MundoGEO continua a série de pesquisas sobre o mercado de geotecnologia. Os Veículos Aéreos Não Tripulados para mapeamento são tema desta edição

No início de 2012 a revista MundoGEO iniciou uma série de pesquisas de mercado com o objetivo de esquadrinhar o setor de geomática e soluções geoespaciais na América Latina. Já foram abordados o sensoriamento remoto, Sistemas Globais de Navegação por Satélite (GNSS), Sistemas de Informação Geográfica (GIS) e estações totais.

Tema das matérias de capa da edição 60 da revista InfoGEO e do número 70 da MundoGEO, os Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs) já são uma realidade no setor de mapeamento, e agora o que se debate não são mais as possibilidades de aplicação, mas sim a qualidade dos produtos gerados, a automatização dos processos e a regulamentação do setor.

Tecnologia que ganha cada vez mais usuários a cada dia, os VANTs podem ser usados para diversas aplicações, desde inteligência e defesa, até a produção de mapas. Também podem ser utilizados na detecção de manchas de óleo no oceano, rastreamento e identificação das praias em risco, monitoramento de deslizamentos de terra, mapeamento e estudo de florestas e regiões de interesse ecológico, levantamentos de áreas rurais de aspectos agropecuários, medição da composição do ar e de níveis de poluição, inspeção de grandes estruturas, levantamento de ocupação urbana e prospecção topográfica, mineral e arqueológica, entre outross.

A pesquisa sobre VANTs contou com mais de 400 participantes em apenas dois dias. Veja um extrato dos resultados!

Gráfico VANTsGrafico VANTs

Modelo de Negócios

Como este ainda é um mercado em desenvolvimento, uma das perguntas abordou o modelo de negócio mais adequado. Para 62,4%, o ideal seria adquirir e manter o próprio VANT, enquanto os outros preferem contratar o serviço a partir de empresas especializadas. Já sobre o tipo de equipamento utilizado, pouco mais da metade (51,3%) está pesquisando o uso de equipamentos de asa fixa, enquanto 17,4% usa VANTs de asa removível, 15,6% multi-rotor e 6,9% dirigível.

A classificação dos VANTs ainda não é consenso entre a comunidade mundial. Eles podem ser classificados de acordo com seu porte, sob o ponto de vista funcional, etc.. No caso do tamanho dos VANTs, mais da metade dos profissionais que responderam a pergunta (54,5%) usa VANTs de pequeno porte ou mini VANTs (de 2 a 7 quilos), 18,1% usa veículos de médio porte (aproximadamente 7 a 25 quilos), 15,7% os nano/micro VANTs (menos de 2 quilos) e apenas 7,4% trabalha com grande porte (similar a pequenos aviões). Este resultado já era esperado, já que os veículos maiores são mais utilizados para o setor de defesa.

Decolagem e Pouso

Assim como há diversos tipos de VANTs, também a forma de decolagem e pouso varia de acordo com a função, porte, tecnologia, etc.. Para os profissionais que responderam a pesquisa, 31,5% prefere veículo que decola de forma manual (arremessado), enquanto 25,5% escolheu a forma vertical/automática, 24,9% pista e 13,4% catapulta. Para o pouso, quase metade (45,5%) prefere superfície qualquer (pasto, gramado, etc.), 24,4% pouso vertical e 22,9% pista.

Conhecimento e Legislação

A regulamentação dos VANTs para uso comercial, no Brasil e no mundo, ainda carece de regras mais claras, segundo os pesquisadores e profissionais que responderam a pesquisa. Perguntados se conhecem a legislação de VANTs no Brasil, apenas 28,7% respondeu que sim. Por outro lado, parece que a legislação não seria um entrave, pois em uma pergunta sobre o motivo pelo qual ainda não utiliza VANTs, apenas 11% comentou que seria a falta de regulamentação clara. Neste quesito, a maioria (28,5%) declarou que o principal obstáculo ainda é o uso dos equipamentos, 27,6% a falta de conhecimento e 1,2% a falta de adaptação.

Dentre os desafios para o setor de VANTs, pode-se destacar a divulgação efetiva da legislação vigente, as dificuldades na fiscalização, a falta de uma cultura aeronáutica nas empresas de mapeamento, a ausência de requisitos para certificação, o atendimento às necessidades e interesses das empresas e, principalmente, a garantia da segurança de voo.

Dentre os comentários dos participantes da pesquisa, a maioria não foi identificada, mas o principal tema é a legislação (ou falta de) sobre VANTs. Segundo um participante, ainda falta “popularizar os VANTs, divulgar resultados e a facilidade de manejar o equipamento, e uma política pública para que possa ser adquirido sem os juros de mercado e com linha de crédito diretamente do BNDES”.

O ritmo dos órgãos governamentais para definição da legislação também tem sido muito comentado pela comunidade cartográfica. Outro participante – que não se identificou – declarou que “falta regulamentar melhor. As instituições governamentais não acompanharam a evolução tecnológica”.

A próxima pesquisa terá como tema o Laser Scanner 3D. Participe e conte-nos sua experiência! Os resultados serão compartilhados com a comunidade, pelo portal e revista MundoGEO.


Legislação

No Brasil, existem três documentos oficialmente emitidos que versam especificamente sobre VANTs: a Circular de Informações Aeronáuticas (AIC) N 21/10, a Decisão 127 e a Instrução Suplementar (IS) 21-002A


Guia de Empresas de VANTs

O Portal MundoGEO lançou recentemente uma seção de VANTs no Guia de Empresas. A criação desta nova categoria reflete a demanda e o interesse pelo assunto, que será tema de um seminário durante o MundoGEO#Connect LatinAmerica 2013, que acontece de 18 a 20 de junho em São Paulo (SP)