Pesquisadores estão fazendo a mais completa caracterização geográfica e cartográfica das comunidades quilombolas do Brasil para conhecer as situações no território de cada uma delas e levantar subsídios que possam acelerar o processo de reconhecimento, demarcação e titulação.
Um desses estudos está sendo coordenado pelo geógrafo Rafael Sanzio Araújo dos Anjos, da Universidade de Brasília (UnB), com o apoio do CNPq/MCT.
Segundo o pesquisador, é necessário realizar um grande censo nacional para que todas as comunidades quilombolas tenham seu perfil social, econômico e territorial devidamente configurado, pois o desconhecimento das matrizes africanas e da própria geografia africana no Brasil torna a população mais susceptível ao preconceito racial, gerando uma visão estereotipada do afrobrasileiro, que é visto muito mais como um coadjuvante do que protagonista da formação do povo brasileiro.
Cartografia
Mais de 2,3 mil quilombos contemporâneos já fazem parte do mais recente cadastro dos territórios étnicos, mas apenas 5% possuem registro junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Por não estarem devidamente registrados, os quilombos são territórios de risco que, se não forem legalizados pelo sistema oficial, correm o risco de desaparecerem ou se descaracterizarem rapidamente.
O estudo apontou que as maiores ocorrências de quilombolas estão nos estados do Nordeste e do Norte do país. O Nordeste apresenta 60% dos registros, com os quilombolas concentrados na Bahia e no Maranhão. Já a Região Norte detém 25% das comunidades Quilombolas do Brasil, localizados no Pará.
O levantamento cartográfico das comunidades quilombolas é uma das ações do Projeto Geografia Afrobrasileira, desenvolvido pelo Centro de Cartografia Aplicada e Informação Geográfica da UnB (Ciga). A pesquisa pretende contribuir para o conhecimento, a preservação e proteção dos territórios quilombolas, para a ampliação da visibilidade da população de matriz africana.