livro-ipea-brasil-integracaoColetânea de artigos aborda assuntos como infraestrutura, instituições, políticas sociais, entre outros

Ipea lança coletânea de dez artigos sobre papel desempenhado pelo Brasil na integração regional latino-americana. A publicação ‘O Brasil e novas dimensões da integração regional’ aborda diversas questões relacionadas à integração regional, como instituições, políticas sociais e infraestrutura.

Segundo o organizador do livro, Walter Desiderá, o objetivo da obra é “analisar a relação entre o Brasil e as novas dimensões da integração regional no continente” dez anos após a assinatura do Consenso de Buenos Aires, em 2003. A declaração, assinada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por Néstor Kirchner, à época presidente da Argentina, afiançava que o bem-estar dos povos constituiria objetivo prioritário de seus governos, além de afirmarem a vontade de cooperação bilateral e regional.

O primeiro capítulo da obra, escrito pelo organizador em parceria com Marcelo Passini Mariano, Raphael Padula, Michelle Carvalho Metanias Hallack e Pedro Silva Barros, aborda as relações do Brasil com a região em questões relacionadas à “formulação da política externa brasileira pra a região, à arquitetura das instituições regionais de integração, às questões regionais de segurança e à interligação das infraestruturas de energia no continente”. O capítulo tem objetivo de contextualizar o panorama das relações internacionais contemporâneas na região, de forma a familiarizar o leitor com os temas que serão abordados nos capítulos seguintes.

Já o segundo capítulo, de José Renato Vieira Martins, apresenta uma análise de novas iniciativas de caráter social e participativa nos anos 2000. Para o autor, iniciativas de âmbito doméstico tomadas pelos países do Mercosul a fim de combater a pobreza resultaram em reforço à implantação de estratégias regionais de cunho social.

A dimensão parlamentar do Mercosul é o tema do terceiro capítulo, escrito por Karina Lilia Pasquariello Mariano e Bruno Theodoro Luciano. Os autores discutem a existência de déficit democrático na integração regional. No artigo, eles avaliam propostas em tramitação no Congresso Nacional para eleições diretas para o Parlasul. Já no quarto capítulo, Wagner de Melo Romão analisa o desenvolvimento de programas de transferência condicionada, que são importantes instrumentos de combate à pobreza na região. Os países estudados pelo autor foram Bolívia, Colômbia, Equador e Peru.

O autor do quinto capítulo, Marcelo Passini Mariano, parte de uma análise da política externa brasileira para uma discussão sobre limites institucionais e possibilidades de mudança que possibilitem uma maior integração das infraestruturas físicas sul-americanas, com foco especial para o setor de energia. No capítulo seguinte, Raphael Padula aborda expectativas de mudanças na infraestrutura da região, como consequência da criação da Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (Iirsa), no ano 2000, até que fosse incorporada, em 2010, como órgão técnico do Conselho de Infraestrutura e Planejamento (Cosiplan) da União de Nações Sul-Americanas (Unasul). O autor identifica a constituição de um novo modelo de integração de infraestrutura na região a partir do ano 2000.

No sétimo capítulo, Michelle Carvalho Metanias Hallack discute a integração da indústria de gás natural, com atenção aos desafios institucionais necessários para que o processo ocorra. Para a autora, marcos institucionais suficientemente robustos são necessários para garantia de durabilidade aos investimentos e boa relação entre os agentes econômicos neles envolvidos.

Já o oitavo capítulo tem como objetivo entender se a abertura da conta financeira, no final do século passado, possibilitou aos países maior crescimento em investimentos ou no consumo, ou se, contrariamente, aumentou o endividamento externo e a vulnerabilidade a choques internacionais. Para isso, a autora, Daniela Freddo, examinou o comportamento do balanço de pagamento nas décadas de 1990 e 2000.

Fabio Luis Barbosa dos Santos trata dos empresários da soja conhecidos como “brasiguaios”, no capítulo 9. Para ele, é necessário um enfrentamento das assimetrias regionais para que seja possível um percurso saudável à integração. As relações entre Brasil e Paraguai também são tema do décimo capítulo. Nele, a autora, a partir de uma perspectiva etnográfica, busca retratar disparidades entre os dois países, que, para ela, justificam que haja projetos de cooperação dos dois lados.

Leia o livro ‘O Brasil e novas dimensões da integração regional’

Fonte: Ipea