Voltamos à revista MundoGEO, desta vez em dupla com o amigo Martin Jayo, para tirar o leitor da zona de conforto e discutir um pouco a (falta de) memória coletiva do brasileiro. Será que as geotecnologias podem ajudar de alguma forma?

Museu do Ipiranga, em São Paulo, na década de 1950 (Quando a cidade era mais gentil)

“O brasileiro não tem memória”: quem não conhece a expressão, em geral dita em tom de queixa ou lamento? É provável que você se lembre (e não há um trocadilho aqui) de tê-la ouvido inúmeras vezes, repetida pelos mais diversos motivos, justificados ou não.

E você já deve ter notado, também, que a expressão só faz sentido para um tipo particular de memória: a coletiva ou social. Entre os brasileiros há evidentemente muitas pessoas com excelente memória, assim como outras mais avoadas ou esquecidas. Certamente não é a esta faculdade que nos referimos ao dizermos, por vezes, que o brasileiro é um povo sem memória.

A noção de memória pode ser entendida de pelo menos duas formas. Em seu sentido mais simples e tradicional, que encabeça os verbetes dos dicionários, memória é a capacidade individual de reter informações ou lembrar acontecimentos, e como tal é objeto de estudos da medicina, da psicologia e da neurociência, entre outras disciplinas. Já a memória social ou coletiva é entendida em uma dimensão que ultrapassa o indivíduo, e seu conceito se desenvolveu na sociologia, sobretudo a partir do trabalho do sociólogo francês Maurice Halbwachs (1877-1945).


Este artigo, escrito por Eduardo de Rezende Francisco e Martin Jayo, faz parte da revista MundoGEO 80, edição que já está disponível no portal MundoGEO. Continue lendo o artigo Geomemória social e urbana.