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GIS e Prefeituras

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Consultor americano expõe diferenças entre Brasil e EUA na implantação de GIS

Em relação à implantação de GIS em municípios nos Estados Unidos, gostaria de fazer algumas observações relacionadas a experiências reais. O que pode surpreender são os potenciais paralelismos que o leitor deve descobrir.

Primeiro de tudo, a realidade é diferente nos Estados Unidos porque existem muitas camadas de dados digitais já prontas em vários formatos. Então, o ponto de partida da implantação de GIS é mais uma seleção de formato e conteúdo de bases de dados do que qualquer outra coisa. Também, dada a existência de várias fontes de dados vetoriais, essas não têm a importância que alcançam no Brasil. Freqüentemente, os GIS modernos estão baseados em imagens raster (fotografias scanerizadas), as quais são "overlaid" com alguns dados vetoriais.

Em geral, o cadastro e a valorização da propriedade já são automatizados. Então, é implementada a função de "geocoding", buscando relacionar um endereço com um par de coordenadas. Mas esse nível de implantação não é geral, pois ainda existem várias comunidades que trabalham com papel.

São várias as razões que possibilitaram a implementação de um GIS nas cidades americanas. Por exemplo, várias comunidades justificaram o GIS com base na assistência a serviços de emergência.

A agência de transporte público da cidade de Dentre, Colorado, implementou um GIS que indica a posição de ônibus, porque no inverno, durante as tormentas de neve, os ônibus freqüentemente se perdiam. Em outras cidades, como no caso de Indianapolis, Indiana, eram os bombeiros, policiais e ambulâncias que precisavam encontrar uma localidade nas piores condições climáticas, à noite. Neste caso, o operador de emergência trabalha com um GIS para visualizar a posição da ligação (endereço) com a posição em tempo real dos veículos de emergência. Depois de tudo, a regra, nos EUA, é que uma ligação seja respondida em cinco minutos.

Apesar disso, só as comunidades mais prósperas têm um GIS. A maioria das comunidades ainda não possuem esta geotecnologia e a razão principal é muito similar às encontradas no Brasil, ou seja, pode ser mais importante instalar uma linha de esgotos do que ter um GIS.

Mas, muitas vezes, a falta de implantação de um GIS é baseada na incapacidade de desenvolver um plano de implantação adequado. Freqüentemente, um ou outro engenheiro ou cartógrafo começa a introduzir as idéias e compram pacotes de funcionalidade reduzida ou batalham a falta de dados. A falta de visão de uma solução a nível comunitário impede o desenvolvimento de uma proposta geral e completa, e a conseqüência é que não são capazes de conseguir os recursos financeiros suficientes. Portanto o projeto mais ou menos "sobrevive" por vários anos, não morre e não vive.

Um bom exemplo do uso do GIS pelo suporte comunitário se pode encontrar no condado de Broward County, em Florida (www.co.broward.fl.us). Neste website existem informações variadas e gratuitas sobre esse assunto.

Essencialmente, cada implantação de GIS é diferente. Todas as variações de produtos de GIS são implantadas de uma forma ou outra. Cada comunidade tem formatos e conteúdos de bases de dados diferentes, que são difíceis de comparar.

Intercâmbio de dados
Provavelmente a barreira mais importante nas comunidades pelo uso mais geral da informação é a falta de um formato universal de dados. Ainda se fala muito disto, mas as soluções não são fáceis.

Falta de aplicações "standard"
"Aplicações", ou os programas especiais desenvolvidos por especialistas ou fornecedores, tais como os exemplos descritos acima (navegação de serviços de emergência) geralmente não são transferíveis de um GIS a outro, e tem que ser codificadas de novo.

Falta de "standards" de integração
Cada comunidade desenvolveu as suas bases de dados gerais em forma independente, não seguindo pautas, e inventado a roda em cada caso. São poucas as situações nas quais uma comunidade copiou outra, normalmente por razões de competição entre comunidades (eles competem abertamente pelo comércio a localização da indústria). Normalmente, os GIS têm que ser integrados com essas bases de dados, e as aplicações correspondentes são diferentes.

Falta de funções básicas de GIS básico
O GIS básico (tal como sai da caixa) é muito diferente de um produto a outro. Até podem existir dificuldades de intercâmbio de dados entre duas versões de um mesmo produto. Os fornecedores gostam de se diferenciar no mercado, e isso cria produtos que mais e mais se distanciam em funcionalidade. Isso inclui estruturas de dados especiais e ferramentas de análise que estão disponíveis em um GIS, mas não em outro, e vice versa.

Quais são as conclusões que se podem obter de tudo isto? Basicamente algo que é discutível: seria melhor utilizar só um fornecedor de GIS para todas as comunidades. Mais isso deixaria um fornecedor em controle, e os preços não seriam competitivos.

Existem várias maneiras de fazer. Estas estão baseadas na seleção competitiva de um fornecedor, com a condição de fornecer uma solução para todas as comunidades envolvidas ao mesmo preço, dentro de um certo limite de tempo estendido.

Outras lições seriam as seguintes:

Pautas de desenvolvimento
As agências que prestam dinheiro normalmente não promovem suficiente preparação de projetos básicos. Seria muito boa a criação de um documento pauta (norma) que servisse a todas as comunidades envolvidas com o desenvolvimento dos seus projetos básicos.

Suporte centralizado
A maioria das comunidades brasileiras (prefeituras especialmente) não contam com os recursos para adquirir programas extensivos de suporte técnico pelos GIS. Uma solução seria a criação de centros de suporte de GIS regionais, mantidos com contribuições das comunidades participantes. Isso pode incluir suporte de hardware, sistemas operativos, sistemas de bases de dados, suporte de desenvolvimento de aplicações, suporte de integração, e capacitação pelo uso dos GIS.

Harold C. Schuch é presidente da GeoConsul, empresa americana que presta consultoria em projetos de implantação de GIS em vários países, inclusive no Brasil.. E-mail: harold@geoconsul.com

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