Lançado em janeiro pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o TerraCrime, um software de domínio público que permite tratar o crime de forma científica, com planejamento e prevenção, está dando o que falar em todos os estados brasileiros.
A Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública), órgão do Ministério da Justiça que encomendou o programa, está treinando três pessoas de cada estado ligadas à área de segurança – um da Polícia Militar, um da Polícia Civil e outro da Secretaria de Segurança.
Elas irão cuidar da difusão e da ampliação do uso do geoprocessamento da criminalidade, de forma que o software se torne um instrumento de uso corriqueiro das polícias contra a escalada do crime no país. De acordo com Luiz Fernando Corrêa, secretário Nacional de Segurança Pública, órgão do Ministério da Justiça, a adesão das principais cidades a esse sistema de mapeamento da criminalidade, associado a um outro programa, o de uniformização dos dados das ocorrências de crimes que são repassados para o Ministério da Justiça, vai possibilitar a criação, no futuro, de um plano nacional de segurança.
Ferramenta necessária
O geoprocessamento do crime é um instrumento científico reconhecidamente eficiente, mas só ele não basta, segundo o sociólogo Róbson Sávio Reis Souza, secretário-executivo do Crisp (Centro de Criminalidade e Segurança Pública), da UFMG, que trabalha com a Polícia Militar de Minas desde 1997.
"Se as polícias não tiverem instrumentos necessários para operá-lo e gente qualificada para analisar as inúmeras informações que ele gera, não terá muito efeito. O software é uma ferramenta necessária, mas insuficiente para melhorar a segurança pública."
O sociólogo da UFMG também acredita nisso, mas diz que a adesão se dará mais facilmente porque as polícias não têm outros instrumentos científicos para combater a criminalidade. "Nos municípios com mais de 150 mil habitantes, são praticados cerca de 70% dos crimes do país. Então, por falta de opção, eles vão ter que aderir", afirmou.
Informações do jornal Folha de São Paulo