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Disponibilidade Seletiva do GPS desligada. E agora?

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Qual a exatidão de um GPS autônomo agora que a S. A. está desligada? Não existe resposta imediata.
Por Alexandre Benevento

Em primeiro de maio deste ano, o presidente Bill Clinton publicou um ofício avisando que a S.A. seria desligada naquela madrugada (exatamente à meia-noite do dia primeiro para o dia dois de maio). Com o fim da degradação seletiva do sinal dos satélites do GPS (conhecida como S.A.), a estimativa é que a exatidão do sistema civil melhore na ordem de dez vezes. De um dia para o outro, o usuário, sem gastar nada, passa a usufruir do mesmo sistema, só que aproximadamente dez vezes mais exato do que se apresentava no dia anterior. Não existe paralelo no mundo da tecnologia como este. Em seguida, surge uma nova questão. Qual a exatidão autônoma agora que a S.A. está desligada? Não existe resposta imediata. O posicionamento do governo norte-americano é que se espere por uma nova especificação. Até que a mesma seja divulgada, ficam as especulações e testes que vão sendo efetuados. Esta é, com certeza, a principal mensagem deste artigo.

Não existe ainda uma nova especificação do sistema GPS com a S.A. desligada. Pode-se dizer que deve melhorar em aproximadamente 10 vezes, mas isso não é a especificação final. Certamente e oportunamente, assim que divulgado, você irá encontrar a especificação oficial num artigo da infoGEO. Cabe a seguinte ressalva: nos métodos de correção diferencial e relativo, nas formas pós-processada ou em tempo-real, a exatidão do posicionamento não irá melhorar, pois o erro da S.A. já era praticamente totalmente retirado no processo de correção. Em última análise, usuários que necessitam de exatidões melhores que 10 metros (grande parte das aplicações cartográficas e todas as aplicações geodésicas), continuam necessitando de se valer das correções diferencial ou relativa, em tempo-real ou pós-processada.

Em algumas aplicações como navegação terrestre, marítima ou aérea, o erro de 10 metros aproximadamente já pode ser aceito. Em específico, nas aplicações AVL (Localização Automática de Veículos) o desligamento da S.A. deve trazer um crescimento acentuado do setor. Por fim, deve-se lembrar que embora haja uma flexibilização do governo norte-americano no segmento civil do GPS (o Departamento de Transporte, que é civil, pela primeira vez recebeu verbas para investir no sistema, embora a maior parte tenha continuado com o Departamento de Defesa), o mesmo continua possuindo sua parte militar.

A seguir, serão apresentados alguns dados coletados aqui no Brasil numa observação de uma hora de duração, efetuadas nos dias 08 e 09 de maio de 2000. Os dados foram coletados no mesmo horário, entre 17h30 e 18h30 para reproduzir aproximadamente a mesma constelação em ambos os dias bem como por se tratar de um horário crítico em relação ao erro ionosférico, pois o pôr-do-sol provoca uma alta atividade ionosférica. No dia 08 foi utilizado um receptor Modelo Reliance da Ashtech, receptor de ponta de uma frequência e de alto custo (aproximadamente R$ 25.000,00), com seu resultado apresentado na Figura 1. No dia 09 foi usado um receptor Modelo GPSII da Garmin de baixo custo (aproximadamente R$500,00), com seu resultado apresentado na Figura 2. As referidas figuras apresentam uma parte gráfica (lado esquerdo) e uma parte estatística (lado direito) dos resultados do teste.

Receptor GPS Modelo Reliance da Ashtech

Receptor GPS Modelo GPSII da Garmin

As antenas dos receptores foram posicionadas no vértice NITR em Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, que foi originado de uma rede GPS ajustada tendo como ponto de partida o vértice 91500 do IBGE situado na sede dessa instituição, em Parada de Lucas no Rio de Janeiro. Como pode-se verificar na comparação entre a Figura 1 e 2, os resultados são consideravelmente diferenciados em função da qualidade do GPS utilizado. O círculo vermelho representa um erro de 10 metros em relação à coordenada determinada do ponto NITR. O círculo branco representa um erro de 5 metros. Observe que para a figura 2, 23.63% dos posicionamentos obtidos tiveram erro superior a 10 metros embora o erro CEP tenha sido de 8 metros. Outras conclusões serão deixadas a cargo do leitor.
Encerrando este artigo, recomenda-se o acesso ao site http://www.igeb.gov, onde se pode ler o original do ofício presidencial avisando do desligamento da SA, bem como uma excelente sessão de FAQ ( respostas prontas para dúvidas mais freqüentes) e ainda alguns testes práticos feitos por instituições, com observações de até 24 horas.

Alexandre Benevento
é engenheiro eletrônico, analista de sistemas pela UERJ e M.Sc. em Engenharia Cartográfica pelo IME. Atualmente é diretor da GNSS Brasil. E-mail: gnss@urbi.com.br

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