nos projetos de GIS, como a vantagem competitiva que a empresa irá adquirir com a informação disponível (e que desvantagem, se não a tiver) e que novos nichos ou fatias de mercado poderão ser atingidas.

Mas que vantagens competitivas a empresa terá com a geoinformação?

A análise custo-benefício e o cálculo do ROI são ferramentas indispensáveis aos gestores e usuários, permitindo disputar e gerir recursos de maneira clara e eficiente, além de apoiar processos de controle de qualidade dos projetos. Já para os fornecedores de GIS, as apresentações de produtos e projetos podem ser mais claras aos clientes e causarem maior impacto, o que já podemos ver em alguns white papers publicados na mídia.

Pedro Guidara JuniorPedro Guidara Junior
Especialista em engenharia de geoinformação, engenheiro cartógrafo, mestre em engenharia – informações espaciais pela EP-USP, diretor da Metalocation
pedro@metalocation.com.br