Satisfação plena: GIS na modernização da Companhia de Saneamento Águas e Esgotos do Piauí
As empresas de saneamento passam por constantes modificações em sua estrutura. Os serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário e a demanda de clientes são muito grandes e necessitam ser gerenciados, e o principal desafio dessas empresas é a satisfação plena dos seus clientes com os serviços prestados, juntamente com a racionalização do uso da água. Para isso, torna-se imprescindível a integração das diversas áreas da companhia.
Apesar das ações realizadas pelos setores de planejamento, gestão comercial e desenvolvimento institucional para manterem atualizadas, continuamente, as informações comerciais, a Águas e Esgotos do Piauí S. A. (Agespisa) tem dificuldades devido ao quadro reduzido de cadastradores que atendam à demanda dos serviços, além da falta de interação departamental, refletindo negativamente na otimização do faturamento e na cobrança dos serviços prestados.
No estágio atual das gestões públicas, a localização é primordial para qualquer planejamento e, aliado aos Sistemas de Informação Geográfica (SIG), permite agregar dados geográficos e atributos descritivos num mesmo banco de dados. Visando a melhoria da qualidade dos serviços, os SIGs têm sido incorporados por empresas de vários setores como segurança pública, planejamento territorial, geomarketing, redes de saneamento, energia e telefonia (utilities), transportes, agricultura, meio ambiente, entre outros.
SIG na Agespisa
A implantação do SIG na Agespisa é um marco inicial para a modernização da área comercial, uma vez que é a base para o funcionamento e arrecadação de toda a Companhia, além de oferecer subsídios para os demais setores. Apresenta-se como uma ferramenta para melhoria da qualidade do atendimento ao público, controle do desperdício de água e otimização das atividades internas da empresa.
Com a tecnologia SIG permite-se, dentre outras ações, uma macrovisão da distribuição de toda rede de abastecimento de água e esgoto, detecção de falhas na cartografia, localização dos maiores consumidores e seus dados cadastrais, áreas de maior arrecadação, clientes inadimplentes, ligações cortadas, ligadas e suprimidas, dentre outras. Além de melhorar a disponibilidade de acesso aos dados pelos departamentos da empresa, armazenados no banco de dados geográfico, repercutindo positivamente na execução, planejamento operacional, manutenção e atualização das informações em curto espaço de tempo e uso/distribuição de um bem público e finito como a água.
O presente trabalho contempla o setor 46 do Distrito Operacional Jockey, zona leste em Teresina (PI), onde estão localizados dois dos bairros da “zona nobre” da cidade (Bairro de Fátima e Jockey Club), por sua importância comercial e operacional, além de ser uma área bem equipada com as redes de água e esgoto e, por isso, forneceu um maior número de dados.
Para a implantação do sistema foram necessários o levantamento dos dados e exportação da base cartográfica e ortofotos, cenas 1H1 e 1H3/2001 escala 1:5.000, de meio CAD para o ambiente SIG. Após o georreferenciamento das mesmas, realizou-se a validação dos dados gráficos importantes para detecção e correção de erros de conectividade e duplicidade nas geometrias. Em seguida iniciou-se a digitalização dos dados vetoriais (eixo de rua e logradouro, lotes, redes e geocodificação dos dados cadastrais) utilizando o acervo de plantas analógicas da Agespisa.
As etapas seguintes, fundamentais para o funcionamento do SIG, constaram da modelagem dos dados para que fosse possível o acesso simultâneo ao Banco Comercial DB2, já existente na empresa, e ao Banco de Dados SQL Server, e a migração dos mesmos para o Banco de Dados Geográfico, o qual permitiu o cruzamento das informações entre eles.
Por último, e extração de resultados que possibilitou e geração de tabelas, gráficos e relatórios de acordo com as demandas. Na realização desse trabalho foi utilizado o software Geomedia Professional versão 6.0 da Intergraph.
Dentre outros resultados, foi possível extrair mapas temáticos da situação da ligação, clientes inadimplentes, rede de água e fonte de abastecimento. Como mostra o mapa temático, do total de 1.866 clientes do setor, somente 8 possuem água cortada e 149 suprimida parcialmente. No mapa tem-se a distribuição da rede de água no setor 46. O sistema também gera automaticamente tabelas quando se constrói um mapa temático, neste caso, em relação ao abastecimento de água, com todas as informações do cliente inclusive o problema existente, o que facilita para o cadastrador no momento da autuação.
As informações fornecidas pelos mapas facilitaram a análise gráfica e alfanumérica em poucos minutos, promovendo ações efetivas e pontuais nas áreas problemáticas. Como se trata de um sistema dinâmico, é claro que, à medida que novas informações forem surgindo, o sistema gerará novos resultados.
A Agespisa é uma das poucas empresas de saneamento do Nordeste a adotar essa tecnologia, que tem se mostrado eficaz nas ações realizadas na empresa, eficiência esta confirmada por outras companhias com base em trabalhos científicos da área.
Tão importante quanto a modernização é o comprometimento e atuação sistemática dos funcionários em manter a contínua atualização das informações, evitando a perda de investimentos. Este processo é dinâmico, requer tempo e deve envolver todas as instâncias da empresa, além de dedicação por parte dos gestores na qualificação e manutenção do investimento humano. Só assim, a empresa terá condição de cobrar efetivamente, de todos os seus clientes, os serviços que lhes são prestados.
Tecnóloga em geoprocessamento, especialista em gerenciamento de recursos ambientais
elainecris_sr@yahoo.com.br
Valdira de Caldas Brito Vieira
Engenheira agrônoma, msc. em agronomia e dra. em agronomia
valdirabrito@hotmail.com
Tecnólogo em processamento de dados, msc. em ciência da computação e doutorando em computação aplicada
eduilson@hotmail.com