Por Alexandre Scussel

Companhias se organizam para fundar o Instituto Brasileiro de Empresas de Geomática e Soluções Geoespaciais. Desenvolver o mercado nacional e influenciar positivamente as políticas públicas do setor são prioridades do IBG. Associadas ganharão espaço no mercado exterior

Em reunião realizada em São Paulo (SP), no dia 23 de abril, 17 empresas atuantes no mercado nacional de geotecnologia assinaram um acordo para fundar o Instituto Brasileiro de Empresas de Geomática e Soluções Geoespaciais (IBG). O encontro foi realizado na sede da Associação Brasileira de Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde), com participação da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).

O novo Instituto configura-se como uma entidade sem fins lucrativos, que tem como missão promover o desenvolvimento do mercado nacional de geotecnologia, visando criar uma indústria competitiva, sustentável, ética e socialmente responsável. Dentre as empresas presentes na reunião, 17 representantes assinaram o documento de fundação do IBG. Todas as empresas que tenham interesse e sejam atuantes no mercado nacional de geomática e soluções geoespaciais podem se associar ao Instituto.

Durante o encontro foi constituído um conselho deliberativo provisório, presidido por Emerson Granemann, diretor do MundoGEO. “A primeira reunião foi marcada pela presença de grandes empresas do setor que, ao assinar o acordo, concordaram em fundar um Instituto que tem como princípios e valores a atuação focada nos temas de interesse geral da indústria e, dessa forma, não atuar em questões comerciais particulares e/ou individualizadas, promovendo o respeito às opiniões que se caracteriza pela busca de consenso na atuação”, afirmou.

A expectativa do Conselho é realizar uma assembleia para eleger o primeiro conselho deliberativo e diretoria do Instituto, para um mandato com duração de três anos. Este encontro será realizado durante o evento MundoGEO#Connect LatinAmerica 2013, que acontece em São Paulo, de 18 a 20 de junho. Mais informações em www.mundogeoconnect.com.

Associados

A reunião de fundação do IBG foi marcada pela presença de duas importantes instituições: a Apex, representada por Marcio Dias Almeida, que destacou histórias de sucesso de demais institutos e associações setoriais que ampliaram os negócios de seus associados no mercado externo; e a Abimde, que estava representada pelo seu vice-presidente, Carlos Pierantoni, o qual ressaltou a importância de uma associação de empresas e os principais desafios até ela se consolidar como liderança setorial.

IBGPara Kleber de São José, Gerente de Vendas da Furtado Schmidt, uma das empresas fundadoras, a criação do IBG é muito importante para o setor, para o seu fortalecimento e conquista de benefícios. “A Furtado Schmidt está sempre atuando de forma correta e alinhada com as possibilidades que o mercado pode oferecer, por isso fizemos questão de participar e ajudar na fundação do Instituto, que está sendo criado em um momento importante, quando as empresas precisam se unir e, em busca de um bem comum, trabalhar mais fortalecidas”, afirmou. Segundo Iara Musse Felix , Diretora da Santiago & Cintra Consultoria, “existe a necessidade de uma estruturação institucional para a atuação conjunta e eficaz das empresas do setor, visando seu crescimento de forma sustentável face às inúmeras necessidades, demandas governamentais crescentes e não avaliadas adequadamente e as novas oportunidades do mercado.”

A criação do IBG contou com o apoio de instituições importantes para o país, como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Parabenizo a iniciativa; espero que esta instituição venha bem representar o setor neste momento em que o uso de geoinformação tanto se dissemina pela sociedade em geral”, afirmou Wadih João Scandar Neto, Diretor de Geociências do IBGE. Para José Carlos Epiphanio, pesquisador titular do Inpe, a iniciativa é importante para o setor. “A comunidade mais à jusante da área aeroespacial deve ter um pouco mais de voz e representação no cenário espacial brasileiro”, afirmou o pesquisador.

