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Onde estou, prá onde vou?

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Questões sobre interfaces e ontologias utilizadas nas consultas geográficas em serviços Wap

O título desta coluna está um pouco filosófico mas o nosso tema continua sendo mapas, informações geográficas. Então, o que quero escrever hoje é sobre as interfaces para os aparelhos portáteis com acesso à internet, principalmente com relação à pesquisa de informações geográficas, mais especificamente com relação a pesquisas sobre localização.

Quando você está perdido na esquina de uma cidade e tem acesso a um aparelho portátil como um palmtop ou um celular digital com acesso a serviços WAP (VEJA O QUADRO ANEXO SOBRE WAP) você precisa de uma interface que te leve rapidamente as informações que você quer, de maneira direta. A interface disponível hoje na Internet é baseada na pesquisa de palavras chave e texto, retorna páginas e páginas com informações irrelevantes quando você digita, por exemplo, a palavra MAPAS.

O que é necessário hoje na Internet, e isto não se aplica somente a aparelhos portáteis, é uma interface baseada no sentido da informação, no sentido das palavras. Então quando falamos em mapas, estamos nos referindo a alguém que está perdido ou que procura um lugar, ou quer se localizar, isto é, saber em que lugar ela está.

Estes programas de pesquisa baseados no sentido das palavras e não apenas no texto são chamados pesquisadores semânticos.
Uma vez que o usuário consiga comunicar à interface do seu aparelho que o assunto que ele deseja pesquisar é relacionado a lugares, a interface pode desligar centenas de opções de busca relacionadas a finanças, notícias do dia, email, etc., e se concentrar em nosso sentido básico: localização.

Mas, uma vez definido nosso assunto, a questão é: como a interface pode tratar esta informação? Aqui aparece uma característica especial das informações geográficas, a parte gráfica. Então nossa pergunta de hoje é: como relacionar os diversos níveis de detalhe da informação gráfica, ou geográfica, que chamaremos aqui de espacial, com os diversos níveis de detalhes semânticos, as palavras e seus sentidos?

Geralmente quando se está perdido, geograficamente ou não, começa a se procurar uma informação a partir do nível mais alto para o mais baixo. Por exemplo, se você quer um mapa da região da avenida Paulista em São Paulo, é mais fácil começar com um mapa do mundo e clicar na América do sul, depois no Brasil, depois na região sudeste, depois no Estado de São Paulo e então achar dentro do estado aquela grande mancha urbana que é São Paulo, e aí então começar a fazer suas pesquisas. Os aparelhos portáteis, mesmo os que não tem um GPS embutido ou acoplado, podem através da conexão com a internet, descobrir em que região estão aproximadamente. Isto pode facilitar a pesquisa eliminando vários cliques em mapas até chegar ao nível de detalhe em que você quer. Mas se você está procurando um mapa de outra cidade é melhor então desligar o botãozinho que torna sua pesquisa sensível à sua localização no momento. O uso de interfaces altamente gráficas ao invés de se perguntar por palavras que são difíceis de digitar em teclados minúsculos é uma alternativa interessante. Ao mesmo tempo uma interface que traga palavras paralelamente aos mapas é também boa. Por exemplo, Se dentro do estado de São Paulo, o usuário não sabe onde está a cidade de São Paulo, e portanto, não sabe onde clicar no mapa, uma coluna paralela ao mapas pode ser oferecida. Uma lista com cinco opções das maiores regiões metropolitanas do estado seria bom neste caso.

É importante que uma interface que tenha como objetivo ser direta ofereça poucas opções. Os seres humanos se sentem melhor com uma escolha na faixa entre 5 e 9 opções de cada vez. Mais que isto já é complicado, e com uma tela pequena significa ter que mudar de tela, coisas que atrapalham ainda mais a vida do usuário.

Voltando às palavras, uma interface interessante que tem sido usada é a que em vez de perguntar ao usuário sobre o nível de detalhes em metros ou quilômetros, pergunta de forma mais semântica, se o nível de detalhe é cidade, bairro ou rua.

Outro ponto que pode ajudar na elaboração destas interfaces de usuário é a implementação de pontos de vista diferentes. Todos nós nos encaixamos em algum perfil. Embora muitos de nós tenhamos restrições com relação à perda de privacidade quando estamos sendo monitorados em nossas pesquisa na Internet, por exemplo, isto ao mesmo tempo pode servir para ajudar a criar interfaces mais adequadas ao tipo de pesquisa que estamos fazendo. Se você esta na avenida Paulista fazendo entregas, seu perfil é bem diferente de um turista procurando pelo MASP ou de um executivo procurando por um restaurante para um almoço de negócios. A cidade é uma só, mas diferentes grupos de pessoas têm diferentes visões da cidade. Uma boa interface de usuário tem que ser capaz de incorporar estas diferentes visões e oferecer ao usuário a visão mais adequada.

Graficamente isto implica que quando da exibição de um nível grande de detalhe apenas as coisas que são de interesse daquela pesquisa sejam mostradas. Se você tem apenas meia hora para o almoço, você não está interessado em restaurantes onde você vai sentar e ter um almoço sofisticado com vários pratos onde provavelmente vai gastar mais de uma hora.

Em resumo, uma interface para pesquisa de informações geográficas em aparelhos portáteis deve tentar incorporar a natureza gráfica das informações geográficas. Ao mesmo tempo ela deve levar em consideração o sentido das informações e não apenas as palavras chave ligadas a esta informação. A interface deve permitir ao usuário mudar de níveis de detalhe a qualquer momento e deve também ser sensível ao perfil do usuário e a sua localização.

O uso de aparelhos portáteis está apenas começando e deve estar presente em nossa vida cada vez mais. GPS serão miniaturizados, telas de computadores estarão nas paredes das ruas, nos ônibus e carros, e até mesmo em seus óculos. Mas de nada adianta esta enxurrada de informações se interfaces mais fáceis de usar não forem desenvolvidas. Para que esta sociedade da informação se concretize as interfaces e os programas por trás destas interfaces devem se adaptar ao modo humano de pensar e se comunicar.

O Que É Wap?
WAP (Wireless Application Protocol) é uma especificação de um protocolo de comunicação que padroniza a maneira como aparelhos portáteis se conectam a Internet. Isto inclui correio eletrônico, paginas WWW ou qualquer outro serviço que a Internet ofereça. Um protocolo de comunicação são regras básicas que dois computadores usam para entender um ao outro.

A conexão destes aparelhos com a Internet já era possível antes, mas como não havia um consenso quanto ao protocolo, este serviço não estava amplamente disponível. Agora quando um celular digital se conecta à Internet, ele encontra servidores que sabem falar a mesma linguagem e que podem então, colocar à sua disposição diversos serviços. Em breve, aparelhos que operam com o protocolo WAP vão poder se comunicar diretamente entre si, gerando novos mercados e perspectivas de uso.

Frederico Fonseca é engenheiro mecânico, tecnólogo em Processamento de Dados e mestre em Administração Pública. Participa da equipe de geoprocessamento da Prodabel, responsável pela implantação do GIS da Prefeitura de Belo Horizonte. Atualmente cursa doutorado na Universidade do Maine. email: fred@spatial.maine.edu 

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