Engenheiro Cartógrafo X Engenheiro Agrimensor

Cresce a cada dia a idéia de unificação dos cursos de Engenharia Cartográfica e Agrimensura. As opiniões abaixo confirmam os perfis muito parecidos dos dois profissionais. E você o que acha? (Envie seus comentários para o e-mail redacao@infogeo.com.br, ou entre no Fórum de Debates do nosso site www.infogeo.com.br e continue a discussão).

Edaldo Gomes – Eng. Cartógrafo

A profissão do Cartógrafo talvez seja uma das mais antigas do mundo. Desde os primórdios da existência humana, mapas elaborados em peles de animais, em cascas de árvores ou mesmo em pedaços de madeira, indicavam o caminho mais seguro ou o mais curto. Independentemente do material utilizado, a necessidade da representação gráfica do ambiente em que viviam já se fazia sentir pelos nossos antepassados. Nos dias atuais essa necessidade continua cada vez mais presente e os recursos que a micro informática proporciona facilitam sobremaneira a elaboração de um mapa. A despeito dessas facilidades, o profissional de cartografia continua sendo absolutamente indispensável. Mas, a atuação do Engenheiro Cartógrafo atualmente não está limitada à elaboração de cartas ou mapas. Em decorrência da grade curricular de sua formação acadêmica, esse profissional pode contribuir para a solução de diversos problemas que aparentemente não guardam vínculo com a cartografia, como, por exemplo:

Agricultura de Precisão – Nessa área, a atuação do Engenheiro Cartógrafo é orientar como é possível economizar na aplicação de defensivos agrícolas direcionando-os exclusivamente às áreas afetadas ou controlando a aplicação do calcário apenas nas áreas que precisam de correção do solo, por exemplo. Também é orientar o agricultor na aquisição dos equipamentos necessários ou mesmo na contratação de empresas prestadoras desses serviços.

Monitoramento de veículos e Sistema de Navegação Autônomo – O primeiro é a possibilidade de sabermos a exata localização de um veículo, a qualquer hora, com qualquer tempo. É um recurso que as companhias de transporte de carga estão cada vez mais incorporando. A participação do Engenheiro Cartógrafo em uma empresa prestadora desse tipo de serviço é importante, uma vez que a base cartográfica precisa ser produzida com muita fidelidade. Os Sistemas de Navegação Autônomo ainda não estão disponíveisl no Brasil em toda a sua plenitude. Instalado em um veículo automotor (terrestre), ele permite ao usuário deslocar-se para um destino qualquer, desde que este faça parte da base de dados do sistema. Funciona baseado em sinais do GPS, sensores instalados em rodas e odômetro do veículo, mapas digitais da localidade, combinados com uma base de dados extremamente complexa que inclui, por exemplo, as mãos de direção das ruas e os endereços de estabelecimentos comerciais. A produção da base de dados é fundamental para o bom funcionamento do sistema. É aí que entra o Engenheiro Cartógrafo indicando os meios de coleta mais racionais desses dados.

Sistema de Informação Geográficas (SIG) – Talvez seja a área em que o Cartógrafo pode oferecer a sua maior contribuição, escolhendo os softwares de gerenciamento de banco de dados, de gestão/análise da informação, na modelagem do sistema além do seu desenvolvimento lógico/físico. Os Engenheiros Cartógrafos que atuam neste segmento acabam incorporando a Analise de Sistemas como uma atividade complementar ao seu trabalho. Evidentemente a produção da base de dados de um sistema de informações continua sendo de sua responsabilidade também.

Edaldo Gomes

Diógenes Cortijo Costa – Eng. Agrimensor

A identidade da profissão de Engenheiro Agrimensor está fortemente ligada às atividades de planejamento, estabelecimento, melhoria e manutenção da infra-estrutura física que interfere nas atividades humanas: urbanização de áreas com seus serviços, (água, esgoto, galerias de águas pluviais, pavimentação e outros), transportes (rodovias, ferrovias, metrôs e outros meios de transportes), habitação e saúde (levantamentos de áreas de risco e saneamento). Dessa forma o Engenheiro Agrimensor deve dominar o conhecimento técnico e jurídico em relação ao mundo físico em que vive.

O conhecimento técnico envolve a obtenção e coleta de informações espacialmente referenciadas, com posição, forma, superfície e dimensões do local, além de outros dados, que serão de interesse ao planejamento e implantação de empreendimentos para a melhoria da qualidade de vida da população. A obtenção dessas informações requer uma formação sólida em ciências exatas, para que se faça o aproveitamento eficiente e econômico dos meios tecnológicos existentes, como satélites de posicionamento e de imagens, cartografia digital, aerolevantamentos e equipamentos de medidas eletrônicas (total station), visando representar a superfície terrestre nos seus mínimos detalhes.

A tecnologia de uso de satélites, computadores, softwares como CADs, SIGs, OCRs, equipamentos eletrônicos de medidas de distâncias, ângulos e relevo, fazem parte da formação do Engenheiro Agrimensor. O conhecimento jurídico refere-se às leis de parcelamento, uso e ocupação do solo, visto a necessidade de planejamento e ordenamento da ocupação de áreas, cuidando-se não só do bem-estar da população, mas também do meio ambiente.

Dentro da Administração Pública Municipal o Engenheiro Agrimensor é elemento indispensável no apoio ao Planejamento Estratégico, mantendo e atualizando Bases Cartográficas, Cadastros Técnicos – Físico e Multifinalitário – que subsidiam as áreas financeira, tributária, sócio-econômica, educação e saúde. Os levantamentos topográficos possibilitam realizar os projetos executivos de obras públicas, bem como a fiscalização e medição de serviços.

No Planejamento Urbano a sua participação está afeita ao parcelamento do solo, verificando a implantação de novos arruamentos e loteamentos, e manutenção e atualização do CTM – Cadastro Técnico Municipal, fundamental na fixação da Planta Genérica de Valores, que estabelecerá os tributos municipais, como o IPTU – Imposto Predial Territorial Urbano. No Planejamento e Projetos de Transportes e Trânsito, atuará em planos viários, projetos de sinalização, e manutenção e atualização do cadastro de equipamentos de transportes e trânsito (semáforos, pontos de ônibus, terminais e outros).

Diógenes Cortijo Costa
é Engenheiro Agrimensor formado pela Escola Superior de Agrimensura de Araraquara-SP. É Diretor do DIDC – Departamento de Informação, Documentação e Cadastro, da Secretaria Municipal de Planejamento e de Meio Ambiente de Campinas, coordenando a implantação do Geoprocessamento Municipal. E-mail: diogenes@lexxa.com.br
é engenheiro cartógrafo formado na UERJ. Trabalha no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA e é o responsável pela implantação da Rede INCRA de Bases Comunitárias do GPS – RIBaC. E-mail: edaldo@incra.gov.br