publicidade

Satélites brasileiros devem ser lançados de Alcântara

publicidade

O projeto do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB), que pode custar mais de US$ 1,5 bilhão ao país, deve dar novo impulso aos trabalhos na Base de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, depois do acidente com o Veículo Lançador de Satélites (VLS) ter feito 21 vítimas em 22 de agosto de 2003.

Dois dos três satélites que farão parte do sistema pesam até duas toneladas, característica necessária para que sejam colocados em órbita pelo foguete Cyclone 4, construído numa parceria Brasil-Ucrânia.

“Procuramos especificar os satélites, dentro do possível, de acordo com o programa”, explicou Marcos Mahler de Araujo, coordenador do Projeto de Satélite da Atech Tecnologias Críticas.

A Atech participa do grupo responsável pela especificação técnica do SGB, ao lado da Fundação Casimiro Montenegro, do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD) e do Centro Técnico Aeroespacial (CTA). “Um dos satélites não conseguiria ser lançado pelo Cyclone.”

A proposta inicial era de dois satélites, para garantir redundância nos serviços. Se houvesse problema em um deles, a comunicação não seria cortada. O projeto foi reformatado para ficar de acordo com a capacidade do lançador Cyclone 4.

“A simplificação dos satélites também foi feita para compatibilizá-los com as posições orbitais disponíveis”, explicou Araujo. “Quanto maior, cresce também a possibilidade de interferência com os satélites vizinhos.”

A Atech ainda não tem uma estimativa mais detalhada do custo total do projeto. Para construir os satélites, colocá-los no ar e instalar os centros de controle terrestres, devem ser gastos cerca de US$ 800 milhões.

O montante não inclui as estações terrestres, para a comunicação dos usuários. Até agora, foram despendidos R$ 140 mil para o estudo de viabilidade, terminado em 2002, e R$ 10 milhões na especificação do projeto.

Os recursos vieram do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel), sob a responsabilidade do Ministério das Comunicações.

O projeto causou indignação nas operadoras de telecomunicações. “Não faz o menor sentido”, disse um executivo.

“As telecomunicações são o único setor de infra-estrutura em que existe ociosidade. Como o governo tem disponibilidade de investimento cada vez menor, deveria priorizar os setores que precisam mais de recursos.”

Existem cerca de 50 satélites liberados para operar no Brasil.

Segundo Tarcísio Takashi Muta, diretor-presidente da Atech, as soluções de mercado não resolvem todas as necessidades para que foi desenhado o SGB.

“Na área de meteorologia, só existem satélites americanos, que concentram sua capacidade nos EUA toda vez que acontece um grande fenômeno”, explicou o executivo.

“Na banda Ku (usada, por exemplo, na TV paga via satélite), a capacidade está concentrada nas áreas onde existe grande demanda. Nas regiões costeiras e na Amazônia, onde existe necessidade das Forças Armadas, as empresas não oferecem o serviço de forma adequada.”

O SGB dará apoio a vários setores governamentais, em aplicações como gerenciamento de tráfego aéreo, meteorologia, defesa, segurança nacional e vigilância da Amazônia.

O assunto começou a ser tratado em meados da década de 1990, depois de a Organização de Aviação Civil Internacional (Icao, na sigla em inglês) ter definido que o controle do tráfego aéreo passaria a ser feito via satélite.

O projeto nasceu no Ministério da Aeronáutica, com o objetivo de atender a esse programa.

“O Brasil é um país continental, com tráfego aéreo significativo”, destacou Muta.

“Se não tiver uma solução própria, terá de pagar continuadamente tarifas para um satélite comercial. Poderemos absorver tecnologia e prestar serviços para países da América do Sul e da América Central, reforçando a integração regional.”

Informações do Estadão

publicidade
Sair da versão mobile