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Panorama GEO: onde estamos e para onde vamos em 2008?

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Para esta edição, tive como base o artigo Top Ten of 2007, da editora Adena Schutzberg, publicado na revista on-line Directions Magazine, para fazer um panorama dos últimos 12 meses da indústria e da ciência geo. Acesse o artigo original e completo no link www.directionsmag.com/article.php?article_id=2651.

1. O ano do desenvolvedor

Fornecedores têm contado com desenvolvedores terceirizados como recurso para vendas em novos segmentos há anos. Geralmente, estes desenvolvedores criam soluções verticais que levam tecnologia horizontal para oportunidades de negócios que seriam muito caras ou especializadas para um provedor de tecnologia com foco mais geral. Neste ano, a tecnologia geoespacial e provedores de dados ofereceram mais infra-estrutura e mais incentivos para atrair estas parcerias.

2. Aquisições menores

Certamente este foi um ano para grandes aquisições envolvendo significativas somas, notavelmente na área de dados geográficos, mas não esqueçamos que muitas empresas menores de geotecnologias foram incorporadas por outras maiores: Acquis Technology, ER Mapper e Ionic Software foram todas para a Leica (parte do grupo Hexagon), Multimap para a Microsoft, ImageAmerica para o Google e uma distribuidora (Axciom France) e também uma empresa voltada à mineração (Encom) foram para a  MapInfo (parte do grupo Pitney Bowes). Minha suposição é que estaremos sabendo de mais aquisições de empresas de geo das quais a maioria de nós nunca ouviu falar.

3. O jogo do nome

Acredito que as discussões atuais sobre como chamamos nossa disciplina/setor de mercado/tecnologia indica que estamos em uma fase de mudanças. Há a discussão da neo/paleogeografia, mas provavelmente a mais indicativa é a mudança de nome da conferência da Gita para “Geospatial Infrastructure Solutions Conference – Conferência de Soluções para Infraestrutura Geoespacial”. Isso demonstra que, pelo menos na perspectiva da Gita, o foco agora é no mundo feito pelo homem em oposição ao natural. Ao mesmo tempo, nós continuamos a usar tanto os termos Geographic Information System – Sistema de Informação Geográfica como “Geographic Information Science – Ciência da Informação Geográfica, sendo o primeiro utilizado mais em negócios/governo e o segundo em educação. Muitos, dentro e fora da comunidade, continuam a usar o termo GPS (Global Positioning System – Sistema de Posicionamento Global, que se refere especificamente à constelação de satélites dos Estados Unidos), no lugar do mais universal GNSS (Global Navigation Satellite System – Sistema Global de Navegação por Satélite, que engloba o GPS, Glonass e ainda o Galileo, de futuro incerto).

4. Dentro dos mundos?

Como nossa visão de modelos 3D e cidades virtuais, usados para tomada de decisão entre outras utilizações, se encaixam em mundos on-line como o Second Life? São estes mundos virtuais locais para pesquisa/geração de negócios ou ambos? Note que o Diretor Técnico (CTO) da Linden Labs (que produz o Second Life) recentemente deixou sua função e um terceiro criador de conteúdo, a Electric Sheep, fez um corte de 25% no número de empregados. Duas empresas do mundo real, com presença no Second Life, já o deixaram: a AOL e a Pontiac. Além disso, é incerto quantos novos usuários estão sendo criados e mantidos ativos.

5. Privacidade posicional

As preocupações com a privacidade relacionada à localização aparentam estar diminuindo. Ainda há algum artigo isolado falando que se você está carregando um GPS, pode ser localizado por qualquer um (não é verdade), ou que monitorar os filhos pode ser ruim para eles (não está claro ainda se é verdade), ou que o Street View da Google invade a privacidade e pode ser ilegal (não no caso dos Estados Unidos, de toda forma, até agora). Por ora, essas preocupações foram encobertas por aquelas causadas por erro humano: números da seguridade social e de cartão de crédito roubados, ou informações confidenciais disponibilizadas contra a vontade dos usuários por governos ou empresas privadas.

