Projeto pioneiro na Cidade do Rio de Janeiro

Em abril passado, a cidade do Rio de Janeiro deu início a um projeto pioneiro no Brasil: o desenvolvimento do Sistema de Gestão de Obras em Vias Públicas (Geovias), que permitirá à cidade, em menos de um ano, unificar as informações das redes subterrâneas das diferentes concessionárias de serviços.

Para o desenvolvimento do projeto, está sendo criado um consórcio de empresas formado pela CEG-Gas Natural , Light, Oi e Cedae, que conjuntamente com a Prefeitura do Rio de Janeiro – através do Instituto Pereira Passos (IPP), Secretaria de Conservação, Rio-Águas, CET-Rio e Iplan-Rio – irão integrar os seus dados em uma única base. As demais concessionárias, que operam no subsolo da cidade, gradualmente também adicionarão seus cadastros de redes ao sistema resultante. É o caso das empresas de telecomunicações Embratel e GVT, que também já estão participando do projeto. Espera-se a adesão de outras empresas nos próximos meses.

O sistema vai associar o cadastro das redes elétricas, de gás, telecomunicações, água, esgoto, drenagem, iluminação pública, rede semafórica e de câmeras de monitoramento da cidade aos mapas e ortofotos do Rio de Janeiro, fornecidos pelo IPP. O projeto, que está sendo desenvolvido pelo grupo espanhol Nipsa, será implantado inicialmente na região administrativa do Centro do Rio e mais tarde estendido a toda a cidade, integrando no mesmo sistema a maior parte dos serviços públicos.

O cadastro desenvolvido no Rio de Janeiro será semelhante a sistemas em funcionamento em outros países. Um destes exemplos bem sucedidos foi apresentado a uma delegação técnica do consórcio carioca em uma visita à Barcelona, em março. Na ocasião, a equipe teve a oportunidade de conhecer de perto o impacto positivo de um projeto similar que começou quando a cidade espanhola preparava-se para os Jogos Olímpicos de 1992. O Rio de Janeiro está passando, da mesma maneira, por um grande crescimento e modernização das suas infraestruturas, motivados pelas obras para a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016.

Módulos

O projeto está sendo estruturado inicialmente em três módulos funcionais: o primeiro permitirá unificar, em um único banco de dados georreferenciado, os cadastros de redes de todas as concessionárias, de modo que a Prefeitura terá, à sua disposição, a informação mais atualizada das infraestruturas. Para esse fim, será necessário acessar os suportes digitais de origem da informação, assim como os sistemas que cada empresa utiliza para administrar suas infraestruturas. Na diversidade dos sistemas encontra-se uma das dificuldades do projeto: acessar diferentes sistemas baseados em tecnologias distintas (Smallworld, Esri, AutoCAD, Microstation, Sagre, etc.), para finalmente criar um modelo de dados unificado adequado a todas as redes disponíveis.

Esse banco de dados poderá ser acessado via internet, pelas concessionárias, com os mecanismos de segurança necessários, de modo que cada uma delas conhecerá o traçado das outras redes, assim como as interferências das mesmas. Será permitido baixar as informações do sistema e, como utilidade mais imediata, há a possibilidade de que os novos projetos de ampliação, modificação ou atuações não programadas na rede possam dispor da informação dos serviços prontamente, o que agilizará de maneira notável a realização dos trabalhos.

Projetos e obras

O segundo módulo criará um sistema de trabalho eletrônico para a tramitação de projetos e concessão de licenças de obras às concessionárias por parte da Prefeitura. A aprovação de um projeto requer uma análise técnica que envolve diferentes áreas da Prefeitura, localizadas em alguns casos em locais geograficamente dispersos, com a participação de um número elevado de órgãos e um alto fluxo de autorizações e esclarecimentos. Através da gestão eletrônica dos expedientes, a análise e tomada de decisões será agilizada e permitirá consultas rápidas sobre a tramitação dos projetos, tanto internamente (dentro da Prefeitura), como nas diferentes concessionárias, reduzindo prazos de maneira significativa.

Com esse tratamento digital dos processos, será possível a coordenação das atuações de várias concessionárias numa mesma obra, reduzindo o número total de empreendimentos e coordenando a execução das mesmas de modo que o impacto na via pública seja o menor possível.

Acompanhamento

Um terceiro módulo permitirá a integração com as câmeras situadas na via pública e a visualização em streaming do espaço urbano, assim como a sincronização com o sistema de cadastro e acompanhamento, das reclamações referentes a intervenções nas vias públicas.

A aplicação Geovias terá vários ambientes, com diferentes funcionalidades e nível de acesso à informação. Foram estabelecidos três níveis: um deles de administração e acesso total e privativo para a Prefeitura, outro de gestão para as concessionárias e um terceiro de consulta de obras previstas e em execução para o cidadão.

As vantagens do novo sistema são enormes: permitirá o conhecimento exaustivo das infraestruturas do subsolo da cidade, facilitará à Prefeitura o estudo técnico dos novos projetos e a concessão de licenças de obras, possibilitará a coordenação nas atuações da via pública, permitirá minimizar o impacto das obras sobre o trânsito e sobre os cidadãos, etc.. Em resumo, melhorará a qualidade do serviço que a Prefeitura presta aos cidadãos e que as concessionárias oferecem aos seus clientes.

Como suporte para o desenvolvimento do projeto, será usado um Sistema de Informações Geográficas baseado em tecnologia Esri com ArcGIS Server Enterprise Advanced 10.0 sobre SQL Server 2008. A linguagem de programação escolhida é .NET (C#), seguindo os padrões do OGC e usando Flex como interface web enriquecida.

+Info
www.rio.rj.gov.br/web/seconserva
www.rio.rj.gov.br/web/ipp
www.nipsa.es

Luiz Roberto Arueira da Silva
Engenheiro civil formado pela Universidade Federal Fluminense. Gerente de Geoprocessamento da Diretoria de Informações da Cidade, Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos – Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro
luizrarueira@gmail.com