O ano é 2010, e mais uma vez cumpriremos com nosso dever cívico de eleger representantes à presidência, governos estaduais, senado e câmara.
Logo se iniciam as campanhas com carreatas, comícios, propagandas em rádio e TV, e neste período as assessorias dos candidatos estão em fase de planejamento, que incluem avaliação dos candidatos e dos concorrentes, além da identificação das regiões onde exista preferência, através das pesquisas eleitorais e resultados das eleições passadas.
Neste cenário, o geomarketing oferece inúmeras possibilidades para criar uma estratégia de campanha, utilizando o espaço geográfico como instrumento de planejamento.
Para desenvolver um projeto de geomarketing que ofereça subsídios aos candidatos nas eleições é necessário reunir no mínimo quatro grandes grupos de dados:
• Resultado das eleições passadas – fornecem o total de votos por candidato e partido, distribuídos geograficamente por local de votação, município, estados e outros níveis de agregação espacial;
• Eleitores – fornecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com o total de eleitores por município;
• Pesquisas de intenção de voto – as mais conhecidas pelo público em geral, sempre exibidas nos noticiários: Datafolha, Vox Populi, Ibope, etc.. Além de exibir o desempenho geral do candidato ao longo da campanha, mostram também a intenção de voto dividido por grupos socioeconômicos e por grandes regiões geográficas;
• Dados socioeconômicos – os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) fornecem o raio-x das condições socioeconômicas, domiciliares, condição de emprego, saúde e outros indicadores.
Através de um Sistema de Informações Geográficas (SIG), os dados são reunidos e preparados para atender alguns objetivos. Neste artigo, foram reunidos objetivos gerais que foram desenvolvidos para uma consultoria específica, e podem variar muito para cada candidato e partido:
• Definir e localizar o perfil do eleitorado – cruzando os dados socioeconômicos do IBGE e total de eleitores do TSE de maneira analítica, pode-se criar índices de “eleitores em potencial”, mapeados em nível intra-municipal, municipal, etc.;
• Ranking de resultados de pesquisa – através dos dados da eleições passadas, fornecidos pelo TSE, é possível criar territórios onde a candidatura é “aceita” ou não. Esta informação pode se reforçar quando comparada ao candidato concorrente.
Mapeados os “eleitores-alvo” e territórios com bom ou mau desempenho em eleições passadas, já é possível traçar um planejamento da campanha, respondendo perguntas: “Por onde e como começo?”, “Nesta cidade, qual discurso se encaixa melhor?”, “Quais regiões carecem de emprego, saúde, educação?”, “Na cidade onde perdi as eleições, qual a melhor maneira de conquistar votos?”.
Ao longo da campanha, o uso dos dados de intenção de votos consolidam em quais regiões o candidato precisa realizar sua promoção. Por exemplo, na Eleição de 2006, o candidato obteve maioria dos votos em uma determinada cidade ou região, porém na campanha atual ele está em desvantagem perante ao concorrente. Então o candidato deve focar seus esforços nesta região e reconquistar seu eleitorado.
Neste artigo foram colocadas apenas algumas possibilidades de utilização do geomarketing para subsidiar campanhas eleitorais. Ainda há muito a explorar, especialmente no quesito das análises que utilizam as ferramentas de estatística e estatística espacial, que podem auxiliar no desenvolvimento de índices específicos para atender a estas demandas.
Fabiano Cucolo
Consultor de geoprocessamento, professor de geomarketing no MBA da ESIC, geógrafo e mestre em geociências pela Unesp Rio Claro, doutorando em geografia pela USP
ffcucolo@gmail.com