Duas empresas de tecnologia do pólo de São Carlos (SP) possuem projetos e equipamentos que podem contribuir em dois aspectos relacionados ao acidente que resultou no derramamento de óleo no mar na região da Bacia de Campos (RJ). Um dos projetos auxiliaria na detecção de vazamentos em zonas profundas do oceano. Já o outro equipamento poderia ser utilizado para dar maior agilidade e diminuir custos nas operações para mapear a extensão da mancha de óleo no mar. O segundo diz respeito à um Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT).
VANT no mapeamento de danos ambientais
Os produtos desenvolvidos pela AGX Tecnologia, em parceria com o Instituto Nacional de Sistemas Embarcados Críticos (INCT-SEC) do Instituto de Ciências Matemáticas e da Computação (ICMC) da USP São Carlos, poderiam atuar em várias frentes em relação ao mapeamento do óleo que vazou na Bacia de Campos.
Segundo o diretor-presidente da AGX Tecnologia, Adriano Kancelkis, “há várias opções de Vants com diferentes autonomias de voo e que poderiam se encaixar em diferentes missões, desde a detecção da área da mancha de óleo no oceano e sua evolução com grande precisão, até o rastreamento e identificação de quais praias do litoral estariam potencialmente com risco de serem afetadas pelo óleo, que acaba chegando a elas através das correntes marítimas, gerando danos ambientais e para as populações litorâneas”.
Ele lembra que os Vants, todos desenvolvidos em tecnologia 100% nacional, possuem outras vantagens no mapeamento desse tipo de desastre. “Os satélites que fotografam a mancha, por exemplo, ficam limitados em relação à presença de nuvens na região. Os Vants não sofrem com isso, pois voam abaixo das nuvens. Outra diferença é em relação ao custo operacional e humano. Operar um avião não tripulado numa situação dessa, invés de um helicóptero quando o satélite fica impossibilitado, custa dez vezes menos, além de não expor a riscos à tripulação, uma vez que estes aviões-robôs não sofrem com desgaste e fadiga”, analisa o diretor da AGX. “Lembro que durante a tragédia das chuvas na região serrana do Rio no início do ano houve a perda de um helicóptero Super Puma que auxiliava nas operações de resgate e salvamento. Felizmente não houve nada fatal naquela queda da aeronave”, completa o empresário.
A AGX já possui desde o primeiro semestre uma parceria com a Polícia Militar Ambiental do Estado de São Paulo, que utiliza Vants modelo Tiriba para a detecção de diversos tipos de crimes ambientais. Kancelkis revela que em caso de interesse dos governos Federal e Estaduais (RJ e SP), poderia ceder um aparelho e equipe técnica para auxiliar nas questões referentes ao meio ambiente envolvidas do incidente. “No episódio trágico na região serrana do Rio também oferecemos ajuda, mas não fomos contatados pelo poder público na ocasião”, relembra Adriano.
VANT foi assunto de seminário em São Paulo
Para debater e apresentar ao público esta tecnologia que ganha cada vez mais espaço no mercado brasileiro, o MundoGEO realizou no dia 27 de outubro o seminário “Soluções em Imagens da Terra para Uso Corporativo”, onde foram conhecidos os novos sensores em satélites, aviões e VANTs e as aplicações das imagens óticas, laser e radar.
Com 164 participantes e 16 palestrantes e debatedores, o destaque desse evento foi a primeira sessão do dia – “Qual o sensor ideal?”-, no formato “Roda Viva”, na qual um convidado especial ficou sentado em uma cadeira giratória no meio do auditório, para responder a perguntas feitas por especialistas.
Além disso, os VANTs foram tema de uma sessão, que teve transmissão via webinar e contou com a participação de 286 pessoas. A palestra “A invasão dos VANTs promete revolucionar o mercado” abordou o uso desse tipo de veículo na realidade brasileira, demonstrando tendências e trazendo especialistas para debater com o público a importância crescente deste tipo de tecnologia.
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