O entendimento não se constrói sobre as diferenças, mas sobre o reconhecimento daquilo que nos une

Imaginem a seguinte situação: durante quatro semanas se reúnem representantes da sociedade para elaborar estratégias e um plano de ação para o setor geoespacial no Brasil. Na primeira semana são discutidos os problemas existentes e suas correlações, na segunda são definidas as soluções para os desafios da semana anterior. E na terceira e quarta semana são definidas as ações a serem implementadas, os prazos, as formas de monitoramento dos resultados, o orçamento e os responsáveis pela implementação do plano.

Pode parecer simples demais, mas ouso dizer que se tal evento acontecer, com a presença de representantes legítimos e com poder de decisão do governo, empresas, profissionais e entidades de ensino do setor, poderemos ter uma grande e feliz surpresa.

Alguns pré-requisitos teriam que ser alinhados no início das atividades, como deixar para o passado as diferenças históricas dos grupos envolvidos, evitar corporativismos, trabalhar com os pontos de interesse comum e ter uma visão a longo prazo. Outro ponto importantíssimo seria pensar no setor geoespacial não como um fim por si mesmo e sim como uma ferramenta de suporte à decisão neste momento importante de maturidade econômica, social e política que o Brasil está alcançando.

O Brasil precisa de um projeto completo para este setor, que aponte soluções plenas e integradas para qualificar melhor a nossa mão de obra, dar sustentabilidade para as empresas crescerem e se manterem competitivas, com o governo ouvindo mais o que pensam os demais segmentos do mercado e definindo melhor suas políticas de investimentos neste setor.

Temos hoje instituições que podem muito bem representar os seus papéis neste desafio. Agrimensores, cartógrafos, geógrafos e outras profissões mais diretamente envolvidas têm suas associações e podem participar junto com representantes das universidades que oferecem este cursos. As empresas têm hoje duas entidades que as representam, a Associação Nacional de Empresas de Aerolevantamentos (Anea) e o recém-criado Instituto Brasileiro de Empresas de Geomática e Soluções Geoespaciais (IBG). E, por fim, o governo tem como principais representantes hoje o Ministério da Defesa e o Ministério do Planejamento e Gestão, que vêm fazendo um grande esforço de integração com as entidades federais e estaduais que, por sua vez, dão apoio aos municípios. Representantes destas entidades seriam muito bem-vindos. E, por último mas não menos importante, cito a Sociedade Brasileira de Cartografia (SBC) que, apesar de muito enfraquecida, quando – e se – for reinventada pode ajudar neste esforço.

Falta só agora marcar a data e o local para este evento fictício poder virar realidade. Esta proposta de “isolamento”, rapidez e foco é uma provocação para que os envolvidos pensem em ações assertivas. Todos os citados, do seu jeito, estão tentando fazer alguma coisa, mas na minha opinião os movimentos têm sido muito desconectados.

Um pacto do setor, unido pela importância do Fator Geoespacial para apoiar o desenvolvimento do país nas esferas federal, estadual e municipal, deve inspirar a construção de um Plano Nacional que permita atender a maioria das expectativas dos grupos envolvidos. O passado nos ensinou que ações isoladas não dão certo. Então, que o presente possa ser de atitudes integradas e efetivas para um futuro melhor.

Emerson Zanon GranemannEmerson Zanon Granemann

Engenheiro cartógrafo, diretor e publisher do MundoGEO

emerson@mundogeo.com