Depois de uma série de explosões nos bueiros do Rio de Janeiro, quase nenhuma solução efetiva para o caso foi apresentada. Enquanto isso, alguns setores começam a se mobilizar e propor que suas ferramentas sejam aplicadas como solução. Um exemplo é o geoprocessamento.
Mapeamento de subsolo
Recentemente, o tema mapeamento subterrâneo foi apontado como uma das soluções para os problemas dos bueiros. Na própria cidade do Rio de Janeiro há um projeto de cartografia do subsolo, que está sendo desenvolvido pelo Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos (IPP). De acordo com Luiz Roberto Arueira, engenheiro civil do IPP, esse tipo de levantamento irá auxiliar projetos de intervenção urbana a longo e curto prazo. “O mapeamento do subsolo irá ajudar o planejamento das obras e intervenções, permitirá às diversas concessionárias de serviços públicos e à prefeitura o conhecimento da localização das redes existentes e isto contribuirá para diminuir os riscos de acidentes durante as obras e intervenções, e também durante o fornecimento rotineiro dos diversos serviços”, explica.
A primeira área contemplada pelo projeto será a Região Administrativa do Centro. “Nesta primeira fase do projeto, participam as maiores concessionárias de serviços públicos, aquelas que têm as maiores redes no subsolo. No futuro, a prefeitura irá editar um instrumento legal que tornará obrigatória a entrega do cadastro das redes de todas as concessionárias que atuam em nossa cidade”, diz Arueira.
Geovias
Uma reunião, em abril deste ano – antes de iniciarem as explosões de bueiros no Rio de Janeiro-, no IPP, marcou o início de um projeto que dará à cidade o primeiro sistema de mapeamento do subsolo urbano integrado no Brasil. O Sistema de Gestão de Obras em Vias Públicas (Geovias) vai reunir informações sobre as redes subterrâneas da cidade, incluindo tubulações de distribuição de água potável, sistema de esgotos e rede de energia elétrica. Além disso, o Geovias unificará os cadastros das principais empresas que produzem obras de infraestrutura na cidade.
O sistema será baseado na união dos registros das concessionárias CEG, Light, Oi e Cedae . Além do IPP, o grupo de trabalho também inclui a Secretaria Municipal de Conservação, RioÁguas e Secretaria Municipal de Obras. A empresa de engenharia Nip do Brasil, que pertence ao grupo espanhol Nipsa, está executando o projeto.
A partir da atualização periódica dos dados, que ficarão disponíveis na internet, o sistema vai permitir intervenções mais eficazes no subsolo urbano, com a redução dos riscos para os trabalhadores e de acidentes nas estruturas já existentes. Também vai possibilitar uma gestão mais ágil das obras, já que vai aumentar a rapidez em licenciamentos e viabilizar a atuação conjunta entre concessionárias, reduzindo o número de obras.
Intercâmbio
Com orçamento de 2 milhões de reais, o projeto Geovias foi possibilitado por um intercâmbio técnico entre Rio de Janeiro e Barcelona, onde desde 1990 funciona um sistema de mapeamento semelhante, criado para as Olimpíadas de 92.
O acesso ao Geovias será feito pela web em três ambientes distintos: gerenciamento, concessionária e público. Dessa forma, haverá diferentes formas de visualização e disponibilização de informações, de acordo com o perfil de quem consultar. O Geovias contará também com o auxílio de câmeras espalhadas pela cidade para registrar o estágio das intervenções no espaço urbano.
Com a colaboração de Viviane Prestes e Eduardo Freitas