Lançamento da plataforma Geoinfo também marca a adesão da Embrapa à Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais

Mapas de uso e cobertura das terras e de aptidão agrícola, zoneamentos e diagnósticos ambientais, levantamentos de solo, estimativas de degradação de pastagens, emissão de carbono e produção de água e muitos outros dados espaciais gerados pela pesquisa científica brasileira estão organizados e disponíveis ao público na plataforma Geoinfo – Infraestrutura de Dados Espaciais da Embrapa, lançada oficialmente durante as comemorações dos 45 anos da Empresa.

O acervo digital é inaugurado com 231 conjuntos de dados espaciais, base que irá aumentar à medida que novos resultados de pesquisa forem adicionados. A ocasião também marcará a adesão da Embrapa à Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (Inde), que unifica bases de informações espaciais produzidas em todo o País (veja quadro no fim do texto).

A plataforma Geoinfo oferece informações úteis para técnicos de diversas áreas e capazes de subsidiar ações de planejamento, gestão de recursos e elaboração de políticas públicas de diferentes setores. No âmbito da agricultura, os dados poderão contribuir, por exemplo, para o monitoramento da dinâmica de uso e cobertura das terras, para a avaliação da expansão das atividades agrícolas ou para compreender o impacto das mudanças climáticas sobre a produção de alimentos. Ao acessar o Geoinfo, o usuário pode pesquisar por palavra-chave, tema, região, instituição responsável, entre outras categorias, e fazer downloads dos dados de seu interesse.

Para os desenvolvedores da plataforma, a maior conquista foi organizar os dados gerados pela pesquisa e apresentá-los de forma amigável para que possam servir aos interessados. “Um desafio comum às instituições de pesquisa e desenvolvimento é organizar e compartilhar esse grande volume produzido de dados e informações geoespaciais de forma eficiente, que potencialize a sua utilização pela sociedade”, explica a especialista em gestão da informação da Embrapa Territorial (SP) Daniela Maciel, coordenadora do projeto.

O projeto GeoInfo

Iniciado em 2015, o projeto para implantação da Infraestrutura de Dados Espaciais da Embrapa teve como objetivo principal instituir um processo para a organização, preservação, qualificação e oferta dos dados espaciais da empresa de forma a perpetuar a prestação desse serviço para a sociedade. O trabalho seguiu padrões internacionais. “Essa iniciativa facilitará que tanto o público interno [da Embrapa] quanto o externo encontrem dados de pesquisas em geotecnologias e geoinformação, contribuindo inclusive para evitar a redundância de esforços e investimentos”, ressalta Debora Drucker, analista da Embrapa Informática Agropecuária (SP) que coordenou o grupo de trabalho inicial e liderou o projeto de implantação da plataforma GeoInfo até meados de 2016.

Profissionais da área de geotecnologias, gestão da informação e tecnologia da informação envolvidos no projeto consolidaram um conjunto de boas práticas para a curadoria e disponibilização dos dados espaciais. O trabalho teve início com o levantamento de informações e repositórios já existentes, como o GeoPortal, criado em 2008 pela Embrapa Solos (RJ), a Biblioteca Geoespacial da Embrapa Meio Ambiente (SP) e o Banco de Produtos Modis, da Embrapa Informática Agropecuária (SP). “A equipe trabalhou aspectos relacionados à qualidade dos dados e à sua catalogação, em especial a descrição dos metadados e a aplicação do vocabulário controlado criado para o tema, importantes para a recuperação da informação”, explica Daniela Maciel.

Geoinformações em software livre

A construção da plataforma foi baseada em software livre e ferramentas de código aberto, essenciais para garantir autonomia no desenvolvimento tecnológico e permitir que os dados sejam intercambiáveis. O sistema será expandido para todas as unidades da Embrapa, que poderão alimentá-lo com dados gerados por projetos de pesquisa. “Esse compartilhamento de informações vai valorizar ainda mais o trabalho colaborativo e contribuir não apenas para encurtar o processo de desenvolvimento de ‘novas soluções’, mas, fundamentalmente, aprimorá-las”, destaca Maciel.