Metas e prioridades

Segundo Emerson Granemann, algumas prioridades da primeira gestão já estão sendo discutidas, tais como: promover pesquisas sobre o número de profissionais que atuam nas empresas do setor; realizar enquetes junto aos grandes usuários, sobre demandas de produtos e serviços; agendar uma reunião com o Ministério do Planejamento e Gestão para solicitar um lugar na Comissão Nacional de Cartografia (Concar); mapear fontes de recursos de fomento para serem usadas em projetos de inovação para o setor; elaborar um projeto para a produção de bases de dados em escala nacional para apresentação junto ao Governo Federal; e realizar ações junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para agilizar a legislação sobre o uso de VANTs no Brasil.

Para Iara Musse Felix, entre as ações relevantes do IBG para atuação nos setores públicos e privados, está a “apresentação, principalmente aos diversos setores governamentais, da alta capacidade técnica das empresas brasileiras em prover soluções e serviços de alta qualidade e precisão, os quais poderão atender a inúmeras necessidades já identificadas, e contribuir consideravelmente com os processos técnicos e também de gestão dos projetos e programas de governo em diversas áreas de atuação”. Ainda de acordo com a Diretora, outro ponto relevante do IBG é “estimular ações e projetos integrando as empresas do setor e instituições de pesquisa e universidades para atender demandas atuais e futuras do Brasil, inclusive com a formação de profissionais especializados, fator este de suma importância para o crescimento sustentável do setor.”

De acordo com Fernando Schmiegelow, Diretor de Marketing da Sisgraph, uma das 17 empresas que assinaram o acordo para criação do IBG, o grande mérito do Instituto é reunir as principais empresas do setor que, juntas, tem um poder maior de negociação junto aos órgãos públicos que possuem relação com o mercado. “Todos os esforços acabam se direcionando para a expansão do uso das geotecnologias no país e, consequentemente, para o acesso a informações precisas, rápidas e integradas”, afirmou o executivo.

Objetivos do IBG

Os principais objetivos do IBG são: representar as empresas associadas nos fóruns de governo, nacionais e internacionais, envolvendo temas relevantes; disseminar as informações da indústria geoespacial, congregando, desenvolvendo e disponibilizando estudos e análises, incluindo aspectos econômicos, conjunturais e de mercado; melhorar o ambiente regulatório, influenciar positivamente a formulação de políticas públicas e a regulamentação da indústria, visando melhorar o ambiente de negócios, a livre competição e a atratividade dos investimentos; fomentar a exportação, formular, desenvolver e executar projetos de fomento à exportação dos produtos e dos serviços de geotecnologia dos seus associados, bem como para a necessária captação de recursos.

Destaque internacional

Por meio do IBG, empresas interessadas em expandir seus negócios e ganhar visibilidade internacional poderão participar do Intergeo, maior evento voltado ao mercado de geotecnologia, que acontece anualmente na Alemanha. Através de uma parceria efetivada com a Apex, o Instituto poderá ter acesso a recursos para viabilizar a participação de empresas brasileiras no evento. Em 2013, o Intergeo irá acontecer na cidade de Essen, de 8 a 10 de outubro, e o IBG já reservou junto à organização do evento um espaço exclusivo para abrigar empresas brasileiras – o Pavilhão Brasil.

De acordo com Felipe Seabra, Gerente de Marketing da Geoambiente, o Instituto pode contribuir significativamente levantando questões, necessidades e sugestões de ganhos das empresas do segmento frente ao Governo Federal e ao mercado internacional. “Decidimos participar como sócios-fundadores do IBG pois identificamos seriedade, transparência e neutralidade nas propostas do Instituto”. Para o executivo, o potencial do mercado brasileiro de geotecnologia deve ser pesquisado e aproveitado. “Devemos ampliar o entendimento e discussão das tendências, novas tecnologias e entrada dos grandes players mundiais no território nacional”, completou.

IBG - Destaque Internacional

Assinaram como fundadores do Instituto Brasileiro de Geomática e Soluções Geoespaciais (IBG) os dirigentes das empresas Furtado & Schmidt, Embratop, Engemap, Imagem, Unidesk, Alezi Teodolini, Geoambiente, MundoGEO, Métrica, Leica Geosystems, Inovação, Geoconsult, Santiago & Cintra Geo-Tecnologias, Santiago & Cintra Consultoria, Satmap, Sisgraph e Somenge.