Crescimento do evento comprova a importância da localização geográfica tanto no mundo dos negócios como na vida das pessoas
Por Marjorie Xavier
O setor de geotecnologias ficou surpreso ao constatar a abrangência da programação do GEOBrasil 2002 – Congresso e Feira Internacionais de Geoinformação, que acontece de 21 a 24 de maio no Centro de Convenções Imigrantes, em São Paulo. Depois do sucesso do ano passado, cujas palestras e debates já haviam sido classificadas como as mais completas dentre as realizadas em eventos recentes, não se esperava tanta diversidade para o congresso deste ano. Mas a organização surpreendeu e programou nada mais, nada menos do que 13 Cursos, 10 Painéis de Gestão, 7 Painéis de Tecnologia, 9 Fóruns de Debates, além de 2 Seminários. Ainda fazem parte do evento atividades com acesso livre como Concurso Acadêmico, workshops empresariais, palestras especiais e a feira de produtos e serviços.
A multidisciplinariedade se explica pela crescente utilização do conceito da localização geográfica em projetos de diferentes setores – como meio ambiente, geomarketing, telecomunicações, saneamento, transportes, energia, logística e administração de cidades, principalmente nas áreas de segurança e arrecadação de impostos. Com isso, são esperados cerca de quatro mil profissionais.
O GEOBrasil é organizado pela Alcantara Machado Feiras de Negócios, que em 40 anos de existência já realizou mais de 600 eventos em amplitude nacional e internacional. Realizado em São Paulo, maior cidade da América Latina, o evento é uma grande oportunidade para técnicos se atualizarem, executivos conhecerem casos de sucesso e todos realizarem bons negócios. "A feira este ano reúne mais de 50 empresas que representam quase 100 marcas de produtos e serviços nacionais e internacionais. Todas as principais empresas do setor apostaram no sucesso do evento e investiram em grandes áreas na feira. Nesta edição, o GEOBrasil se consolida como o mais importante evento de negócios e de atualização tecnológica do setor. O crescimento de mais de 35% em relação ao ano passado demonstra que a tecnologia da geoinformação está sendo e será cada vez mais utilizada por diversos setores da economia", afirma José Danghesi, diretor do evento.
O Congresso
A quantidade de palestras é expressiva – são 130 palestrantes e debatedores, alguns deles estrangeiros de países como Canadá, Espanha, Holanda e Estados Unidos. Nesse aspecto, é importante destacar que o GEOBrasil conta com o apoio da maior entidade mundial do setor, a GITA (Geospatial Information & Technology Association). Estão confirmadas as presenças do Presidente da GITA, David DiSera, que abordará a importância da interoperabilidade comentando duas iniciativas globais de integração de dados: Consortium OPEN GIS e GSDI – Global Spatial Data Infraestructure. Robert Samborski, diretor executivo da instituição americana, falará sobre os números do mercado mundial do setor. Dentre outras participações internacionais, um dos destaques é Hans Hess, presidente da Leica Geosystems, empresa suíça que é um ícone na área de geoinformação. Outro convidado é Luiz Carlos Moura Miranda, do Inpe, que falará sobre os novos investimentos previstos pela instituição na área de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento. Dos EUA, confirmou presença Harlan Onsrud – Presidente da UCGIS (University Consortium for Geographic Information Science) que abordará o tema de políticas públicas de produção e disseminação de dados geográficos.
Painéis de Tecnologia serão sete. Em um deles, intitulado "Integração do GIS com Sistemas de Gestão e Controle Empresarial (TI, SAP e CRM)", Manoel Jimenez Ortiz, da Ericsson, mostrará a relação entre GIS e BI (Business Intelligence). "Estas duas tecnologias coexistem há vários anos de forma independente, mas com a evolução dos sistemas computacionais temos verificado que a sua integração é possível e apresenta vantagens para o usuário tomador de decisão", declara Ortiz. O Painel "Novas Tecnologias de Mapeamento (Radar, Laser, Interferometria e Scanner)" terá, entre os palestrantes, João Moreira, da Orbisat. Sua missão será mostrar o panorama atual e perspectivas futuras de radares interferométricos. "São radares de imagem de visada lateral que produzem imagens ortorretificadas como também modelos de terreno e de superfície independente das condições atmosféricas", explica o diretor da Orbisat. Neste mesmo painel, Waldir Paradella, do Inpe, falará sobre radares imageadores. Segundo Waldir, as duas últimas décadas têm mostrado um grande avanço tecnológico com a proliferação de radares imageadores orbitais. "Dados do SIR-C/X-SAR, ERS-1, ERS-2, JERS-SAR e RADARSAT-1 têm sido utilizados em várias aplicações, enfocando aspectos científicos e comerciais. Em curto prazo, o avanço tecnológico vai possibilitar o aumento da capacidade em resolução espacial e a oferta de dados polarizados e polarimétricos", destaca o pesquisador do Inpe. Já Ismael Colomina, diretor do Instituto de Geomática da Espanha, fará parte do Painel "Sistemas GPS e Galileo – Novas Tendências". Neste mesmo evento, o professor do Departamento de Cartografia da UNESP João Francisco Galera Monico abordará a modernização do GPS e as novas perspectivas para o usuário.
