Após a aprovação em todas as etapas do processo seletivo, o pesquisador Mateus Batistella foi designado recentemente para exercer o cargo de chefe geral da Embrapa Monitoramento por Satélite, com sede em Campinas (SP). Graduado em Ciências Biológicas pela USP e em Filosofia pela PUC-SP, Batistella tem mestrado em Ecologia também pela USP e doutorado em Ciências Ambientais pela Universidade de Indiana (EUA). Na Embrapa, ocupou o cargo de supervisor da área de pesquisa. Como pesquisador, atuou principalmente na aplicação de geotecnologias em estudos sobre uso e cobertura de terras, sustentabilidade da agricultura, segurança dos alimentos e mudanças ambientais, entre outros temas. Também atua como docente na Unicamp, na UFPA e pesquisador visitante na Universidade de Indiana. É ainda membro do Comitê Científico Internacional do Programa de Grande Escala de Biosfera-Atmosfera na Amazônia, vice-presidente da GITA-BR e membro do Comitê Executivo do Capítulo Brasileiro da International Association of Landscape Ecology.
InfoGEO: Como novo chefe geral da Embrapa Monitoramento por Satélite, quais são os principais objetivos do seu plano de gestão?
Mateus Batistella: A proposta de trabalho que apresentei à Embrapa contém estratégias de gestão técnica e administrativa, que estão alinhadas ao Plano Diretor da Unidade e ao Plano Diretor da Embrapa, cujas vigências coincidem com o tempo previsto de mandato do chefe geral (dois anos, com possibilidade de prorrogação por mais dois). O principal objetivo será estabelecer os alicerces de um centro de excelência em pesquisas e inovações geoespaciais para a agricultura. Recentemente a Embrapa Monitoramento por Satélite comemorou 20 anos de existência e celebrou a inauguração de nossa sede, que reúne instalações amplas e modernas. Agora é o momento de darmos um salto de qualidade na produção técnico-científica, atendendo aos desafios da pesquisa nacional e internacional em nossa área de atuação. Serão necessárias várias ações para atingir esse objetivo, incluindo a ampliação e readequação de nosso quadro de funcionários e colaboradores.
IG: Quais os desafios da Embrapa em relação ao quadro funcional?
MB: Vários mecanismos foram propostos em relação a nossos recursos humanos, visando a atração, o desenvolvimento e a retenção de talentos. A Embrapa acaba de lançar um edital para a realização de concurso com vagas em praticamente todas as áreas e Unidades da empresa. No caso da Embrapa Monitoramento por Satélite, temos o potencial de aumentar nosso quadro funcional em pelo menos 50% nos próximos dois anos. Além da contratação através de concurso, já estamos trabalhando em transferências de outras Unidades e em formas de atrair profissionais, como bolsistas, estagiários, pesquisadores visitantes e especialistas. As áreas administrativa e de comunicação e negócios também serão reestruturadas. A atuação desses colaboradores estará vinculada ao desenvolvimento de uma plataforma de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I). A qualificação profissional será o outro componente dessa estratégia. Além do programa de pós-graduação da Embrapa, incentivaremos a participação dos colaboradores em treinamentos de curta duração, preenchendo lacunas de competência em áreas relacionadas à missão da Unidade.
IG: Com as obras do PAC, pré-sal, Copa e Olimpíadas, o Brasil se tornará um imenso canteiro de obras nos próximos anos. Como a Embrapa pretende atuar no monitoramento desses empreendimentos?
MB: Temos acompanhado de perto as oportunidades de crescimento no Brasil. No caso do PAC, a Embrapa Monitoramento por Satélite já executa o projeto “Monitoramento por satélite das obras do PAC e de seus impactos”. Os sistemas e resultados desse projeto atendem demandas da Presidência da República, através da Casa Civil e do Gabinete de Segurança Institucional. No caso do pré-sal, participamos de um projeto temático aprovado recentemente pela Fapesp e liderado pela Unicamp, que estudará as vulnerabilidades em áreas rurais e urbanas no litoral do Estado de São Paulo, relacionadas a empreendimentos previstos para a exploração do pré-sal. Nos próximos anos, daremos prioridade a projetos com interface em agricultura e ambiente, focos de pesquisa da Unidade.
IG: Quais são as contribuições das geotecnologias para o desenvolvimento sustentável do país? O Brasil está pronto para crescer de forma sustentável?
MB: O conhecimento do espaço e do território é a base para a promoção do desenvolvimento, não apenas no sentido de somar riquezas, mas também de distribuí-las, minimizando possíveis impactos ambientais e sociais resultantes da atividade humana. No Brasil, graças ao esforço conjunto de instituições de pesquisa e ensino, a tecnologia necessária para implantação de sistemas sensores orbitais tem evoluído rapidamente. Metodologias eficientes para extração de informações derivadas desses produtos também têm sido desenvolvidas e aprimoradas. Esses projetos são elaborados em diversas escalas e níveis de análise, a partir dos dados obtidos por instrumentos sensores específicos, apropriados aos temas e objetivos da aplicação. Atenta a essas tendências, a Embrapa Monitoramento por Satélite deve investir em um salto tecnológico rumo a um futuro onde a ciência da informação geográfica e a tecnologia geoespacial serão cada vez mais presentes na gestão da agricultura. O tema transversal de atuação da Unidade revela muitas oportunidades nesse ambiente plural, interdisciplinar e transdisciplinar.