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Cartografia

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Opções de Atualização

Avanços tecnológicos na cartografia provocam dúvidas sobre sua real contribuição, prevendo redução de custos na elaboração da base cartográfica ou implantação de rotinas para atualização.
Custos parecem ainda dispendiosos em qualquer opção disponível. Como se sabe, estima-se que o valor investido na elaboração de uma nova base em projeto de implantação de sistema de informações geográficas absorve mais da metade dos recursos previstos.
Pode haver contribuição concreta da tecnologia com condições favoráveis para manutenção das bases atualizadas. Facilidade de manuseio de arquivos digitais, agilidade na detecção de alterações ou captura de novas informações e praticidade na migração de dados na base cartográfica seriam algumas das contribuições visíveis, desde que sistematizadas, obedecendo a critérios claros que mantenham a integridade do produto original.
A atualização é fundamental na manutenção de um sistema de informações geográficas. Em casos como o de prefeituras, em que as mudanças de governo ocorrem periodicamente, a incompetência técnica de alguns políticos leva ao abandono das atualizações, desperdiçando investimentos já realizados.
Um exemplo é o que aconteceu em Santo André (SP), que hoje avalia o melhor método para detectar alterações e atualizar a base cartográfica. Obtida em 1990, seria componente básica do Sistema de Informação Georreferenciada. Após mudanças políticas, o projeto atravessou períodos sem investimentos necessários, exigindo agora a atualização, até como garantia de credibilidade do sistema.
A atualização será feita com recursos disponíveis, priorizando regiões de grande crescimento urbano e, especialmente, as sem informação digital. Em áreas mais consolidadas será em nível de quadras, e em áreas de expansão urbana e de mananciais, em nível de edificação. Com a atualização, a arquiteta Cristiane Vaz Domingues, coordenadora do GIS da Prefeitura de Santo André, espera dar novo impulso na retomada do projeto .
Outro exemplo é o município de Guarulhos. Em 1993, implantou, por GPS, método estático, uma rede de vértices com cerca de 800 pontos com eqüidistância de 400m, devidamente ajustada, referência para todos os levantamentos topográficos. A aprovação de projetos está condicionada à obediência a normas estabelecidas, definindo procedimentos de campo, precisão, formato e estrutura de arquivos finais compatíveis com layers existentes no mapeamento.
Para tanto, criou uma oficina de cartografia, com receptores GPS geodésicos, estação total, mesa digitalizadora, softwares de cálculo e desenho, equipes treinadas. Mudou rotinas de processos administrativos, fazendo a manutenção da rede, verificação de trabalhos apresentados e levantamentos de obras da prefeitura, o que tem permitido a atualização parcial da base. A atualização parcial se deve às dimensões do município e falta de controle de alterações, ocorridas à margem de trâmites oficiais. Inicialmente seriam feitos vôos a cada dois anos, métricos ou não, para identificar alterações.As duas situações expõem o que diz a cartógrafa Claudia Robbi, professora do Departamento de Geociências da Universidade Federal do Paraná, que o termo-chave para a atualização cartográfica é detecção de mudanças. Fontes podem ser informações de órgãos públicos, comparação direta em campo ou ainda, comparação com novo conjunto de fotografias ou imagem de satélite. O método comparativo por aerofotogrametria, é recurso ainda de alto custo. Quando é feito um novo vôo, identificam-se mudanças e assim se sabe, por exemplo, que 20% da área original deve ser atualizada. Se a área a ser atualizada está toda espalhada, exige que algumas etapas de trabalhos sejam executadas para o município como um todo.
Outra opção é o uso de ortofotos digitais, tanto pelo custo menor (cerca de 50% mais barato que a restituição) como pela possibilidade de o próprio usuário fazer a atualização, sobrepondo a base digital com ortofotos e vetorizando informações de interesse.
Ortofotos apresentam ainda riqueza total de informações, podendo ser selecionadas e integradas ao mapeamento original que, por algum motivo, (normalmente para reduzir custos), não foram mapeadas antes.
Perspectivas no uso de imagens orbitais de alta resolução são animadoras, principalmente pela periodicidade com que se pode acompanhar alterações, inserindo rapidamente informações no mapeamento existente ou executando um novo, a partir das imagens, com a precisão necessária.
Hoje, com certeza, existem boas condições para a execução de atualizações, com soluções em diversas áreas. A solução a ser aplicada deve ser estudada caso a caso – um município pequeno deverá ter melhores condições de identificar alterações em campo que um município grande.
Em todos os casos, é preciso observar o armazenamento de registros históricos, evitando a perda de informações importantes sobre caracterização do espaço ao longo do tempo.

Marco Antônio Néia é cartógrafo e diretor técnico da Gisoft (SP).
email: gisoft@gisoft.com.br

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