Dos nove fóruns de debates, um promete esquentar o setor. Chamado de "Impactos do Georreferenciamento no Registro de Imóveis", o fórum contará com o engenheiro cartógrafo Edaldo Gomes, do INCRA, Sérgio Jacomino, do Instituto do Registro Imobiliário do Brasil, Andréa Flávia Tenório Carneiro, coordenadora do curso de Engenharia Cartográfica da UFPE, e Ary José de Lima, da ANOREG (Associação dos Notários e Registradores do Estado de São Paulo). O coordenador do Congresso GEOBrasil 2002, Emerson Zanon Granemann, frisa que o assunto não poderia ficar de fora da grade de programação. "Georreferenciar imóveis rurais agora é lei. Desde que foi sancionada a obrigatoriedade do CNIR (Cadastro Nacional de Imóveis Rurais), que exige o georreferenciamento, o setor de agrimensura e cartografia discute como o trabalho deve ser fiscalizado, entre outras questões polêmicas, como as atribuições do profissional responsável, o papel dos cartórios, etc.", diz Emerson. Outro fórum que deve despertar o interesse dos profissionais aborda "Como Orçar Corretamente os Serviços de Agrimensura". Nele, Hamilton Schenkel, presidente da Associação Profissional dos Engenheiros Agrimensores do Estado de São Paulo, Irineu Idoeta, diretor da Base Aerofotogrametria e Projetos, Júlio César Martins de Resende, presidente da Federação Nacional dos Engenheiros Agrimensores (FENEA), e José Luciano Nocolosi de Oliveira, diretor técnico da Associação das Empresas de Topografia do Estado de São Paulo (AETESP), questionarão não só as atribuições profissionais como a valorização dos serviços.
"Nova Legislação de Aerolevantamentos e Sensoriamento Remoto" é outro fórum de debate, onde estarão presentes Antônio Luiz C. de Freitas, da ANEA, coronel Erbas Soares de Medeiros, do Ministério da Defesa, Enéas Brum, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Geotecnologias (AGTEC), e Múcio Roberto Dias, da Agência Espacial Brasileira (AEB). E para discutir "Políticas Públicas de Produção e Distribuição de Dados Geográficos", o GEOBrasil 2002 chamou Cristina Xavier, coordenadora de Informações Metropolitanas da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (CONDER), Priscila Masson, coordenadora de Informações Geográficas da Empresa Paulista de Planejamento das Regiões Metropolitanas do Estado de São Paulo (EMPLASA), e Sérgio Braga, secretário de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável do Ministério do Meio Ambiente.
"Classificação e Certificação de Qualidade para Dados Geográficos" é o tema do fórum cujo objetivo busca o consenso sobre qual a instituição está preparada para organizar os diversos tipos de mapeamento que vêm sendo realizados no país, principalmente na áreas urbanas. Participam Jairo Cukierman, da TESIS-Tecnologia de Sistemas, Alexandre Derani, da Digibase, Marcos Rodrigues, da USP, e Max Alfredo Erhardt, da Fundação CPqD. Outro fórum bastante aguardado tratará das "Aplicações e Limitações das Imagens de Satélite de Alta Resolução".
Novas tecnologias
O Congresso terá dois seminários, um sobre LBS e GIS Mobile e outro sobre Gestão de Cidades. Os dois assuntos representam segmentos do mercado que, cada vez mais, utilizam tecnologias que envolvem a informação geográfica. O serviço baseado em localização é uma nova arma das operadoras de celular, por exemplo, na luta para garantir a fidelidade dos clientes. Assim como a utilização da tecnologia Mobile associada ao GIS para usos corporativos já é uma realidade. Softwares, dados geográficos, tecnologia de comunicação, computadores de bolso e celulares estão cada vez mais integrados. O Seminário "LBS – Serviços de Localização e GIS Mobile" apresentará panoramas mundiais e nacionais, como também alguns casos de aplicações destas tecnologias, através de palestras da Inteliredes, GNSS, CEMIG, Ituran/Net Solutions e SchlumbergerSema. Assim como o Seminário "Geoinformação na Gestão de Cidades" é uma oportunidade única para os profissionais tomarem conhecimento sobre como as geotecnologias estão atuando na administração municipal. Estão confirmados os nomes dos seguintes palestrantes: Jürgen Philips (UFSC), Flávio Yuaça (Comdata), Karla Albuquerque (Prodabel), Oscar Schmeiski (Prefeitura de Curitiba), Sergiusz Sikorski (Paranacidade), Fernando Cabussú (CONDER), Carlos Xavier Zundt (AGM da Baixada Santista), Aldo Foltz Hanser (Prefeitura de Itapevi), Diogenes Cortijo Costa (Prefeitura de Campinas), Antonio Miguel Vieira Monteiro (INPE), Pedro Teixeira (DECIDE), Josiane Francisco da Silva (Prefeitura de Mauá) e Reinaldo Chohfi (Geodesign).
O GEOBrasil 2002 ainda reservou espaço para os chamados Painéis de Gestão. No total, serão dez, que destacarão desde Transporte até Geomarketing, através de palestras de profissionais que atuam na área de gerência ou direção de suas instituições. O Painel sobre Projetos Governamentais, por exemplo, terá Marcos Freitas, da Agência Nacional das Águas. Já o de Meio Ambiente apresentará a palestra "Parceiros e Produtos do Momento de Ativação do SIPAM/SIVAM", ministrada por Péricles Cardim da Silva, gerente de Planejamento da Secretaria Executiva do Sistema de Proteção da Amazônia.
"Com certeza já estamos passando a fase de projetos de GIS isolados e não integrados ao sistema de gestão da empresa. Desta forma todos os convidados a serem palestrantes receberam a missão de transmitir aos congressistas uma visão estratégica de como foi montado, como está sendo usado e quais os reais resultados corporativos do uso dos sistemas de informações geográficas associados ao conceito mais amplo de Tecnologia de Informação", conclui o coordenador do congresso GEOBrasil 2002 Emerson Zanon Granemann.
Maiores informações: www.geobr.com.br ou (11) 6096-5311.