Para o analista Job Vieira, da Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas da Embrapa (Sire), a execução do projeto permitiu a experimentação de resultados promissores, alinhados a uma lei governamental, e sua implantação operacional permitirá a apropriação de inovações gerenciais no âmbito da Empresa. “Pretendemos verificar as interfaces do processo de gestão da geoinformação com outras vertentes tático-institucionais, com o propósito de articular essa implantação corporativa na Embrapa”, ressalta.

A implantação desse novo processo corporativo contou com o apoio da Secretaria de Desenvolvimento Institucional (SDI) da Embrapa, uma das instâncias responsáveis pela governança de dados e informações. Para a chefe da SDI, Renata Bueno Miranda, os dados geoespaciais exemplificam a enorme quantidade e variedade de informações que a Embrapa produz como resultado do seu macroprocesso de inovação. “O apropriado armazenamento, preservação e compartilhamento responsável desses ativos é algo que tanto a ciência quanto a sociedade moderna têm exigido, para maior transparência, economia e eficiência no uso dos recursos públicos”, acrescenta.

Cultura de dados abertos

A Agenda 21, documento final da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), já destacava a importância das geotecnologias e reconhecia as dificuldades no acesso e utilização dos dados produzidos pelas instituições – geralmente encontrados de forma isolada, sem padronização e em sistemas que não conversavam entre si.

Essa preocupação impulsionou o estabelecimento de acordos de compartilhamento e a construção das chamadas Infraestruturas de Dados Espaciais (IDEs), abrangendo tecnologias, políticas e padrões para aquisição, processamento, distribuição e preservação da geoinformação.

As IDEs seguem padrões preconizados pelo Open Geospatial Consortium (OGC), organização fundada em 1994 por governos, universidades e setor privado, que hoje conta com mais de 500 membros atuando no desenvolvimento e aprimoramento de softwares livres e outras tecnologias para facilitar o intercâmbio de dados.

No Brasil, a criação da Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (Inde) também está inserida nesse contexto mundial de promoção da cultura de dados abertos na era digital. “A abertura dos dados públicos é uma forma de democratizar o acesso à informação, atende à demanda por mais transparência e amplia a participação e o engajamento da sociedade”, comenta Debora Drucker, da Embrapa Informática Agropecuária (SP).

Acesso livre a dados científicos

O acesso aberto a dados científicos ganha adeptos no mundo todo a partir de movimentos como o Open Science (Ciência Aberta), uma das frentes de atuação da Open Knowledge International. A organização foi criada em 2004 e conta com iniciativas em todo o mundo, inclusive no Brasil com a Open Knowledge Brasil, também chamada Rede pelo Conhecimento Livre.

Drucker ressalta que, no caso dos dados geoespaciais, quando seu ciclo de vida é documentado e aberto, amplia-se a possibilidade de agregar mais informações e, inclusive, melhorar o resultado científico. “Ao mesmo tempo em que estão em alta vertentes que tratam do grande volume de dados disponível hoje, como Big Data, e-Science e Ciência Intensiva em Dados, há inúmeros desafios sendo impostos à humanidade que serão enfrentados em melhores condições justamente a partir da análise de dados de qualidade oriundos de diversas fontes. É inevitável que, cada vez mais, as organizações assumam que estimular essa cultura de dados abertos será um bom negócio para todos”, acredita a pesquisadora.

Com informações da Embrapa

Geoinformação & Disrupção: Criando Novos Mercados

Como a cadeia produtiva da Geoinformação pode se adaptar às rápidas e constantes mudanças que estão ocorrendo e também buscar novos mercados?

Toda esta evolução digital está baseada em tecnologia móvel, a combinação de inteligência artificial e a observação da Terra, serviços automatizados de localização, big data e análises geográficas em tempo real.

No seminário Geoinformação & Disrupção, que vai acontecer no dia 15 de maio na abertura do MundoGEO#Connect 2018, especialistas estarão reunidos para debater estas tendências e desvendar os melhores caminhos para as empresas do setor continuarem a prover soluções para uma cadeia consumidora corporativa da análise geográfica cada vez mais ampla e exigente.

Veja a programação completa e confira como foi a última edição, que contou com mais de 3 mil participantes: