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GITA prepara seu evento anual nos EUA

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Mercado nacional também terá em breve sua Associação Brasileira de Geoinformação

Por Marjorie Xavier

Uma instituição sem fins lucrativos, criada nos Estados Unidos, tem sido fundamental no crescimento do mercado de geoinformação naquele país, e também em outros onde já se faz presente. A GITA, sigla de Geospatial Information & Technology Association, tem como missão principal disseminar a Geoinformação em todo o mundo. Em resumo, atinge seu objetivo através de ações educativas, realização de eventos – técnicos e de negócios – e ainda a publicação de livros e periódicos.

Todos os anos, nos Estados Unidos, a GITA realiza um grande evento, reunindo empresas e organizações tanto produtoras como usuárias de geotecnologias, além de profissionais da área. Sua 25ª Conferência Anual "Bringing IT Together: Charting the Course" acontece entre os dias 17 e 20 de março, no Centro de Convenções de Tampa, em Tampa, Flórida. Vale lembrar que esta conferência é conhecida como o mais importante evento educacional direcionado a profissionais de tecnologia de informação geoespacial, em especial nos setores de "Utilities" elétrico, gás, saneamento e telecomunicações. Em sua última edição, estiveram em San Diego, Califórnia – sede do evento de 2001 -, cerca de 3.300 profissionais. Foram 22 seminários e 97 palestras, além de 160 expositores na feira.

O número de participantes no principal evento da GITA cresce a cada ano, assim como aumenta a presença do público latino-americano. Isto porque a instituição já conta em suas fileiras com dezenas de sócios no país, entre usuários corporativos e profissionais. Também em razão deste fato, avança a passos largos a criação de um "capítulo" brasileiro da GITA.

Além da existência de "capítulos" em quase todos os estados americanos, sua atuação se estende a outros continentes, onde estão sendo criados "capítulos" internacionais. Japão, Canadá, Austrália, Holanda, Alemanha, Peru, África do Sul, Índia, Colômbia e Argentina são países onde a GITA já está presente.

Apoio ao GEOBrasil

Para quem pensa que a instituição ainda está longe do Brasil, é bom saber que, desde 1999, ela vem estreitando seus laços com o país. De acordo com Emerson Zanon Granemann, no evento EXPOGEO, realizado há três anos em Curitiba, foram realizados dois seminários e, no GEOBrasil 2000, o fato se repetiu. Da mesma forma, no ano passado, a GITA esteve presente no GEOBrasil 2001, evento organizado pela Alcantara Machado Feiras de Negócios e do qual a instituição americana é apoiadora internacional. Desta vez, estará presente em São Paulo, de 21 a 24 de maio, seu presidente atual, David Disera, e Robert Samborski, diretor executivo, além do holandês John Leeumenburg, que estará apresentando um panorama da tecnologia GIS Mobile. A intenção da Alcantara Machado Feira de Negócios, segundo José Danghesi, diretor do GEOBrasil, é manter esta parceria com a GITA para futuros eventos e até buscar sua ampliação.


Robert Samborski, diretor executivo da GITA

GITA-Brasil


Enaldo Montanha assumiu a coordenação provisória

O mercado brasileiro de geoinformação, mesmo apresentando ainda muito espaço e potencial de crescimento, já mostra ser grande o bastante para permanecer sem representatividade e organização. Até hoje, empresas e instituições que trabalham com as tecnologias de informação geográfica não possuem uma entidade que represente os interesses dos profissionais e empresas da área. Para mudar isto o mais rápido possível, um grupo de pessoas vêm trabalhando ativamente. Enaldo Pires Montanha, do CTGEO (Centro de Tecnologia em Geoprocessamento), unidade do CETEC – Centro Tecnológico da Fundação Paulista, assumiu a coordenação provisória da Associação Brasileira de Geoinformação, nome que poderá batizar a instituição que pretende seguir os passos da GITA. Ao lado dele, Emerson Zanon Granemann, da Editora Espaço GEO – que edita a Revista infoGEO e o Portal MundoGEO – e coordenador do Congresso GEOBrasil, Geovane Magalhães, do CPqD, Flávio Yuaça, da empresa Comdata, e Roberto Falco, da Sisgraph, estão unindo esforços para tornar realidade a GITA-Brasil.

"Sou membro da GITA há quatro anos e acho que a grande vantagem para nós, brasileiros, é usarmos o seu modelo de organização para o fomento do nosso mercado de geoinformação", afirma Falco, defensor ferrenho da organização do setor através de uma associação. "Não tenho dúvidas de que passamos da hora de nos organizarmos". O executivo da Sisgraph acredita que um dos maiores desafios para a GITA-Brasil será a sensibilização de todos os agentes do mercado. Os vendedores de tecnologia da geoinformação brasileiros, por exemplo, não possuem uma mesma linha de trabalho. Outro ponto será buscar os usuários corporativos. Falco lembra que, nos Estados Unidos, todas as grandes empresas de Utilities fazem parte da GITA. "Elas estão dentro porque sabem que o retorno é garantido, seja na forma de minimizar custos de treinamento, de projetos, como na própria busca do crescimento do mercado. "Acho que a fórmula para o crescimento do mercado de geoinformação no Brasil é esta: crescer o bolo para que cada um tenha uma fatia maior. E, para crescermos o bolo, não há dúvidas que temos de estar juntos", conclui.

Aliar forças

A GITA tem como um de seus princípios aliar forças e conciliar interesses das três vertentes do mercado: vendedores de tecnologia, empresas usuárias e profissionais. A instituição concentra seu foco na missão educacional. Através deste mecanismo de divulgação de informações, consegue a abertura e o crescimento do mercado. A fórmula parece muito simples, e funciona. Para o profissional da área, é ainda mais imperativo do que para as grandes empresas estar ligado a uma instituição desta natureza. Afinal, é o caminho mais rápido, e seguro, para a absorção de novas tecnologias. É importante destacar ainda que o "ambiente educacional" da GITA se reflete no aumento do mercado, e através de seu trabalho é que vêm à tona novas oportunidades. No Brasil, principalmente, uma atividade assim seria de suma importância. Todos sabem que muitas empresas privadas, assim como administrações públicas, ainda não têm conhecimento de como as geotecnologias podem fazer toda a diferença numa ampla gama de projetos. Ou seja, falta muita informação em nosso país, onde, na maioria das vezes, antes de desenvolver o trabalho, é preciso "educar" o cliente.

Início no CTGEO

Enaldo Montanha assumiu a condição de coordenador provisório da associação. Ele informa que um cronograma está sendo seguido à risca e, com isso, até o final de fevereiro será convocada a primeira assembléia. "Nesta oportunidade, vamos aprovar o nosso Estatuto", informa. Também nesta reunião, deverá ser decidido o nome oficial da instituição, que poderá ser Associação Brasileira de Geoinformação, GITA-Brasil, ou até mesmo conciliar as duas denominações. Como explica Montanha, mesmo sendo um "braço" da GITA americana, não deixa de ser uma associação independente. "É claro que muita coisa estamos aproveitando, mas a assessoria jurídica (do CTGEO) esteve atenta a todos os detalhes que deixam nosso estatuto, e consequentemente nossa organização, totalmente adaptado à realidade do nosso país", esclarece o coordenador provisório.
O CTGEO (Centro de Tecnologia em Geoprocessamento), uma unidade do CETEC – Centro Tecnológico da Fundação Paulista de Lins integrada à UNILINS, da Fundação Paulista, que presta serviços e desenvolve tecnologia de geoprocessamento no município paulista de Lins, tem sido fundamental neste momento de "gestação" da GITA-Brasil. Lá foi criado o CTA (Centro Tecnológico de Apoio) da GITA-Brasil, que está sob a coordenação de Renato Simões Cáceres. Também a assessoria jurídica do CTGEO desempenhou papel preponderante para a criação do Estatuto, a ser aprovado em assembléia. Neste primeiro momento, o auxílio é indispensável, visto que ainda não há receita própria. Mais tarde, a nova associação deverá ter gestão auto-sustentável e abrir uma sede, provavelmente em uma das capitais do país.

Participação da infoGEO

No momento, o desafio maior é mesmo divulgar e estimular a criação e a adesão à GITA-Brasil. A revista infoGEO, assim como o portal MundoGEO, têm feito a sua parte. O portal (www.mundogeo.com.br) criou uma página especialmente para divulgar notícias da associação. Além disso, o Fórum de Debates – seção do Canal Comunidade do portal – está registrando opiniões e sugestões. Não é para menos, pois o editor Emerson Zanon Granemann pode ser considerado um dos primeiros entusiastas e colaborador da idéia. "Tenho acompanhado o trabalho da GITA nos últimos sete anos, mas nos últimos quatro anos tenho estado bem mais perto, por causa de uma aproximação com o Bob (Roberto Samborski – diretor executivo) e a Martha Gorman (responsável pelos assuntos latino-americanos da GITA). É inegável a seriedade e o sucesso que a GITA vem tendo nos Estados Unidos e em vários lugares do mundo onde já vêm atuando de forma mais concreta. É também urgente a necessidade de unir interesses de usuários e produtores de geoinformação no Brasil, pois muitas ações poderão ser colocadas em prática de forma mais planejada, com garantia de resultados positivos", afirma Emerson.

Como foi colocado, o caminho está aberto. Agora, é preciso que a comunidade de geoinformação brasileira esteja atenta, apoiando e aderindo à nova associação.


Roberto Falco

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