6. Educação: além do GIS

Vejo indicação de que a demanda para educação geoespacial está indo além de apenas o ensino de pacotes de software. O lançamento de uma série de produtos educacionais focados em GIS/geotecnologias, usados em vários setores, é evidência deste fato. Há também comentários sobre a geo-educação, como este em um blog: “Alimentando a discussão, quando as faculdades/universidades e outras escolas técnicas vão começar a ensinar soluções GIS Open Source? Aprender algo na escola e sair para o mercado de trabalho tendo nenhuma habilidade com código aberto pode ser desapontador. Penso que caso se queira que o mundo mude para código aberto (e não apenas uns poucos na fronteira da alta-tecnologia), você tem que iniciá-los no começo das carreiras”.

7. Novos tipos de serviço

Enquanto geo-serviços Web continuam a amadurecer e discussões sobre arquitetura orientada a serviços aumentam, tive o prazer de ver o uso de Serviços Web da Amazon sendo usados para implementações geoespaciais. O maior usuário geo desses serviços, o WeoGeo (http://weoceo.weogeo.com/), foi finalista (mas não ganhou) do Amazon StartUp Challenge. Aponto para o S3 (Simple Storage Service), o EC2 (Elastic Compute Cloud) e seus similares como os recursos-chave para o futuro, porque: (1) nossos processamentos podem ser complexos e consumir uma quantidade grande de recursos; (2) a oferta precisa algumas vezes funcionar 24 horas por dia, sete dias por semana; e (3) aplicações geo podem necessitar de um armazenamento significativo de dados. E isto é o que a Amazon e outros estão proporcionando, por um preço que eu entendo por “barato”.

8. Escorregão nas maravilhas das imagens de satélite

Gostaria de aplaudir a Major Cynthia Ryan, porta-voz da Civil Air Patrol, que bravamente declarou várias vezes que ter milhares de pessoas (algumas das quais seguiram as instruções e outras que não) esquadrinhando as imagens de Nevada na busca de Steve Fossett não teve utilidade nenhuma (veja o post completo em inglês: http://www.wired.com/techbiz/it/news/2007/11/fossett_search). Ryan ressaltou que era improvável que o avião estivesse intacto, os restos seriam bem pequenos e não detectáveis. Foi um choque de realidade (e aprendizado) valioso para todos. Um dos participantes da busca on-line está trabalhando para criar uma solução de busca e resgate on-line mais efetiva (http://apb.directionsmag.com/archives/3779-Another-Internet-Satellite-Image-Search-for-Lost-Pilot.html).


Mapa da estação KPBS no Google Maps sobre os Incêndios na Califórnia

9. A mídia e os mapas colaborativos

Jornais, TV e rádio, com o apoio de várias companhias de GIS, busca e design gráfico, têm incluído mapas nas edições impressas, on-line e ao vivo por algum tempo. Mapas interativos se tornaram o padrão nos últimos anos, mas este ano os mapas colaborativos, com entradas tanto do público quanto de jornalistas, foi um grande passo. Mapas criados por veículos da Califórnia alcançaram milhares de hits durante os incêndios ocorridos no verão. E este é apenas o começo. Os responsáveis por tecnologia nas organizações de mídia precisam aprender mais sobre como usar e administrar estas ferramentas. Os repórteres precisam administrar e detalhar fontes de dados e determinar a melhor forma de integrar (ou não) conteúdo gerado pelo usuário. Experiências bem sucedidas aprendidas nestas situações só podem agregar valor para os recursos compartilhados para todos os tipos de usos além destas emergências.


Parte do vídeo feito pelo jornal espanhol El País, usando imagens do Google Earth,
sobre a tragédia com o vôo da TAM em Congonhas

10. Medindo o impacto dos LBS

Jornalistas e outros profissionais têm tido dificuldade, ano após ano, de medir se os Location-Based Services (serviços baseados na localização – LBS) já estão “acontecendo”. O hardware está vendendo bem e novos aplicativos com localização aparecem continuamente. Mas estes serviços mudaram a forma que nós levamos nossa vida social ou profissional? Concordo que navegação por satélite e serviços de tráfego (no carro, portátil ou no telefone) estão mudando comportamentos. Mas, além destes exemplos, não experimentei, ou vi nas minhas interações com outros, impacto suficiente de outros serviços de localização para declarar que a vida mudou.

Silvana Phillipi Camboim
Engenheira cartógrafa
Diretora da geoplus Geotecnologia e Informática
silvana@geoplus.com.br

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