Como a maioria dos institutos de pesquisas brasileiros, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) está enfrentando dificuldades por causa da alta do dólar.
O gasto já contabilizado com importações, de maio até a semana passada, foi 47,5% maior do que seria sem a crise cambial. Isso representa cerca R$ 300 mil. Com isso, o instituto está sendo obrigado a canalizar o dinheiro para projetos prioritários, prejudicando outros. A área mais sacrificada é a de sensoriamento remoto. O orçamento do instituto para esse trabalho era de R$ 830 mil, mas o Ministério da Ciência e Tecnologia mandou apenas R$ 250 mil, dos quais R$ 150 mil já foram empregados. "Tivemos que priorizar projetos como a construção de satélites", explicou o diretor do Inpe, Luiz Carlos Miranda.
"Temos parcerias com a França e a China e prazos a cumprir. Não podemos remanejar recursos desses projetos". Isso não significa que o sensoriamento remoto não é importante. É com base nele que é feito o pagamento de seguros agrícolas pelo governo aos agricultores que, por algum motivo, perderam suas safras. Para isso são fundamentais as imagens de satélite, que mostram se o requerente realmente plantou a área que diz e se perdeu mesmo a colheita. "Até agora a falta de dinheiro não comprometeu esse trabalho", garante Miranda.
"O problema é daqui para a frente. Se a situação não mudar, teremos sérios problemas no ano que vem."