Os dados obtidos por sondas lançadas na útlima sexta-feira (24/8) pela NASA devem aperfeiçoar os estudos sobre a Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS), fenômeno da ionosfera localizado acima da região Sudeste capaz de provocar danos a satélites.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mantém parceria com a agência espacial americana em estudos de clima espacial e, a partir de novembro, será responsável pela aquisição de dados da missão Radiation Belt Storm Probes (RBSP), composta pelas duas sondas que irão monitorar o Cinturão de Van Allen, assim chamado em homenagem ao cientista que descobriu na década de 1950 esse campo magnético ao redor do planeta.
Para estudar as ondas eletromagnéticas e o cinturão de radiação, composto por duas faixas – uma localizada entre 2200 e 5000 quilômetros e outra, entre 13000 e 55000 quilômetros da superfície da Terra – as duas sondas da missão RBSP serão posicionadas em órbita equatorial em faixa entre 500 quilômetros a até quase 40 mil quilômetros de altura. Após o período de calibração dos sensores, os dados começarão a ser transmitidos regularmente às estações terrestres, entre elas a do Inpe, situada em Alcântara (MA).
Durante pelo menos dois anos, cientistas do mundo inteiro terão acesso às informações que permitirão, pela primeira vez, um monitoramento mais completo da AMAS e do fenômeno de precipitação de partículas elétricas que atinge a região.
“Estas sondas possuem sensores e instrumentos muito avançados. A missão permitirá a aquisição de informações mais precisas para monitorar o efeito das partículas elétricas do Cinturão de Van Allen na região da anomalia. Para ter ideia das consequências do fenômeno, o satélite que passa nessa região precisa ter alguns equipamentos desligados para evitar problemas no seu funcionamento”, explica Walter D. González, pesquisador da Divisão de Geofísica Espacial do Inpe.
Em setembro, o Inpe receberá o líder da missão RBSP, David Sibeck, para discutir resultados de estudos sobre clima espacial e os impactos da AMAS e sua relação com as tempestades geomagnéticas, causadas pela emissão de partículas muito energéticas e campos magnéticos muito intensos emitidos pelo Sol que atravessam o meio interplanetário e interagem com o campo geomagnético da Terra.
Clima Espacial
O Inpe mantém o Programa de Estudo e Monitoramento Brasileiro do Clima Espacial (Embrace) para avaliar fenômenos que afetam o meio entre o Sol e a Terra, bem como o espaço em torno da Terra.
Fenômenos solares são capazes de causar interferências em sistemas como o GPS, além da possibilidade de induzir correntes elétricas em transformadores de linhas de transmissão de energia e afetar a proteção de dutos para transporte de óleo e gás. Esses fenômenos são particularmente mais intensos no ambiente espacial brasileiro, devido à grande extensão territorial do país, distribuída ao norte e ao sul do equador geomagnético, à declinação geomagnética máxima e à presença da Anomalia Magnética do Atlântico Sul.
O Instituto oferece informação em tempo real, na internet, e realiza previsões sobre o sistema Sol-Terra para diagnósticos de seus efeitos sobre diferentes sistemas tecnológicos, em áreas como navegação e posicionamento por satélite (aeronaves, embarcações, plataformas petrolíferas, agricultura de precisão), comunicação (satélites geoestacionários, aeronaves), distribuição de energia (linhas de transmissão, dutos de distribuição de gás natural e petróleo), além dos sistemas de defesa nacional.
Por meio de estudos sobre os processos eletrodinâmicos da ionosfera equatorial e de baixas latitudes, os pesquisadores do Inpe monitoram parâmetros físicos como características do Sol, do espaço interplanetário, da magnetosfera, ionosfera e da mesosfera.
Fonte: Inpe