O uso de técnicas de geomarketing para o setor florestal

Da redação

Entre os meses de fevereiro e julho de 2013 foi realizado pela empresa Holtz Consultoria um trabalho de estudo de mercado relativo à oferta e demanda por madeira de florestas plantadas utilizando imagens de satélite. A área de abrangência desse estudo foi entre as regiões sudeste do Estado de São Paulo e o leste do estado do Paraná.

Com o objetivo de obter dados espaciais com confiança que servem de base para esse tipo de trabalho, foram utilizadas imagens de satélite Landsat 7 disponíveis e que possuem resolução espacial de 30 metros. A metodologia do trabalho incluiu a ortorretificação das imagens e classificação supervisionada de uma série de sete imagens, diferenciando os plantios comerciais dos gêneros Pinus e Eucaliptos. Após esses processos foram produzidos vários mapas de campo com os plantios extraídos da classificação, nos quais foram quantificadas as áreas por espécie. Com estes mapas, as equipes de campo foram levantar diversos dados, tais como crescimento do reflorestamento, destinação de uso da madeira, e também verificar se os reflorestamentos estavam corretamente classificados. Além disso, foi feita uma atualização da base cadastral das empresas e proprietárias de florestas comerciais e também de empresas consumidoras, e foram apuradas as especificações quanto à demanda por matéria-prima utilizada.

Após esse processo, foi construído um banco de dados no qual foram feitos vários cruzamentos e correlações de dados utilizando as técnicas de geomarketing. Segundo o diretor da Holtz Consultoria, o engenheiro florestal Mário Wanzuita, as crescentes restrições ambientais e o aumento da pressão sobre o uso da terra fazem da utilização de imagens orbitais de baixa e média resolução espaciais, importantes fontes de dados para o monitoramento de grandes extensões territoriais, sendo que seu uso pode ser justificado principalmente pelo menor custo de aquisição quando comparado com fotografias aéreas e imagens de alta resolução. Além da gestão territorial, técnicas de geomarketing são cada vês mais indispensáveis para, por exemplo, a caracterização geoespacial dos mercados, definição logística de transportes, caracterização das fontes de matéria-prima, centros de consumo, definição de sites, etc..

Conforme o engenheiro cartógrafo Fabricio Pereira Barbosa, consultor em geotecnologias que auxiliou a Holtz nesse projeto, foi aplicado um tratamento digital específico nas imagens que realçou os diversos reflorestamentos. Segundo ele “as imagens Landsat têm sido muito úteis para esse tipo de trabalho, pois abrangem áreas muito extensas e possuem resolução bastante propícia para a finalidade deste estudo. Tivemos a preocupação de que os dados não tivessem falhas e, por isso, houve uma grande revisão e edição dos dados antes e, principalmente, depois que as equipes de campo vieram com os dados levantados. Esse repasse rigoroso dos dados é necessário, pois definimos com bastante confiança as áreas dos reflorestamentos e também para compilar os dados dentro do ambiente de Sistema de Informações Geográficas (SIG), no qual foi possível fazer o cruzamento dos dados e as diversas análises exigidas para esse tipo de trabalho, que é bastante complexo”.

Os dados finais foram entregues a uma grande empresa de reflorestamento com sede no estado do Paraná, em um relatório no qual constam todos os dados tabulados, com as diversas análises e considerações, e um conjunto de 12 mapas, sendo 11 na escala 1:125.000, com as diversas pranchas que cobriram toda a área de estudo, e um geral na escala 1:2.000.000, com a distribuição espacial dos plantios na região de estudo. Entre as informações contidas nos mapas, além das áreas de reflorestamento com códigos por proprietários e empresas, foram inseridas as rodovias principais e secundárias, sedes municipais e localidades.

Fundamentalmente, este trabalho demonstrou que o perfil da propriedade florestal tem se modificado ao longo dos anos; a estrutura de produção florestal totalmente verticalizada, que no passado viabilizou grandes empreendimentos, hoje também passa a ser de pequenos, médios e grandes investidores, que vêem no negócio florestal uma oportunidade de diversificar o investimento, reduzindo o risco para a obtenção de ganhos.