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Novidades tecnológicas: novos sensores orbitais

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O início deste século foi marcado por inúmeros avanços tecnológicos que contribuíram para o aumento do almejado conhecimento requerido pela sociedade da informação.

Nessa sociedade, moldada com o advento da internet e pelo desenvolvimento dos meios de comunicação, habituada a receber e enviar informações por meios eletrônicos e a comunicar-se em tempo real para qualquer lugar do planeta, a capacidade de prever os fatos com uma razoável margem de erro e antecipar os prováveis cenários futuros é sinônimo de poder.

Dentre os avanços tecnológicos que mais influenciaram o setor de goinformação mundial nesta década, destacam-se a melhoria de precisão dos sistemas GPS, os satélites de alta-resolução espacial, os portais de internet com mapas interativos (“search engines”) e a adoção dos sistemas de localização de veículos.

Em decorrência deste desenvolvimento, a indústria de sensoriamento remoto está em pleno crescimento e pretende lançar ao espaço inúmeros satélites até o final desta década, que juntos irão formar a maior constelação de satélites existente para uso civil, dedicados à coleta de informações sobre a superfície da Terra.

Para facilitar a identificação dos atuais e novos sensores orbitais disponíveis ainda nesta década, foi utilizada a figura proposta por William Stoney1 em uma apresentação feita para a NOAA em 14/11/03.

Desta considerável quantidade de sensores orbitais, previstos ou existentes, cujas aplicações diferem conforme o projeto de cada satélite, gostaria de destacar duas tendências, notadamente importantes para a realidade Brasileira, uma vez que o uso desta tecnologia é bastante diversificada, assim como a experiência e a capacitação dos usuários de imagens de satélites: a facilidade de acesso a mapas e imagens, como também o aumento na capacidade de re-visita dos satélites de sensoriamento remoto.

A facilidade de acesso a mapas e imagens, com indicação de rotas e a localização de endereços, é uma tendência deliberadamente influenciada pelo sucesso dos sites como Mapquest (www.mapquest.com) e Maplink (www.maplink.com.br), além do Google Earth (http://earth.google.com), entre outros; e particularmente no Brasil, pela distribuição gratuita de imagens do satélite CBERS-2 promovida pelo INPE durante o ano de 2005, com mais de 100.000 cenas distribuídas.

Esta facilidade certamente ampliou o conhecimento dos usuários existentes em relação às potencialidades de uso dos sensores orbitais, uma vez que devido a gratuidade das imagens CBERS-2, várias aplicações puderam ser testadas sem a necessidade de investimentos iniciais para a compra de imagens, como também aumentou o número de novos usuários, haja visto o número de hits dos sites que oferecem mapas interativos pela internet e o crescimento do acesso a estes portais nos últimos anos.

Em decorrência desta tendência, aumentou também o número de aplicativos (API2) desenvolvidos para funcionar sobre estes sites, como também despertou o interesse de empresas como a GlobeXplorer (www.globexplorer.com) e a ESRI, através do ArcExplorer (www.esri.com/arcexplorer), assim como o INPE por meio do Terraview (www.dpi.inpe.br/terraview), que criaram ferramentas para visualização e manipulação de dados geográficos, capazes de absorver inúmeros plugins.

O aumento na capacidade de re-visita dos satélites de sensoriamento remoto vem ao encontro dos usuários que necessitam de informações sobre suas áreas de interesse em um curto espaço de tempo, ou também, ao encontro dos interessados em imagens “livres de nuvens” sobre áreas que tradicionalmente possuem grande cobertura de nuvens.

Esta capacidade somente pode ser ampliada devido à diminuição nos custos de construção de sensores orbitais, que permitiram a criação de verdadeiras constelações destes satélites, capazes de atuar em todo o planeta, com re-visita diária em praticamente qualquer lugar povoado do mundo.

A empresa DMC International Imaging (www.dmcii.com) é responsável pela comercialização das imagens geradas pelos satélites do consórcio de monitoramento de desastres, formado por operadores de satélites independentes da Argélia, Nigéria, Turquia, China e Reino Unido, com apoio financeiro do governo inglês, que subsidiou a construção de novos satélites e garantiu a reunião destes operadores em torno de uma única organização que coordena a operação de todos os satélites.

Através deste consórcio inovador, os usuários podem adquirir imagens com 32 metros de resolução espacial, sobre praticamente qualquer região do planeta, entregues em 24hs em situações de desastres, ou por meio de programas de imageamento que se beneficiam da periodicidade diária destes satélites para monitorar grandes áreas em um curto espaço de tempo.

Outra iniciativa interessante é a da empresa Alemã RapidEye (www.rapideye.de), que conseguiu um financiamento privado para construção de cinco micro satélites de sensoriamento remoto com 6,5 metros de resolução espacial, cinco bandas espectrais e re-visita diária. Previstos para serem lançados ao mesmo tempo, em um único foguete, no início de 2007, será então a primeira empresa a oferecer uma grande capacidade de imageamento (mais de 4 milhões de km2) sobre praticamente qualquer região do planeta, todos os dias.

Somadas, estas novidades tecnológicas podem mudar o curso da indústria de sensoriamento remoto, ao permitir que as aplicações derivadas destas imagens ganhem merecido lugar de destaque na lista de necessidades dos usuários de geoinformação, em substituição ao elevado custo verificado atualmente para construção de bases cartográficas. Resta saber se estas iniciativas irão realmente baixar o custo das imagens orbitais ou se teremos que aguardar outras iniciativas como a do INPE no Brasil.

1) William Stoney é atualmente o engenheiro principal da Mitretek Corporation; começou sua carreira na NASA como engenheiro do Programa Apollo e foi Diretor do Programa de Observação da Terra em 1972, no ano em que o satélite Landsat-1 foi lançado.

2) API, de Application Programming Interface (ou Interface de Programação de Aplicativos) é um conjunto de rotinas e padrões estabelecidos por um software para utilização de suas funcionalidades por programas aplicativos. Mais recentemente o uso de API tem se generalizado nos chamados plugins, acessórios que complementam a funcionalidade de um programa. Os autores do programa principal fornecem uma API específica para que outros autores criem plugins, extendendo as funcionalidades do programa para os usuários comuns.

-> Satélites de alta resolução espacial

-> Satélites de média resolução espacial

Maurício B. Meira
meira@rapideye.de

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