Por Hossein Mohammadi, Abbas Rajabifard e Ian P. Williamson, Universidade de Melbourne, Austrália. Publicado originalmente na edição 12, volume 21 da Revista GIM International (dezembro de 2007)
Monitoramento e controle de ambientes requerem que seus componentes naturais e edificados sejam integrados com um modelo. A integração de dados espaciais de diversas fontes tem um papel importante nesse caso. No entanto, a fragmentação entre as instituições envolvidas resulta em inconsistência da coordenação de dados e torna a integração custosa e demorada. A solução é colocar todos os aspectos, sejam institucionais, legais, sociais e políticos, dentro de uma estrutura holística. Os autores defendem que uma Infraestrutura de Dados Espaciais (SDI) pode prover isso.
A vida humana afeta a natureza pelo consumo da terra, pela destruição dos habitats e pela substituição de cobertura natural por superfícies impermeáveis. Por outro lado, a natureza afeta aspectos sociais, econômicos, políticos e institucionais da vida humana. Desastres naturais, qualidade do ar e da água, mudança climática e diminuição de recursos naturais são exemplos de alterações que afetam consideravelmente as pessoas, cidades, instituições, economia, culturas e políticas de ambientes edificados (Figura 1).
Figura 1 – Impacto mútuo dos ambientes naturais e feitos pelo homem
(Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos – EPA, 2001)
Os responsáveis pelas políticas, cientes de que suas decisões no ambiente edificado têm impacto no natural, estão tentando incorporar considerações de proteção de ambientes naturais. Proteção ambiental, em conjunto com o crescimento econômico e coesão social, são os maiores objetivos do desenvolvimento sustentável, a principal prioridade para a maioria das nações desenvolvidas e em desenvolvimento.
Ambientes
O ambiente edificado muda e se desenvolve constantemente. Para equilibrar a interação mútua entre os ambientes edificados e naturais, estes precisam ser protegidos da atividade humana (Figura 2) e aqueles requerem monitoramento e controle de interação mútua.
Figura 2 – Proteção de ambientes naturais contra alterações no ambiente edificado
Serviços espaciais podem auxiliar na administração dessa interação no planejamento urbano, no gerenciamento de recursos e nos serviços de emergência. Serviços espaciais estão baseados fortemente em dados geográficos de diversas fontes. Por exemplo, os serviços de emergência implicam em situações que envolvem a integração de componentes naturais e edificados, incluindo redes de transporte, estruturas e vegetação. O gerenciamento desses componentes são fornecidos por diferentes organizações, cada uma com suas prioridades e necessidades. A fragmentação resultante leva à heterogeneidade e inconsistência de enfoques e estratégias na coordenação de dados. A decisão requer uma plataforma capaz de fazer isso, para a qual as Infraestruturas de Dados Espaciais (SDI) estão sendo desenvolvidas.
Plataforma SDI
As Infraestruturas de Dados Espaciais fornecem uma plataforma que oferece a interação entre os envolvidos e os dados espaciais, com redes, padrões e políticas (Figura 3).
Figura 3 – Componentes das SDIs (Rajabifard et al, 2001)
Essa estrutura pode ser usada para desenvolver disposições institucionais, ferramentas legais e políticas, e capacidades sociais para facilitar a integração dos dados espaciais e seu uso potencial máximo. Para isso, é preciso que exista um canal envolvendo os provedores de dados, revendedores e usuários, ajudando a interagir com ferramentas técnicas, de políticas e de padrões para coordenar e usar os dados de forma correta. A SDI oferece minimização de custos e tempo na integração de dados de múltiplas fontes. No entanto, isso ainda não foi atingido. Mais pesquisa é necessária para obter uma integração de dados eficiente no contexto do projeto de SDI; os resultados podem auxiliar no desenvolvimento de ferramentas técnicas, políticas, institucionais e de gerenciamento. Quando isso for alcançado, a integração de dados facilitará a sustentabilidade (Figura 4).
Figura 4 – Impacto mútuo de ambientes edificados e naturais e desenvolvimento sustentável
Estudos de caso
A integração técnica recebeu maior atenção como a mais direta percepção da integração de dados espaciais. No entanto, muitos aspectos não técnicos também são importantes. Para investigar aspectos técnicos e não-técnicos e desenvolver um marco para integração, estudos de casos foram planejados e conduzidos na região da Ásia e Pacífico, incluindo Austrália, Nova Zelândia, Malásia, Indonésia, Japão e Tailândia. O patrocínio partiu do Comitê Permanente de Infraestrutura de GIS para Ásia e Pacífico (PCGIAP) das Nações Unidas. Independente de particularidades nacionais, como integração de informações marinhas e terrestres na Indonésia, os resultados das observações identificaram vários aspectos técnicos e não-técnicos (Figura 5).
Figura 5 – Integração de dados técnicos e aspectos não-técnicos associados
Os aspectos técnicos que requerem considerações mais aprofundadas incluem heterogeneidade computacional e semântica, sistema de referência e inconsistência de escolha, metadados incompletos, inconsistência de qualidade de dados, formato, modelos de dados e atribuições. Colaborações entre os envolvidos, junto com modelos de fundos de investimento e enfoques de gerenciamento de dados, são aspectos-chave em direcionamentos institucionais. No enfoque político, prioridades nacionais, preços e legislação foram considerados os principais aspectos. Na categoria social, as diferenças culturais, capacidade de construção e envolvidos com dados espaciais são significantes. A partir de uma perspectiva legal, os pontos proeminentes são direitos, restrições e responsabilidades, direitos autorais e licenças.
Conclusões
Se caso não for coordenada dentro de uma estrutura holística, a diversidade de enfoques causa grandes problemas que acarretam no uso excessivo de tempo, esforço e custo. Uma estrutura holística integrada direcionaria os aspectos e inconsistências associadas à integração de dados de várias fontes. Dito isso, as SDIs trabalhando como plataformas podem facilitar a interação entre os envolvidos com os dados espaciais e os dados para compartilhar, ajudando assim a ter acesso e integrar bancos de dados espaciais. As SDIs também fornecem componentes técnicos, incluindo redes de acesso, padrões e políticas, em que cada integração de dado pode ser construída.