No 4º EUsISSeR foram apresentados vários exemplos de aplicações do CBERS por instituições brasileiras, como os estudos de exsudações da Petrobrás, arrecadação fiscal da Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo e Secretaria da Fazenda de Goiás, processos de reforma agrária do INCRA, projetos do IBAMA, entre outros. A seguir são detalhadas algumas dessas aplicações:
Gestão Municipal
O Dr. Ubirajara Moura de Freitas, apresentou o uso do sensoriamento remoto e geoprocessamento na gestão municipal utilizados pela FUNCATE. O sensoriamento remoto para gestão municipal é uma ferramenta indispensável para criação e manutenção contínua de uma base cartográfica multifinalitária, utilizado no cadastro técnico. O uso compartilhado e coorporativo é indispensável
O principal problema dos municípios é que há bastante informação, mas ela não é organizada. Cada seção tem um mapa e não há interligação entre eles (o assunto da interoperabilidade também é abordado nas seções +dados e Fórum).
O ideal para cidades médias é criar uma base cartográfica e depois que todos os departamentos usem a mesma base. Um exemplo é a prefeitura de Santos. Segundo Ubirajara, “com uma boa base cartográfica e uma boa trena pode-se plotar um novo ponto, sem usar GPS”. Todos os postes e árvores de Santos foram levantados com trena.
Os passos para implantação de um cadastro técnico multifinalitário são:
Imageamento; mapeamento territorial;
Mapeamento urbano;
Atualização dos cadastros imobiliários;
Mobiliário urbano;
Logradouros e infra-estrutura;
Procedimentos usando informatização e geoprocessamento;
Capacitação e manutenção continuada.
O tipo de mapeamento depende da escala que se quer representar as feições:
Escalas 1:50000 a 1:25000 – imagens Landsat, CBERS, etc;
Escalas 1:25000 a 1:5000 – aerofotogrametria, satélites SPOT, Ikonos, Quickbird;
Escalas 1:2000 a 1:1000 – aerofotogrametria, DGPS e estação total.
Ao final foram apresentados custos de implantação. Chegou-se à conclusão de que o investimento na implantação de um cadastro informatizado, por uma cidade média, volta em apenas um exercício fiscal.
Geoprocessamento e Justiça
O arquiteto Romeu Simi Junior, assessor da Promotoria do Estado de São Paulo, apresentou o uso da tecnologia espacial pelo Ministério Público. O início do projeto deveu-se à má-fé na avaliação de valores de desapropriação de imóveis.
O INPE realiza um trabalho conjunto com o Ministério Público do Estado de São Paulo, utilizando técnicas de sensoriamento remoto e de geoprocessamento para identificação de áreas protegidas, segundo a legislação ambiental, identificação e monitoramento das áreas degradadas e o controle das unidades conservação.
Os dados utilizados são de várias fontes, de acordo com o que se quer ver nas imagens. No caso dos atributos de interesse da imagens serem espectrais, são utilizados Landsat, SPOT e CBERS. Se é mais importante a resolução espacial, são utilizados Ikonos, aerofotos, mapas antigos, etc.
Novos Sensores
Métodos inovadores, novos sensores e perspectivas para o sensoriamento remoto e SIG foram apresentados pelo Dr. Hermann Johann Heinrich Kux, da DSR. Foram detalhados os sistemas sensores orbitais de alta resolução espacial IKONOS e QUICKBIRD, utilizados no INPE.
Características dos sensores:
Ikonos: resolução espacial 1m pancromática e 4m multiespectral – resolução radiométrica 11 bits (2048 níveis de cinza) – diferencial;
Quickbird: resolução espacial 0,61m pan at nadir e 2,44m at nadir multi – resolução radiométrica 11bits.
Para a análise digital de imagens de alta resolução são usadas a lógica fuzzy versus booleana, segmentação de imagens, classificação orientada a objeto versus pixel a pixel, e análise / classificação de imagens baseada em conhecimento. O conhecimento humano sobre objetos e estruturas precisa ser transmitido ao computador.
O GEU estuda a aplicação de imagens de satélite de alta resolução para a obtenção de informações relevantes de áreas urbanas, contribuindo por exemplo para o planejamento urbano. Atualmente está em fase de testes.
O principal enfoque é a obtenção de informações úteis para o cadastro urbano, especialmente quanto a:
Uso do solo;
Crescimento urbano;
Expansão urbana em áreas de risco;
Detecção de ocupações ilegais (favelas);
Drenagem urbana e grau de impermeabilização;
Qualidade da vegetação urbana, etc.
