Entenda onde estamos e para onde vai o setor geoespacial no mundo neste apanhado com números atualizados do mercado de Geotecnologia

Concorda comigo que, para conhecer bem um terreno é preciso de um mapa do local?

Seja para quem já empreende ou para quem ainda pretende empreender no setor de Geotecnologia, é essencial primeiro saber onde estamos e qual é o estado-da-arte, para então conhecer as previsões e as tendências que apontam para onde este mercado vai.

Fique comigo ate o fim deste post para entender um pouco mais sobre este mercado…

Falta de números

Não existem muitos estudos específicos sobre ‘Geociências’ e/ou ‘Geotecnologia’ no mundo. O que há são pesquisas sobre quanto vai faturar o setor de GIS, Aerofotogrametria, Observação da Terra, Agricultura de Precisão, entre outros.

Ainda falta um estudo geral.

Um dos mais recentes foi realizado em 2013 pela Oxera para a Google, na qual colocava sobre o ‘guarda-chuva’ Geoserviços tudo que é relacionado a geo, desde navegadores até imagens de satélites.

Segundo aquele estudo, a receita anual do mercado de Geo estaria entre 150 e 270 bilhões de dólares, muito maior do que a indústria de games – que já é gigantesca – e praticamente um terço da indústria aeroespacial – que tem uma certa sobreposição com o setor de drones.

Especificamente no setor de Drones, talvez por ser uma área nova e que carece de números para embasar a tomada de decisão dos empreendedores, conta com mais de 50 estudos com previsões para os próximos anos.

Números de 2017

Para não dizermos que estamos totalmente ‘às cegas’, um estudo de 2017 da Geospatial World joga um pouco de luz sobre o mercado geoespacial, com alguns números atualizados, os quais são apresentados aqui de forma sintetizada.

Segundo o estudo, o valor econômico de todo o setor seria de mais de 500 bilhões de dólares, sendo os principais stakeholders os desenvolvedores de tecnologia, os provedores de dados geoespaciais, os desenvolvedores de aplicações, os pesquisadores e educadores, os formuladores de políticas públicas e, finalmente, os usuários.

A realidade no setor mostra que as rápidas mudanças nas Geotecnologias estão levando a ciclos cada vez mais rápidos de inovação, gerando também incertezas quanto ao futuro. A divisão feita pelo estudo é em relação às tecnologias:

• SIG e Análise Espacial (desktop, web, mobile)

• GNSS e Posicionamento (navegação, posicionamento indoor, mapeamento)

• Observação da Terra (imagens de satélite, aerofotogrametria, drones)

• Escaneamento (Lidar, Escaners a Laser, Radar)

A porcentagem de cada área na indústria Geoespacial gira em torno de 37% para a Observação da Terra, 33% para GNSS e Posicionamento, 17% no GIS e Análise Espacial e 13% no Escaneamento.

Especificamente no setor de GIS, o estudo prevê que deverá chegar a 14,62 bilhões de dólares em 2020 frente a 7,61 no ano passado, o que representa crescimento de 11,4% ao ano, um número excepcional se comparado ao crescimento geral da economia global.

Já no setor de GNSS eram 3,6 bilhões de equipamentos em 2014 e a expectativa é que este número chegue a 7 bilhões em 2019, ultrapassando em breve o número de um receptor por habitante no planeta.

No mercado de escaneamento 3D, a previsão e de passar de 3,41 bilhões de dólares em 2015 para 5,9 bilhões em 2022, com taxa de 9,6% de crescimento o ano, também um bom número.

As áreas de aplicações que mais se beneficiam das Geotecnologias mapeadas foram infraestruturas de transporte, desenvolvimento urbano, administração de terras, defesa, segurança, agricultura e serviços baseados em localização. Por sua vez, os benefícios mais percebidos são o aumento da eficiência, produtividade e planejamento, além de melhor monitoramento e transparência.

Por sua vez, as principais barreiras em sua adoção e uso são a alta expectativa dos clientes, mudanças frequentes em projetos, falta de mão-de-obra qualificada, burocracia, altos custos, falta de interoperabilidade, entre outros.

Tendências

Mas as notícias são boas pois algumas tecnologias estão direcionando o setor de Geo para que esteja mais alinhado à Indústria 4.0. São elas a computação em nuvem, a internet das coisas, o big data e a automação. Segundo o estudo, tudo isso cria novos modelos de negócios, informações em tempo real para sistemas críticos, diversificação de fontes de renda, visibilidade global e maior eficiência nas operações.

As tecnologias inovadores que devem se beneficiar das Geotecnologias nos próximos anos são os carros autônomos, dispositivos ‘vestíveis’, impressão 3D, micro-satélites, games, realidade virtual e aumentada, entre outras…

Na área de aquisições e fusões, algumas negociações recentes demonstram a força e a integração das Geotecnologias com outras áreas, como a parceria entre Bentley e Siemens, a fusão entre Geoeye e DigitalGlobe, a aquisição do Waze pela Google e, a mais emblemática, a HERE sendo controlada por grandes montadoras como Mercedez, Audi e Daimler. E as empresas ‘mapeadas’ por serem altamente dependentes de geoinformação foram LinkedIn, Facebook, Twitter, TripAdvisor, Airbnb, Amazon, Uber, dentre outras.

E o Brasil?

Para finalizar, foi criado um ranking global, baseado em 5 pilares, no qual cada país foi avaliado de acordo com sua infraestrutura e políticas públicas, capacidade institucional, nível de adoção dos usuários, capacidade da indústria e índice de ‘prontidão’ geoespacial.

Neste ranking, os mais bem posicionados são, nesta ordem: Estados Unidos, Reino Unido e Holanda.

O Brasil aparece em 28º dentre 50 países, sendo classificado como um país no qual a indústria está amadurecendo enquanto percebe os benefícios do uso das Geotecnologias.

O levantamento de números sobre o mercado, além de ser um problema pode ser encarado até mesmo como uma oportunidade, pois existem um espaço para que este setor seja melhor mapeado, principalmente em países em desenvolvimento em com imensas carências, como é o nosso.

Recado dado…

Imagem: Pixabay