por Marília Kubota
Sistema de Informações Geográficas da Região Metropolitana de Salvador, mais conhecido como INFORMS, está pronto para decolar. A Companhia de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Salvador, CONDER, órgão da Secretaria do Planejamento do Estado da Bahia, está negociando com o IBGE para lançar o CD-ROM Informações Estatísticas da Região Metropolitana de Salvador, com as malhas de setores censitários de 1991 e 1996, associadas aos dados do censo de 1991 e da contagem da população em 1996. Segundo a coordenadora de informações Cristina Xavier Ferreira, da CONDER, "será a primeira vez que dados censitários serão publicados pela menor unidade espacial de agregação (o setor censitário), além das unidades tradicionais subdsitrito, distrito e município." No caso RMS existe ainda uma unidade espacial intermediária, agregação de setor censitários, que é a ZI- Zona de Informação, unidade básica de informação do INFORMS.
O INFORMS faz parte da estruturação do sistema de informações metropolitanas de Salvador, que começou a ser implantado há 20 anos, com a proposta de dispor de mapas em escala grande e várias informações (cadastrais, demográficas, socioeconômicas, institucionais, ambientais) para vários usuários de órgãos públicos. Com a incorporação de tecnologias de geoprocessamento, a partir de 1992, com o mapeamento digital, em escala 1: 2.000, dos municípios de Salvador e Lauro de Freitas e com a aquisição de estações RISC e software GIS em 1996, iniciou-se o processo de conversão de dados gráficos até então disponíveis apenas em papel. Este foi o caso das malhas de setores censitários 1991 e 1996, o que proporcionou um novo patamar na cooperação CONDER / IBGE, existente desde o primeiro convênio firmado entre as duas instituições, em 1980. A CONDER também negocia com o IBGE o estabelecimento, em Salvador, da décima estação da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo GPS, além dos termos da cooperação para a realização do Censo Demográfico 2.000.
No âmbito do INFORMS, estão previstos para os primeiros seis meses deste ano vôos em 1:40.000 e 1:8.000, cobrindo os 10 municípios do complexo metropolitano de Salvador, visando a restituição numérica em 1:10.000 para uma extensão total de 2.213 km2 e, para áreas selecionadas, em 1:2.000. Os produtos de recobrimento aéreo integrarão o acervo cartográfico do sistema de informações metropolitanas.
Para acelerar a comunicação entre várias instituições que trabalham com informações metropolitanas do país, o INFORMS está sendo integrado à Rede Metropolitana de Alta Velocidade, proposta por um consórcio que reúne a CONDER, Universidade Federal da Bahia, Telebahia, Governo do Estado, Prefeitura Municipal de Salvador e Universidade Católica de Salvador. Várias redes similares estão sendo propostas em outros pontos do país e alguns desses projetos deverão ser selecionados por uma comissão do CNPq para integrar a Internet 2, uma rede de computadores que rodará a 155 megabits por segundo, centenas de vezes mais veloz que a Internet hoje (ver quadro).
Tempos Atrás
A história do Sistema de Informações Geográficas da RMS começou em 1976, quando a CONDER assumiu a estruturação de um sistema de informações metropolitanas e implantou o SICAR, sistema cartográfico que reúne o mapeamento em grandes escalas da região. Recursos da ordem de R$9 milhões, parte do contrato de empréstimo com o Banco Mundial (BIRD), assinados em 1986, foram investidos no programa de consolidação do sistema. Assim, em 1989, foi realizado um vôo fotográfico cobrindo a RMS em escala 1:10.000, porém sem restituição digital, devido ao não entendimento entre as instituições interessadas sobre o nível de detalhamento requerido para as cartas. Entre 1989 e 1991 foram feitos levantamentos cadastrais em 6 dos 10 municípios, voltados basicamente para arrecadação do IPTU. Em 1992, mais um vôo em 1:10.000, abrangeu 655 km2 de Salvador e mais dois municípios contíguos, com restituição digital de 350 km2, correspondentes à capital baiana e ao vizinho município de Lauro de Freitas, que concentram 85% da população da RMS.
Ainda em 1992 foi feito um piloto de cadastro georreferenciado com os softwares MaxiCAD e dbMapa, lançando 50 mil imóveis em mapas digitalizados de 3 municípios metropolitanos não contemplados pelo levantamentos cadastrais anteriores. Em 1995 foi assinado convênio com o município de Salvador para execução do cadastro georreferenciado da capital, prevendo como primeiro produto a malha de endereços de Salvador, a partir da definição dos eixos de logradouros e pontos de intersecção, além da consolidação do Sistema de Numeração Métrica Linear aplicados às unidades imobiliárias.
Em 1996 começou a implantação da infra-estrutura computacional para operação do sistema, a partir da contratação da IBM Brasil para fornecimento de uma solução integrada de geoprocessamento, incluindo hardware, software, GIS e migração da base de dados inicial, treinamento, desenvolvimento de sistema para gerenciamento das aplicações iniciais e suporte tecnológico. A solução baseou-se em estações RISC, rodando o software Arc/Info em rede local. Neste momento é que começou a conversão dos dados demográfico-censitários para ambiente GIS, permitindo hoje, o lançamento da malha setorial da RMS, com informações estatísticas básicas georreferenciadas, fruto da cooperação CONDER / IBGE.
"Tão importante quanto a incorporação de novas tecnologias tem sido a experiência de montagem de um esquema institucional e organizacional que dê conta da manutenção e disponibilização dos dados da INFORMS, que não provenientes de diversas fontes e constituem dados de uso generalizado. A idéia que o sistema venha a ter sua gestão compartilhada pelos usuários das informações",afirma Cristina Xavier.