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O amadurecimento do WebGIS e da sustentabilidade

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Você já imaginou, leitor, juntarmos mais de 14,5 mil pessoas, de 114 países diferentes, durante uma semana, para discutir tendências e novidades do mercado de geotecnologias, na mais vasta amplidão que esse termo possa se aplicar? Pois bem, isso realmente aconteceu no último mês de agosto, em San Diego, EUA, durante a Esri International User Conference 2008.

Trata-se do maior evento de geotecnologias do mundo, que ocorre anualmente desde 1981. Apesar de ser organizado por um único vendor de GIS, muitas das tendências desse mercado global são antecipadas nesse fórum. Com o tema “Geography in Action” (Geografia em Ação), Jack Dangermond, o pai do GIS (junto com Waldo Tobler e Roger Tomlinson), fundador e presidente da Esri, abriu o evento na já famosa Plenary Session mostrando dezenas de aplicações que se beneficiam das geotecnologias, desde as mais tradicionais até a gestão de energias renováveis, análises do impacto do aquecimento global e combate à pobreza.

Jack Dangermond e Dr. Peter H. Raven na Plenary Session

A estrondosa evolução tecnológica que estamos passando potencializa e democratiza o uso do GIS, à medida que aumentam o poder de processamento das máquinas, a largura de banda de transmissão em redes e a capacidade de armazenamento. Além disso, com a disseminação dos dispositivos móveis, a virtualização das interfaces e ambientes e a própria evolução da internet, parece que o ambiente propício chegou.

E é só o começo. Trata-se do WebGIS, um ambiente em que os serviços de GIS estão cada vez mais incorporados à rotina de TI e negócios das empresas, em perspectivas estratégicas e operacionais, ajudando na organização do mundo, permeando o contexto geográfico que a internet busca e tornando cada vez mais útil a infinidade de dispositivos móveis que temos acesso.

Existe “espaço” para todas as aplicações, de todos os gostos e cheiros. Dos mais profissionais, tradicionais usuários Desktop GIS, passando por usuários internet, que consultam sistemas de uso público, com integração e colaboração de geoserviços, até usuários casuais, que se utilizam de geotecnologias – na requisição pelo celular de um restaurante mais próximo, por exemplo – mesmo sem se dar conta. E isso sem esquecer dos produtores de conteúdo geográfico, dos profissionais mantenedores de bases sistemáticas até os blogueiros e mashup makers de plantão.

ArcGIS 9.3

O carro-chefe do evento foi o lançamento da versão 9.3 da plataforma ArcGIS, integrando sua histórica especialidade em congregar pacotes sofisticados de análises espaciais com uma plataforma mais estável, escalável, customizável e performática de serviços em ambiente cliente-servidor. Extensões como o Network Analyst, 3D Analyst e Survey Analyst, além do pacote ArcLogistics, tiveram grandes aprimoramentos, assim como a robustez por trás do ArcGIS Server, que capitaneia o conceito de WebGIS. Sugiro darem uma olhada na mais nova interface do ArcGIS Server para SilverLight e Flex, que torna muito mais amigável e convidativa a navegação interativa em mapas digitais.

Vale a pena destacar também a importante incorporação de ferramentas de análise estatística espacial exploratória (Spatial Statistics toolbox). Trata-se da primeira real integração entre análises outrora circunscritas a pacotes acadêmicos e uma ferramenta GIS profissional. Análises como GWR e auto-correlação espacial – já tratadas em outros artigos da InfoGEO, nas edições 46, 50 e 53 – estão totalmente incorporadas ao ArcGIS.

O posicionamento da Esri frente à mudança de paradigma recém-imposta ao mercado pela Google e seu Google Earth, e depois fortalecida e repercutida pela competição com a Microsoft e seu Virtual Earth, foi particularmente destacado nesse evento. Através do ArcGIS é possível publicar mapas em formato kml e pdf diretamente, além de fazer uso da base contínua do Microsoft Virtual Earth pelo ArcGIS Online. Antes competidores fortíssimos de última hora, Google e Microsoft são agora importantes disseminadores de alcance global, de uma cultura de geoprocessamento que traz vendors como Esri, Autodesk e Intergraph a reboque, como os verdadeiros conhecedores do potencial analítico das geotecnologias.


Jack Dangermond e Eduardo Francisco

O Brasil teve uma participação importante na Esri UC 2008, com mais de 60 representantes. Petrobras e Copasa (MG) foram agraciadas com o prêmio Special Achievement in GIS Awards, e tivemos muitas sessões, lançamentos e casos brasileiros, como a Unesp, a própria Petrobras, a Imagem e a AES Eletropaulo, esta última com três apresentações.

Sustentabilidade

O GIS for a Sustainable World (GIS para um Mundo Sustentável) teve uma mensagem importante no evento, através do Dr. Peter H. Raven, keynote speaker do evento e presidente do Missouri Botanical Garden. O Dr. Raven apresentou sua visão, depoimento e contribuição no combate ao crescimento desordenado de populações, meio-ambiente alterado, consumo excessivo e mudança climática. Em suas próprias palavras e minha tradução livre, “ferramentas tecnológicas, como o GIS, permitem-nos capturar a compreensão e a solução adequadas para esses problemas. Ajudam-nos em nossos esforços para desenvolver o amor e o interesse para outros povos. Essas ferramentas subsidiam-nos para sairmos da passividade em direção ao engajamento ativo, tão necessário para o desenvolvimento de soluções”.

Independentemente da “opção geotecnológica” de cada um de nós, a participação em uma Esri UC é fundamental para entendermos a dimensão que esse assunto representa e nos orgulharmos de fazermos parte deste mundo.

Eduardo de Rezende FranciscoEduardo De Rezende Francisco
Mestre e doutorando em administração de empresas pela FGV-Eaesp
Bacharel em ciência da computação pelo IME-USP
Atua em GIS, Business Intelligence, pesquisas de mercado e estratégias de marketing na AES Eletropaulo
Consultor em geomarketing, geoestatística e microcrédito
Presidente da Gita Brasil (www.gita.org.br)
eduardo.francisco@aes.com

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