Pela primeira vez, o United States Geological Survey (USGS), órgão do governo americano vinculado à NASA, concede seu prêmio anual “William T. Pecora” a um cientista de fora dos Estados Unidos. O brasileiro Gilberto Câmara, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), recebe a honraria nesta quinta-feira (22/11) às 19 horas no Mabu Thermas & Resort, em Foz do Iguaçu (PR), durante evento do Group on Earth Observations (GEO).
Junto à equipe do Inpe, Gilberto Câmara se destacou por defender que dados orbitais de média resolução devem ser oferecidos gratuitamente aos usuários. O uso de dados de satélites de observação da Terra é uma ferramenta importante para o desenvolvimento econômico sustentável e garante benefícios para a sociedade em áreas como agricultura, biodiversidade, clima, ecossistemas, energia, saúde, desastres naturais e recursos hídricos.
O Brasil, por meio do Inpe, foi o primeiro no mundo a adotar uma política de dados livres – em 2004, quando as imagens do satélite sino-brasileiro Cbers foram disponibilizadas na internet. Outros países, como os Estados Unidos, seguiram o exemplo brasileiro.
O USGS é responsável pela recepção e disseminação de imagens de satélites de sensoriamento remoto nos Estados Unidos. O William T. Pecora Award é um reconhecimento a cientistas ou grupos que fizeram contribuições de destaque ao uso de satélites de observação da Terra para melhor conhecimento de nosso planeta.
O prêmio tem sido concedido desde 1974 em memória de William T. Pecora, diretor do USGS de 1965 a 1971 e responsável pelo Programa Landsat, cujos satélites registram as transformações do ambiente terrestre há quatro décadas. No Brasil, a distribuição de dados dos satélites Landsat é feita desde 1973 pelo Inpe, que possui um dos acervos de imagens mais antigos do mundo para registro das mudanças ambientais, urbanas e hídricas ocorridas no país.
Plenária do GEO
A construção de um sistema global que ofereça e transforme em informação vital para a sociedade os dados obtidos por satélites, entre outras tecnologias de observação da Terra, é um dos objetivos do GEO, organização intergovernamental sediada em Genebra, Suíça, que conta com 88 países, a Comissão Europeia e 61 organismos internacionais como Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e Organização Meteorológica Mundial.
Realizada pela primeira vez no Brasil, a Plenária do GEO reúne cerca de 350 representantes de vários países e instituições durante os dias 22 e 23 de novembro no Mabu Thermas & Resort, em Foz do Iguaçu (PR).
Participam da Plenária o diretor do INPE, Leonel Perondi; o ministro Fabio Pitaluga, chefe da Divisão do Mar, da Antártida e do Espaço do Itamaraty e líder da delegação brasileira no evento; o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, subsecretário-geral de Meio Ambiente, Energia, Ciência e Tecnologia, representando o ministro Antônio Patriota; o diretor de Política Espacial e Investimentos Estratégicos da Agência Espacial Brasileira (AEB), Petrônio Noronha de Souza; autoridades dos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), do Meio Ambiente (MMA), das Relações Exteriores (MRE), entre outros representantes de instituições brasileiras e internacionais.
Entrevista
Durante o evento MundoGEO#Connect LatinAmerica 2012, que aconteceu em São Paulo (SP) de 29 a 31 de maio, a equipe MundoGEO conversou com Gilberto Câmara. Na entrevista, ele falou sobre os desafios que o Inpe enfrentou durante a sua gestão. O ex-diretor faz uma crítica ao sistema de gestão pública no Brasil, apontando que o país não distribui eficientemente os recursos para o setor. “Outros países gastam, em proporção ao PIB, aproximadamente duas ou três vezes mais do que se gasta no Brasil, em recursos”, afirma ele.
Veja a entrevista completa no canal MundoGEO do YouTube, ou a seguir:
Com informações da Assessoria de Comunicação do Inpe