Satélite que fez do Brasil o maior distribuidor de imagens orbitais do mundo, o Cbers-2 deixou de operar. Os últimos sinais foram detectados em 15 de janeiro pelos técnicos brasileiros e chineses. Os dias seguintes foram dedicados a tentar restabelecer a comunicação com o satélite. Como isso não foi possível, a missão do Cbers-2 foi encerrada.
Lançado do Centro de Taiyuan, na China, em 21 de outubro de 2003, o satélite tinha vida útil projetada de dois anos. No entanto, nestes mais de cinco anos superou todas as expectativas ao produzir mais de 175 mil imagens que serviram para monitorar o meio ambiente, avaliar desmatamentos, áreas agrícolas e o desenvolvimento urbano.
A missão de desenvolver e construir satélites no Brasil cabe ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia. Na China, o programa está sob a responsabilidade da Chinese Academy of Space Technology (Cast).
Além do fornecimento gratuito de imagens de satélite, que contribuiu para a popularização do sensoriamento remoto e para o crescimento do mercado de geoinformação brasileiro, o programa Cbers promove a inovação na indústria espacial nacional, gerando empregos em um setor de alta tecnologia fundamental para o crescimento do País.
Substitutos à altura
Desde o lançamento do Cbers-2B, em setembro de 2007, o Brasil vinha contando com dois satélites próprios para vigiar o seu território com melhor capacidade e frequência de observação.
Para garantir o fornecimento ininterrupto de dados aos milhares de usuários conquistados pelo Cbers, o Brasil precisa manter e ampliar seu programa de satélites de observação da Terra. Já estão programados os lançamentos de mais dois satélites, em 2011 e 2014, e já se discute com a China o desenvolvimento de outros dois.
Imagens grátis
O Cbers fez do Brasil o maior distribuidor de imagens de satélite do mundo. Além dos usuários brasileiros, as imagens Cbers são fornecidas gratuitamente para todo e qualquer usuário. Os países da América do Sul que estão na abrangência das antenas de recepção do Inpe em Cuiabá (MT) são os mais beneficiados por essa política. O download gratuito das imagens é feito a partir do site www.obt.inpe.br/catalogo.
Desde junho de 2004, quando as imagens ficaram disponíveis na internet, já foram distribuídas mais de meio milhão de imagens Cbers para cerca de 20 mil usuários de mais de duas mil instituições públicas e privadas, comprovando os benefícios econômicos e sociais da oferta gratuita de dados. Em média, têm sido registrados diariamente 750 downloads.
Na China, após a adoção de uma política similar à brasileira, foram distribuídas mais de 200 mil imagens, sendo o Ministério da Terra e de Recursos Naturais seu principal usuário.
Recentemente, Brasil e China decidiram oferecer gratuitamente as imagens do Cbers para todo o continente africano. A distribuição das imagens vai contribuir para que governos e organizações na África monitorem desastres naturais, desmatamento, ameaças à produção agrícola e riscos à saúde pública.
+Informações
www.cbers.inpe.br