Meio ambiente e agricultura
O Dr. Maurício Alves Moreira, da DSR, apresentou a aplicação de dados de sensoriamento remoto no meio ambiente e agricultura.
Vantagens das imagens de satélite:
– Grande área imageada – exemplo imagem do TM Landsat-5 185x185km = 35.000km2;
– Dados multiespectrais / combinação de bandas;
– Alta resolução temporal – satélites de alta resolução temporal: Góes, NOAA, TERRA/MODIS e média resolução temporal: SPOT, Landsat, CBERS.
Segundo o palestrante, o custo por km2 varia de acordo com a resolução e a largura da faixa imageada. Um bom exemplo é a imagem TM do Landsat, com 35mil km2 e preço de 1400 reais, o que equivale a um custo de menos de 0.04 centavos por km2.
Atlas de Ecossistemas
O Atlas de ecossistemas da América do Sul e Antártica através de imagens de satélites faz parte do Programa EDUCA SeRe-CBERS, e foi apresentado pela Dra. Tânia Maria Sausen.
Este programa é dedicado a professores e estudantes do ensino fundamental e médio e teve como meta gerar um Atlas de ecossistemas da América do Sul e Antártica para ser utilizado como material didático no ensino de geografia e ciências, nos níveis fundamental e médio.
O Atlas é distribuído gratuitamente, exclusivamente para instituições de ensino fundamental e médio, e para licenciaturas, principalmente nas áreas de geografia, biologia e ciências e ONGs onde sejam desenvolvidas atividades de educação ambiental.
Não são doados exemplares do Atlas para indivíduos, apenas para instituições. Para receber um exemplar do Atlas basta preencher o formulário de cadastramento e enviá-lo para o endereço que consta no formulário.
O CD é doado para escolas, ONGs, etc. A encomenda é rastreada para garantir que chegou para a pessoa certa e está sendo usada. A linguagem utilizada no sensoriamento remoto é bastante técnica, mas foi tornada palatável para alunos Além das imagens, também há séries históricas, fotos, história e geografia do local.
Arqueologia e SR
O geólogo Paulo Roberto Martini, da DSR, apresentou a utilização de sensoriamento remoto como suporte para história e arqueologia.
Sítios arqueológicos geralmente tema aparência de cavas, quando aparecem em imagens de satélites. Satélites como Ikonos são os mais apropriados para encontrar sítios arqueológicos, pois apresentam alta resolução espacial e também pela resolução radiométrica de 11 bits, que possibilita obter diferenciações de ordem espectral e radiométrica.
Uma curiosidade foi apresentada sobre o lago Titicaca, que é dividido em duas partes, chamadas pelos nativos de Jaguar e Coelho. Virando o mapa de cabeça para baixo (com o norte apontando para baixo) aparece a figura do coelho. Segundo Martini, “deve-se mudar o ponto de vista, ver as imagens com outros olhos”.
Uma das imagens mais impressionantes apresentadas foi sobre o mito da "Ilha Brasil". Esta imagem foi obtida segundo uma projeção da elevação dos níveis dos mares, que teria ocorrido antes do descobrimento do Brasil.
-Mito da Ilha Brasil
Em vários locais aparecem geoglifos, que são geralmente quadrados ou círculos feitos deliberadamente por civilizações antigas. São assinaturas de culturas que estiveram no local. Alguns são linhas indicando a posição de lençóis freáticos para as próximas gerações.
Os desafios atuais dos arqueólogos são os monumentos de Natividade em São José dos Campos, que tema aparência de uma pirâmide, e o Stonehenge de Calçoene, no Amapá.
Projeto Panamazônia II
Valdete Duarte apresentou o projeto Panamazônia II, que é o mapeamento da Amazônia Sul Americana com imagens MODIS e mosaigos NASA GEOCOVER.
O projeto no início era analógico, na forma de tabelas. No Brasil deu certo e será implantado nos demais países da floresta.
Metodologia somente sobre produtos gratuitos: software SPRING, imagem MODIS, mosaico NASA-GEOCOVER, metodologia INPE.
A metodologia utilizada permitiu operacionalizar o projeto Panamazônia II. A experiência adquirida mostra o avanço significativo que ocorreu na utilização dos mosaicos GEOCOVER – NASA e das imagens MODIS, para monitorar a região da Amazônia Sul Americana.
No projeto DETER, as imagens mais recentes do sensor MODIS entram no banco de dados sem precisar de registro. O mais importante foi gerar a imagem zero (inicial). As próximas imagens dão a evolução da ocupação.