As medidas para conter os efeitos das mudanças climáticas, em todo o mundo, apresentaram uma evolução considerável nos últimos anos. Um dos exemplos disso se refere à novas metodologias de mensuração de carbono, que, por meio de ferramentas sofisticadas, como as de geoprocessamento, contribuem para a geração de melhores estimativas sobre a redução do dióxido de carbono na atmosfera.

Outro fator interessante é que, apesar de o assunto já estar em pauta em muitas universidades do Brasil, o uso das geotecnologias em projetos de mensuração de carbono é um tema recente, porém em ascensão em várias esferas de discussão.

Edson Bolfe, engenheiro florestal e pesquisador da Embrapa Monitoramento por Satélite, explica que com o uso das geotecnologias, nessa área, é possível tirar estimativas concretas sobre as florestas, por exemplo, facilitando o trabalho e reduzindo custos. “No Brasil, isso é incipiente. Mas já contamos com programas, como a Agricultura de Baixo Carbono (ABC), do Ministério da Agricultura, que usa geotecnologias”, completa.

Moeda ambiental

Os Créditos de Carbono foram estabelecidos com a Conferências das Partes, realizada em  1997, quando foi estabelecido o Protocolo de Kyoto. Consistem em certificados emitidos a instituições que conseguirem atingir uma meta de redução de carbono e outros demais gases do efeito estufa (GEE) . Isso deu início a comercialização dos créditos, atualmente bastante difundida, principalmente nos países desenvolvidos. Na medida internacional, para avaliação dos créditos, ficou estabelecido que uma tonelada de dióxido de carbono equivale a um crédito.

Para que o Protocolo de Quioto possa atingir seu objetivo de redução de esmissões, foram criados 3 mecanismos de flexibilização, dentre eles o mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL), o único que o Brasil pode desenvolver projetos.

Para quantificar o dióxido de carbono a ser removido, ou que será lançado, são feitos vários cálculos. Nessas estatísticas, se destaca o uso das ferramentas de geoprocessamento, como as imagens de satélite.

Os projetos de carbono para MDL podem ser desenvolvidos para várias áreas, como energia, processos industriais, tratamento de dejetos, reflorestamento, como explica o Professor Carlos Roberto Sanquetta, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que destaca também o papel das pesquisas voltadas a conservação e manutenção de florestas apesar dessas não estarem contempladas no Protocolo de Quioto como possíveis de projetos.

O Professor Sanquetta comenta sobre as especificações necessárias aos projetos de MDL de reflorestamentos: “Os projetos de reflorestamento visam comprovar que foram plantadas árvores em uma área que não tinha árvores nem florestas, e que estas permanecerão por um bom tempo fazendo a fotossíntese. Há várias regras para que os projetos se tornem elegíveis, como as metodologias que lançam mão das geotecnologias. Para comprovar que não houve desmatamento em uma região, o uso das imagens de satélite é a forma mais imediata que obter essas informações. Além disso, é possível usar instrumentos como GPS, cartografia, SIG, aerofotogrametria ”.

Ainda, para que os projetos tenham eligibilidade, é preciso comprovar que, na área de desenvolvimento do projeto, na data de 31 de dezembro de 1989, não existia florestas, de acordo com a definição brasileira houve desmatamento depois de 31 de dezembro de 1989, segundo estabelecido pelo Protocolo de Kyoto.

Confira abaixo a explicação detalhada e exclusiva do Professor Sanquetta e da pesquisadora em Manejo e Inventário Florestal e Projetos de Carbono e Geotecnologias Ana Paula DallaCorte, da Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná, sobre os estudos de carbono e geoprocessamento.

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